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Capital

Amigos e familiares tentam entender assassinato de irmãos na Moreninha

Elverson Cardozo | 08/04/2012 12:16

Velório foi marcado por dor, revolta, comoção e busca por respostas para o crime que chocou a cidade

Caixões dos irmãos foram posionados um ao lado do outro. (Foto: Marlon Ganassin)
Caixões dos irmãos foram posionados um ao lado do outro. (Foto: Marlon Ganassin)

O velório de Rodrigo e Walquíria, assassinados a tiros pelo irmão adotivo de 16 anos na manhã deste sábado (7), foi marcado por dor, revolta, comoção e busca por respostas ou qualquer explicação plausível para o crime que chocou Campo Grande.

Além de familiares, amigos e desconhecidos prestaram as últimas homenagens aos irmãos. Na capela das Moreninhas, localizada na rua Ipamirim, o salão ficou pequeno.

Mais de 300 pessoas registraram passagem pelo local só no início da manhã deste domingo (8). Os pais não saíram de perto dos caixões dos filhos, que foram posicionados um ao lado do outro.

Do lado de fora, amigos e familiares tentavam entender o que aconteceu. Conhecida da família há mais de 25 anos, a aposentada Nilva Fresche, de 60 anos, acredita que o adolescente cometeu o crime por crueldade.

“Não tinha motivo”, disse, acrescentando que o menino foi criado com carinho e sem qualquer distinção pelo fato de ser filho adotivo. A notícia do assassinato, relatou, “abalou as Moreninhas”.

A auxiliar administrativa Gisele Batista da Silva, de 30 anos, conta que sempre freqüentou a casa das vítimas e também relata que o adolescente era tratado como filho legítimo.

Ele me ligou pedindo ajuda. "Me busca, me salva, me ajuda", conta a tia de consideração. (Foto: Marlon Ganassin)
Ele me ligou pedindo ajuda. "Me busca, me salva, me ajuda", conta a tia de consideração. (Foto: Marlon Ganassin)

A adoção, segundo Gisele, sempre foi mencionada pelos pais de maneira sutil. “Nunca foi escancarado”, explica.

Diretora social e de eventos, Sandra Rosa, de 46 anos, era tia de consideração dos jovens assassinados. Conta que no dia do crime, o adolescente ligou para ela e, transtornado, confessou que havia matado os irmãos e que queria se entregar à polícia.

"Ele me ligou pedindo ajuda. “Eu fui ao encontro dele na frente do Shopping Campo Grande”, completa.

Durante a ligação, o estudante revelou detalhes do crime à tia e chegou a pedir que ela o levasse para uma clínica porque estava “ficando louco”. “Eu perguntava e ele me respondia com a mesma pergunta. Porque eu fiz isso? Porque eu matei meus irmãos”, relembra a diretora.

Só no início da manhã, mais de 300 pessoas passaram pelo local. (Foto: Marlon Ganassin)
Só no início da manhã, mais de 300 pessoas passaram pelo local. (Foto: Marlon Ganassin)

Sandra Rosa afirma desconfiou que o assassinato foi premeditado porque o jovem relatou que arrombou a porta do quarto do pai para pegar a arma e contou que atirou na irmã porque a jovem correu para avisar os pais.

“Ele disse que ela iria acordar o pai. Nessa hora eu tive a sensação de que ele tinha pensado”, disse.

De acordo com a diretora, o rapaz havia conseguido um emprego há cerca de 1 mês, mas foi desligado da empresa porque é menor de idade. A situação o deixou revoltado. “A gente sente que ele queria ser igual o irmão dele que já trabalha”, supôs.

Outro fator que chamou a atenção de Sandra é que o estudante tinha muito ciúmes da mãe. “Ele queria ela só para ele”, comenta.

Acompanhamento psicológico – O adolescente, segundo a tia, chegou a tomar medicamentos controlados na infância porque era hiperativo. À tia o garoto contou só estava fazendo acompanhamento psicológico.

Na escola, conta a tia, às vezes o adolescente apresenta comportamento agressivo. “Ele é provocador”, disse.

Serviço - O sepultamento de Rodrigo e Walquíria será realizado às 14h, no cemitério Nacional Parque, localizado na rua Ribeira, Vila Moreninha III, em Campo Grande.

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