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Capital

"Qualquer um ficaria chocado", diz mulher que socorreu menino torturado

Nadyenka Castro e Paula Maciulevicius | 20/05/2013 16:12
Local onde criança vivia. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Local onde criança vivia. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Primeiro de fevereiro de 2013. Era para ser mais uma simples tarde na vida de uma mulher de 43 anos. Mas, a reação dela diante do que viu enquanto comia chipa no portão da casa da mãe, no bairro Nova Lima, em Campo Grande, mudou a vida de uma família, e, principalmente, a deu de volta a um menino de, na época, seis anos. Ela é uma das testemunhas a serem ouvidas pela Justiça sobre o caso do menino que era torturado pelos tios.

“Qualquer um ia ficar chocado”, resume a mulher, que teve sensibilidade para ver que a criança que passava na rua com toca na cabeça, sacola nas mãos e olhava para o salgado, queria bem mais que o alimento.

A mulher chamou o menino e perguntou se ele queria chipa e ele respondeu que sim. Durante o rápido diálogo, ela observou machucados nele e o chamou para dentro de casa.

Enquanto o pequeno se alimentava, ela viu que ele tinha cicatrizes antigas e marcas recentes, que a toca escondia hematomas na cabeça, cortes nas orelhas e que os pulsos estavam inchados e as unhas picotadas.

A primeira justificativa dele para a situação é de que ele havia caído de árvore. “Aí eu disse que se fosse isso não ia ficar daquele jeito, e ele então contou que dormia com o cachorro, que não deixavam ele comer e que estava com pulsos inchados porque foram amarrados”, lembra a testemunha que não pode ser identificada.

Ao perguntar para onde ele estava indo, ele disse inicialmente que ia para a casa da avó, mas depois começou a chorar e a contar sobre a difícil situação dele. “O meu tio é o mais ou menos bonzinho. Mas ele sabe que ela [tia] bate”, disse o pequeno à desconhecida, que resume. “Era muito difícil ninguém ter visto aquilo tudo”.

A mulher então chamou a Depca (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), que prendeu o casal. Enquanto os tios foram para a cadeia, a criança foi para um abrigo e ficou sob cuidados médicos. Dias depois, a mãe chegou à Capital, o pequeno se recuperou rapidamente e eles voltaram para o Mato Grosso. O garoto estava com os tios fazia oito meses, segundo a mãe.

Defesa – Advogado da tia e madrinha do menino, Marcos Ivan da Silva, disse que a cliente dele confessa as agressões, nega que ele ficasse no canil e fala que o sobrinho era “uma criança de índole muito má”.

Marcos Ivan lembra que a audiência da tarde desta segunda-feira é a primeira sobre o caso e que irá tentar esclarecer “o que aconteceu e a dosagem de culpa de cada um, para que não fique todo mundo com uma conduta só”.

O advogado do tio do menino, Selmen Dalloul, declarou que a estratégia dele “é a verdade” e que pediu a revogação da prisão preventiva do cliente.

“O padrinho da criança não tem culpa”, afirma Selmen, justificando que o acusado trabalhava das 6h às 19 horas e que quando chegava em casa e via o afilhado machucado, a esposava falava que era resultado de brincadeiras na rua.

Um rapaz que morava nos fundos da residência do casal também será ouvido pela Justiça e falou que o vizinho era amoroso e dizia que sonhava em ter filhos.

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