ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 24º

Capital

"Somos julgadas, mas não fomos condenadas", diz acusada de aliciar

Fernanda Mathias e Mara Riveiros | 05/07/2016 10:20
Mulheres negam aliciamento de adolescentes para programas; elas cumprirão prisão preventiva em regime domiciliar (Foto:Alcides Neto)
Mulheres negam aliciamento de adolescentes para programas; elas cumprirão prisão preventiva em regime domiciliar (Foto:Alcides Neto)

Apontadas como aliciadoras de rede de prostituição que usava adolescentes para manter relações sexuais e extorquir políticos e empresários em Campo Grande, Mônica Matos de Souza, 37 anos, e Jorsiane Soares Correia, 26 anos, presas na manhã desta terça-feira (5), alegaram inocência e reclamaram do que consideram julgamento da sociedade, antes mesmo da sentença judicial.

“Estamos sendo julgadas, mas não estamos condenadas”, disse Mônica. “Estão julgando a gente sem saber”, emendou Jorsiane.

Ambas cumprirão prisão preventiva em regime domiciliar. Mônica está grávida de cinco meses e Jorsiane tem um bebê de um mês.

As prisões ocorreram na região das Moreninhas e integram a Operação Anilhas, desencadeada pela DPCA no mês passado (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) com objetivo de cumprir mandados pendentes relacionados a crimes de estupro de vulneráveis.

Mônica alegou que não conhece as vítimas apontadas no processo e reforçou que nas audiências seu advogado vem reforçando que não há evidências contra ela. Ela conta que há muitos anos conhece Rosedélia Alves Soares, 41 anos, mãe de Jorsiane, que é apontada como mentora dos aliciamentos e está foragida.

“Desde que eu era diarista”, disse. Mônica afirmou, ainda, que é servidora pública estadual concursada, também vende produtos de beleza e aos fins de semana faz diárias em um pensionado.

Jorsiane, que é mãe de quatro filhos, conta que conheceu uma das vítimas, de 21 anos, porque ela trabalhava como babá de suas crianças. A moça teria a acusado de aliciamento para programa sexual, mas ela nega o crime.

O delegado titular da DPCA, Paulo Sérgio Lauretto, lembrou que as investigações levaram às três mulheres após delação premiada de Fabiano Otero, apontado como o mentor de todo o esquema.
Otero foi condenado a 11 anos e 11 meses de prisão e recorreu da sentença. Também foi denunciado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) o empresário José Carlos Lopes, acusado de estupro de vulnerável, por ter supostamente mantido relação sexual com menor de 14 anos, agenciada pelas três mulheres.

O processo é o desdobramento de um outro caso que começou a ser investigado pela DPCA em 2015, a partir do registro de ocorrência de desaparecimento de uma adolescente de Coxim. No meio da investigação a polícia foi procurada pelo ex-vereador Alceu Bueno, que denunciou estar sendo extorquido depois de se envolver sexualmente com adolescentes que faziam programas.

A tentativa de extorsão foi confirmada e a partir da prisão dos acusados, o ex-vereador Robson Martins e o empresário Luciano Pageu, as investigações seguiram para a descoberta de uma rede de exploração sexual de menores e adolescentes, idealizada por Fabiano Otero. O caso foi assumido pelo Gaeco e ganhou repercussão nacional, por causa do envolvimento de políticos com a rede de exploração sexual.

Nos siga no Google Notícias