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Capital

Adolescente que matou irmão era amado por eles, definem parentes e amigos

Francisco Júnior e Mariana Lopes | 09/04/2012 18:08

Adolescente está apreendido na Unei Dom Bosco, em Campo Grande

Casa onde aconteceu o crime. (Foto: Marlon Ganassin)
Casa onde aconteceu o crime. (Foto: Marlon Ganassin)

Familiares e amigos ainda tentam entender a motivação para o assassinato dos irmãos Rodrigo dos Santos Vilar, 20 anos, e Walquiria dos Santos Vilar, 22 anos, no último sábado, no bairro Moreninha II, em Campo Grande. O responsável por essa tragédia, o irmão adotivo de 16 anos, era considerado uma pessoa tranquila e muito amado pelos irmãos.

“Todo o carinho e atenção era toda para ele”. A afirmação é de Daniele Albuquerque, 17 anos, namorada de Rodrigo. Segundo ela, o adolescente era carinhoso e não qualquer problema com os irmãos. “Tinha briga de irmão, que resolvia logo, nada que justifique o que aconteceu”.

A adolescente lembra que na sexta-feira, um dia antes do crime, o namorado deixou de almoçar com ela para passar mais tempo com o irmão. De acordo com Daniela, o adolescente cobrava mais atenção de Rodrigo. “Só fui ver ele à noite, passou o dia todo com a família”.

Daniela conta que os três eram muito unidos e sempre estavam juntos. “Tanto que o Rodrigo dava conselhos. Cuidava do irmão”, acrescentou.

A jovem relata que após matar os irmãos, o adolescente ligou para ela e contou o que havia acontecido. “Ele me ligou falando para ir cuidar do Rodrigo. Pediu perdão pelo que tinha feito. Eu achei que era uma brincadeira”, relatou Daniela que foi até a casa do namorado e já encontrou a Polícia e o Corpo de Bombeiros no local.

O padrinho de Rodrigo, Wilson de Oliveira, conta que o garoto já havia apresentado comportamento agressivo em algumas situações. “Não vou dizer que a gente nunca teve receio dele agredir os irmãos, às vezes ele tinha umas brincadeiras que passavam do limite, mas jamais imaginamos que ele fosse fazer uma coisa dessas”, diz.

Vizinhos conversaram com a reportagem do Campo Grande News e comentaram sobre como era o comportamento do adolescente, autor dos tiros.

Surpresos com a atitude do filho adotivo do casal Vilar, todos o descreveram como um garoto tranquilo e prestativo. “Sempre o via soltando pipa na rua, jogando bola, nunca ouvi dizer que ele tivesse arrumado confusão com os moleques daqui”, conta a manicure Elizabeth Ruiz, 33 anos, que mora no local há 10 anos.

O depoimento de outra moradora, que tem um filho da mesma idade do garoto, conta que os dois sempre estavam juntos na rua. “Principalmente durante as farias, eles ficavam por aqui soltando pipa, jogando bola. Às vezes saia um desentendimento ou outro entre os meninos, mas nada fora do normal da idade deles”, relata a dona de casa Edileia Azevedo da Silva, 44 anos.

Sobre a educação e a forma como os pais tratavam os três filhos, as observações dos vizinhos também foram unânimes. “Eles foram muito bem criados, o pai levava e buscava o garoto na porta da escola, sempre muito atencioso. Nunca vi diferença dos pais entre um filho e outro”, comenta Edileia.

A moradora da casa dos fundos onde mora a família Vilar ouviu os gritos de Walquíria na varanda da casa e o barulho do último tiro disparado pelo adolescente contra a irmã. “Ouvi ela gritando ‘Não, não, para’, e em seguida veio o tiro e ficou silêncio”, conta.

A mulher, que é policial militar e não quis se identificar, disse que ainda estava deitada quando o crime aconteceu. “Comentei com marido que o barulho era tiro e que tinham matado alguém”, lembra.

Alguns mais próximos e outros mais distantes, vizinhos da família partilham da dor dos pais. “Como mãe, imagino a dor que a Sônia está sentindo”, diz Edileia.

Elizabeth, que tinha mais contato com Walquíria, diz que está difícil de acreditar no que aconteceu. “Chocou todo mundo, parece que é um pesadelo e que nada disso aconteceu de verdade”, lamenta.

Até as recém moradoras da rua, que há pouco tempo abriram um salão ao lado da casa da família, ficaram chocadas com a tragédia. “Eu ouvi os gritos de desespero do pai quando encontrou os filhos mortos, foi horrível”, comenta a proprietária, que não quis se identificar.

Muito abalado, Wilson preferiu não falar muito sobre a cena que viu quando entrou na casa para socorrer o compadre. “Vai ser difícil esquecer, a imagem não sai da minha cabeça”, conta.

Na manhã de hoje, casa da família estava fechada e os veículos na garagem. Segundo Wilson, os pais ainda não viram e nem falaram com o adolescente.

A Polícia está apurando o motivo que o adolescente teve para matar os irmãos. Ele será ouvido amanhã. Informações apuradas pelo Campo Grande News apontam que a investigação para algum problema psiquiátrico que o garoto possa ter. O garoto está internado na Unei (Unidade Educacional de Internação) Dom Bosco. Uma tia esteve no local hoje para visitá-lo. Ele chora muito. O adolescente terá acompanhamento psicológico.

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