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Capital

Assassinato em feira na véspera do Natal não impede compras para a Ceia

Ana Maria Assis e Aline Queiroz | 24/12/2010 12:05
Depois do tumulto pelo assassinato, pessoas voltas às compras normalmente. (Foto: João Garrigó)
Depois do tumulto pelo assassinato, pessoas voltas às compras normalmente. (Foto: João Garrigó)

Depois do choque, a rotina na feira do bairro Dom Antonio Barbosa, onde ocorreu assassinato, há poucas horas, do jovem Denilson Souza de Paula, 19 anos, não foi interrompida. As compras dos moradores da região para a ceia de Natal continuam normalmente. A "banalização", segundo alguns consumidores da feira tradicional no bairro, tem justificativa, esse tipod e crime não é mais novidade.

Uma consumidora, que foi comprar mandioca, único ingrediente que ainda faltava para a ceia de Natal, afirmou que nada muda em sua rotina após o acontecido. “É normal esse tipo de cena. Nem me abala”, disse com ar de indiferença.

O rapaz foi morto em frente a banca de CDs e DVDs piratas. A rua foi interditada para que os policiais fizessem a perícia. Depois, tudo foi voltando ao normal.

José Rodrigues, 57 anos, e sua esposa, Evângela Silva Pereira, 34 anos, vendiam “churrasquinho” bem próximos ao ponto em que ocorreu o assassinato

“Fazem dois meses que trabalho na feira, vou continuar se Deus quiser”, disse ele, indo embora com o produto já frio.

Ele diz não ter nem visto os autores do homicídio e que chegou a pensar que fosse bombinha. A dona da barraca de CDs e DVDs não quis falar sobre o crime e nem se identificar, apenas reclamou pelo perigo por ter crianças na feira, e que em dez anos de feira, é o terceiro assassinato que presencia.

Irmã de joem morto chora ao ver o corpo. (Foto João Garrigó)
Irmã de joem morto chora ao ver o corpo. (Foto João Garrigó)

Embora pequena parte da feira tenha sido interditada, ao longo da rua Evelina Selingarde, os outros comerciantes trabalham normalmente. Ninguém quer comentar sobre o crime, mas dizem que a violência é comum no bairro.

Também sem querer se identificar, uma outra mulher justificou o cuidado de preservar a identidade. “O bairro é violento sim, é complicado, mas estou há 15 anos morando aqui e não quero sair correndo”.

Uma adolescente de 17 anos, com sua irmã de 28, chegou a se assustar ao ver o sangue no chão. Elas falaram ao Campo Grande News que mesmo sendo normal, esse tipo de acontecimento ainda choca.

“Sou nascida e criada no bairro, o pior é que aqui é normal, mas a gente leva um susto”, afirmou, disse a irmã mais velha. A outra comentou que sempre ouviu notícias sobre a violência no bairro, mas nunca tinha visto os rastros do crime de tão perto, como o caminho de sangue que ficou no chão.

A irmã de Denilson foi até o local quando soube da morte do rapaz. Daniele Souza de Paula, 21 anos, disse que quando ele saiu de casa a mãe ainda aconselhou para que não fosse até a feira, mas não explicou o motivo.

Chorando muito, Daniele admitiu que o irmão usava drogas, maconha, mas disse que nunca soube de roubos ou furtos do rapaz. Segundo a jovem, ele era “catador de lixo” como ela, atividade frequente no bairro. Mas ele vendia o material para sustentar a dependência química.

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