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Capital

Adolescente que feriu agente e fugiu de unidade seria solto nesta 5ª feira

Aline dos Santos e Nadyenka Castro | 12/04/2012 09:59

Ele escapou pelo telhado, burlando as grades e a cerca elétrica do sobrado

Unidade de semiliberdade fica localizada no bairro Sílvia Regina. (Foto: Minamar Júnior).
Unidade de semiliberdade fica localizada no bairro Sílvia Regina. (Foto: Minamar Júnior).

O adolescente de 16 anos que fugiu após ferir um agente na unidade educacional de semiliberdade Tuiuiú, em Campo Grande, já tinha alvará de soltura expedido e deixaria o local nesta quinta-feira pela porta da frente.

Contudo, horas depois de ser flagrado fumando maconha com outros colegas, agrediu o inspetor educacional Delmário Guimarães de Araújo, e fugiu pelo telhado, burlando as grades e a cerca elétrica do sobrado, no bairro Sílvia Regina.

A agressão foi por volta das 21h. Após a atividade religiosa, os agentes estranharam o silêncio e fizeram a ronda de rotina. Ao entrar no alojamento, o agente foi agredido com um pedaço de madeira que o adolescente retirou da cabeceira da cama.

Ele sofreu um corte na testa e ferimento no braço. O agente é inspetor educacional há 10 anos. Delmário foi levado pelo Corpo de Bombeiros ao Prontomed e já teve alta.

De acordo com os outros funcionários, o alojamento tinha cheiro de entorpecente. Após a agressão, o rapaz passou por um buraco na laje, fugindo pelos telhados dos imóveis vizinhos. O adolescente estava sozinho no alojamento, pois os outros três colegas de quarto estavam na escola.

De acordo com o diretor Ataliba Ferreira Júnior, o rapaz já sabia que seria solto em breve e sempre questionava quando deixaria a unidade de semiliberdade. “Acho que ficou com medo do flagrante e fez isso”, avalia o diretor. O alvará de soltura chegou ontem à noite. Conforme os agentes, o ataque foi de repente, quando a maioria das luzes da casa já estava apagada.

O agressor se tornou um adolescente infrator aos 11 anos, quando esfaqueou um colega de escola. Ele foi internado devido à tentativa de homicídio. Em 2010, fugiu da unidade educacional de semiliberdade. Com ordem da Justiça, ele se reapresentou e voltou para o semiaberto. Na unidade, ele não tinha mau comportamento. Calado, preferia ficar afastados dos outros internos. Nos últimos tempos, vivia perguntando quando iria sair.

Agora, o juiz será informado da agressão e fuga, o que deve levar à revogação do alvará de soltura. Da confusão ocorrida na noite de ontem, sobraram marcas de sangue pelo piso e calçada do imóvel, que eram lavadas na manhã de hoje por dois adolescentes.

A unidade educacional de semiliberdade tem 12 adolescentes, sendo a capacidade para 14 pessoas. O local já chegou a ter 16 internos. Ao dar entrada na unidade, eles são matriculados automaticamente na escola. Em outra frente, a direção e familiares buscam oportunidade de emprego para os rapazes.

O semiaberto recebe os adolescentes em três situações: quando o juiz avalia que a internação e regime fechado é desnecessária, como medida de progressão de pena ou regressão quando o adolescente que está em liberdade assistida descumpre alguma norma.

“Temos que estar sempre controlando”, afirma o diretor Ataliba Ferreira Júnior. (Foto: Minamar Júnior)
“Temos que estar sempre controlando”, afirma o diretor Ataliba Ferreira Júnior. (Foto: Minamar Júnior)

Na primeira quinzena de internação, eles podem receber visitas da família. Depois desse período, os adolescentes vão para a casa aos fins de semana. Assistentes sociais acompanham o comportamento dos menores de idade na escola e também no ambiente familiar.

“Temos que estar sempre controlando”, afirma o diretor. Ele relata que a maioria dos adolescentes tem baixa escolaridade e não tinha limites dentro de casa. “É uma idade complicada. Eles não querem cumprir regras”, afirma.

Reclamações - No entorno da unidade, no bairro Silvia Regina, os moradores afirmam que se sentem incomodados, contudo, até ontem, não tinha acontecido nenhum fato de gravidade.

“Até ontem era calmo. A gente sabe que a presença deles é arriscada. Acho que não deveria ter, por ser um bairro de família”, afirma o aposentado José de Lima, de 61 anos.

A estudante Aline dos Santos, de 23 anos, conta que assinou o abaixo-assinado para que a unidade saia do bairro. “Eles sabem a rotina dos moradores e podem passar para outras pessoas”, relata. Outra reclamação da jovem é que eles ficam na sacada do prédio, mexendo com os pedestres.

O aposentado José Garcia, de 84 anos, também questiona a unidade educacional na vizinhança. “Os meninos não interferem na minha vida. Mas isso aqui é um bairro familiar”, afirma.

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