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Capital

Antiga rodoviária pode virar nova feira central e abrigar terminal

Lidiane Kober | 14/07/2014 18:49
Projeto prevê abrir nova feira central na antiga rodoviária e afastar marginalidade da região (Foto: Marcelo Victor)
Projeto prevê abrir nova feira central na antiga rodoviária e afastar marginalidade da região (Foto: Marcelo Victor)

Abandonada em plena área central de Campo Grande, a antiga rodoviária pode, finalmente, passar por revitalização, que inclui investimento para transformar o local em uma nova feira central. A proposta ganha aplausos e a torcida dos comerciantes, que sobrevivem ao processo de marginalização do local e a consequente falta de clientes.

O projeto de revitalização esteve em debate, nesta segunda-feira (14), no gabinete do prefeito Gilmar Olarte (PP). A proposta inclui ainda transferir duas secretarias municipais ao prédio, abrir um terminal de transbordo do transporte coletivo urbano e aproveitar estacionamento subterrâneo, com 250 vagas.

Neste sentido, o primeiro passo é conseguir desapropriar pelo menos parte do espaço. Uma das alternativa discutidas hoje foi a possibilidade de abater dívida de R$ 2,5 milhões com o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) dos proprietários das lojas com à indenização, estimada em cerca de R$ 10 milhões.

Inicialmente, a prioridade da prefeitura é desapropriar o estacionamento subterrâneo, um salão de 2,5 mil metros quadrados (pertencente ao mesmo dono do estacionamento), além dos espaços onde funcionavam os cinemas Plaza e Center para a Fundac (Fundação Municipal de Cultura) transformá-los em espaços de manifestações culturais.

Já a parte dos antigos guichês, onde as passagem eram comercializadas, ficaria reservada para abrigar a Superintendência de Turismo, vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Econômico, de Ciência e Tecnologia e do Agronegócio.

Ao mesmo tempo, a prefeitura planeja transformar em praça de alimentação a antiga plataforma urbana, em frente à Rua Vasconcelos Fernandes. Hoje, o espaço é ocupado durante o dia pelos vendedores de carros usados (a chamada pedra) e à noite, por nove "lancheiros".

Neste local, segundo o diretor do Planurb (Instituto Municipal de Planejamento), Marcos Antonio Cristaldo, a proposta é adotar um modelo semelhante ao da feira central, com o fechamento da Rua Vasconcelos Fernandes (entre a Dom Aquino e a Barão do Rio Branco), instalação de banheiros e abertura de licitação para outros permissionários oferecer novas alternativas de alimentação, além de lanche. Por orientação do prefeito, as secretarias terão 10 dias para orçar o custo desde projeto.

Sem clientes, lojas fecharam e abandono tomou conta da antiga rodoviária (Foto: Marcelo Victor)
Sem clientes, lojas fecharam e abandono tomou conta da antiga rodoviária (Foto: Marcelo Victor)
Segundo Laci, "cliente que é bom, tem pouco" (Foto: Marcelo Victor)
Segundo Laci, "cliente que é bom, tem pouco" (Foto: Marcelo Victor)

Para a plataforma externa à Rua Joaquim Nabuco, a meta é transformar num terminal de transbordo do transporte coletivo, enquanto a plataforma interna ficaria para o embarque e desembarque de vans, além dos ônibus de sacoleiros.

Como parte do projeto, a feira de automóveis mudaria para a Rua Consolação, em frente do Cemitério Santo Antonio. No local, os veículos colocados à venda permanecerão no canteiro central. A Secretaria de Infraestrutura promete melhorar a estrutura dos banheiros do cemitério para serem usados pelos vendedores.

Presente na reunião de hoje com o prefeito, a presidente da Associação dos Lojistas da antiga rodoviária, Heloisa Curi, garantiu que, se o município adotar alguma iniciativa concreta para trazer o público de volta ao antigo terminal, vai cobrar investimentos dos proprietários. “Vamos exigir a pintura geral do prédio, a substituição das portas de metal pelas de blindex”, citou.

Incrédulos – Sem tirar o pé do chão, comerciantes da antiga rodoviária aprovaram o projeto. Eles, no entanto, deixaram claro acreditar “só vendo”. “Desde 2010, nos prometem uma revitalização, já inventaram vários projetos, mas nada sai do papel. Dessa vez, só vou acreditar vendo”, desabafou Mamede Fernandes Amorim, de 60 anos, que há décadas trabalha no prédio.

Com uma loja de artesanato no local, Laci Maria Rondon, de 65 anos, também bateu palmas para a ideia, mas apelou por agilidade. “Cada dia, passam menos clientes por aqui e mais 'bonitas' (garotas e programa) e dependentes químicos. Isso está acabando com a imagem daqui”, comentou.

Vendedor de automóveis na chamada “pedra”, Domingos Rosa, de 60 anos, não se importa de mudar novamente de local de trabalho para ver a antiga rodoviária revitalizada. “Esse pessoal que sobrevive aqui está abandonado e merece uma chance”, explicou.

Além disso, ele defendeu a necessidade de aproveitar o prédio, que, conforme ele, “não tem nenhuma rachadura”. “Esse abandono, em plena área central, é um descaso. Se investirem e o público vier, vai chegar a segurança e afugentar viciados em drogas, em jogo e a prostituição”, avaliou.

Domingos lamenta descaso com a região e reclama da presença dos viciados em jogos (Foto: Marcelo Victor)
Domingos lamenta descaso com a região e reclama da presença dos viciados em jogos (Foto: Marcelo Victor)
Mamede reclamou que vários projetos foram discutidos, mas nada saiu do papel (Foto: Marcelo Victor)
Mamede reclamou que vários projetos foram discutidos, mas nada saiu do papel (Foto: Marcelo Victor)
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