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Capital

Aero Rancho completa 22 anos com população recorde em Campo Grande

Paula Maciulevicius | 27/05/2011 23:16

Bairro passou as Moreninhas em número de habitantes e já paga preço alto por se tornar grande centro

Para atender população de mais de 35 mil habitantes, bairro oferece de tudo e se prepara para aniversário de 22 anos. (Foto: Arquivo)
Para atender população de mais de 35 mil habitantes, bairro oferece de tudo e se prepara para aniversário de 22 anos. (Foto: Arquivo)

Para surpresa de moradores, que até pouco tempo acreditavam que as Moreninhas era o bairro que mais concentrava população, isso é um engano. O Aero Rancho, que completa neste final de semana 22 anos mostra que tem motivos para comemorar, com população recorde em Campo Grande, o bairro mais parece uma cidade.

Com mais de 35,3 mil habitantes, o Aero Rancho ocupa o primeiro lugar no ranking de habitação, assim como os grandes centros, a região já paga caro pelo desenvolvimento. Segundo dados de 2007 do IBGE, o bairro conquistou o posto de mais habitado, deixando as Moreninhas no 4º lugar, com 22,3 mil moradores.

Surpresa para moradores como o “seo” Milson, que foi um dos primeiros a habitar a região.

Não se sabe dizer se o desenvolvimento do Aero Rancho acompanhou a população, ou vice-e-versa, mas Milson mostra o carinho que tem com o bairro. Quando mudou, há 22 anos, a casa só tinha dois quartos, sem piso, sem muro e nem reboco. Hoje, afirma que ele e a família se desenvolveram junto com a área.

Um dos primeiros moradores a habitar Aero Rancho relembra como cresceu com o bairro (Foto: Simão Nogueira)
Um dos primeiros moradores a habitar Aero Rancho relembra como cresceu com o bairro (Foto: Simão Nogueira)

“Tenho um sobradinho, quando vim para cá, minha filha caçula tinha 2 anos, agora ela tem 24 e é mãe, tem uma família. Eu criei meus quatro filhos neste bairro, nós crescemos com o Aero Rancho”, diz.

Questionado sobre o que tem para comemorar esses 22 anos, ele responde de primeira: pelas melhoria, primeiro foi o asfalto. Onde é a Ernesto Geisel, o eletricista Milson conta que quando mudou só tinha córrego, e hoje “é essa beleza”, admira.

Bairro grande mas que carrega em si características de vilarejo, local onde todo mundo se conhece. “Boa parte da vizinhança ainda é daquela época é muito bom morar tanto tempo em um lugar, por causa das amizades antigas”.

Assim como Milson, outros moradores já repararam que com o bairro crescendo cada vez mais, não precisa ir longe para fazer coisas de casa, os serviços batem à porta.

“Foram criadas empresas aqui dentro. Tem terminais de todos os bancos, postos de gasolina, Polícia, hospital, tem tudo”, comenta o morador e um dos organizadores do aniversário do bairro, Robson Martins.

O conjunto habitacional Aero Rancho teve a primeira etapa entregue em 11 de outubro de 1988, mas só foi inaugurado no dia 27 de maio de 1989, com a entrega do dobro das casas.

Nos primeiros anos, os próprios moradores relatam a dificuldade que era o acesso à região.“Era caótico, ninguém entrava aqui. Faltava segurança, transporte. Os moradores do Coophavila II ficavam bravos, porque nós usávamos os ônibus do bairro, e entrava com lama”, relembra Robson.

Depois de 22 anos, o Aero Rancho ganhou outra cara. O desenvolvimento trouxe também outros problemas, ocupando o lugar da falta de infra-estutrura. Questões que antes eram vistas apenas nos grandes centros, como assaltos, jovens em meio às drogas, agora viraram rotina, mas não faz com que os moradores deixem a peteca cair.

A aposentada Neide dos Santos, 71 anos, diz não acreditar na evolução que vivenciou. “Aqui não tinha asfalto, eu tinha até medo de olhar para o lado do córrego, só tinha mato e escuro. Não dá nem para crer que hoje a Ernesto Geisel, que é pertinho, é uma das principais avenidas de Campo Grande”, ressalta.

O crescimento da área afugentou uma característica dos pontos de ônibus do bairro. O hábito de muitos moradores andarem com sacolinhas plásticas nos pés, porque as vias não eram asfaltadas, parece não acontecer mais.

“Há uns 10 anos, eu ia de sacolinha no pé, você olhava no ponto até parecia supermercado de tantas que tinham”, brinca.

Portões abertos e crianças brincando, cena que aos olhos de dona Neide quase não se repetem. (Foto: Simão Nogueira)
Portões abertos e crianças brincando, cena que aos olhos de dona Neide quase não se repetem. (Foto: Simão Nogueira)

Ao mesmo tempo em que o desenvolvimento trouxe valorização à região, deixou cada vez mais a vizinhança na retaguarda. A moradora conta que apesar de ter o bairro no coração, os vizinhos já não são mais como antes. “Amo o Aero Rancho, mas antigamente todo mundo se unia mais, não tinha portão alto, muro grande, agora eles fecharam as casas, os vizinhos estão mais fechados mesmo”,

detalha.

Um dos organizadores da festa preparada para comemorar o 22° aniversário, Robson Martins, descreve os problemas que o bairro enfrenta. “Saúde e a segurança, que é generalizada, não é só no Aero Rancho, é uma questão nacional”, confirma.

O Aero Rancho agora tão populoso e que parecia distante do centro da cidade não leva mais que cinco minutos até o centro, de carro, explica ele. Os benefícios dos avanços também trouxeram consigo as consequências. “O IPTU pode dizer que dobrou. Hoje 30% dos moradores tem dívidas na prefeitura”, acrescenta sobre o preço que se paga.

Crescimento, desenvolvimento e evolução mudaram aos poucos, a identidade do bairro. Robson explica que no começo, quando a comunidade era chamada para uma reunião, 100% dos moradores aderiam a causa. Segundo ele, hoje a comunidade não tem mais a união.

“Não é que desuniu por completo, houve uma evolução socioeconômica e cultura em cada núcleo familiar. Muita gente também mudou daqui, em torno de 30% dos primeiros moradores. Aí esses que chegaram, pegaram tudo pronto e nem se preocupam mais”, resume.

O bairro de gente guerreira e que viu nos arredores da própria casa o avanço bater à porta. A comemoração de 22 anos acontece no domingo, dia 29, a partir das 8h da manhã, na Praça Pedro Nolasco Rojas, no setor 6. Na programação, além do sorteio de prêmios e música, torneio de futebol mirim, adulto e veterano, e distribuição de 220 pipas.

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