ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 25º

Capital

Após 36 anos, Latino Americano sucumbe à falta de dinheiro e fecha

Alan Diógenes | 10/01/2015 10:29
Somente  cursinho pré-vestibular, cursos técnicos e ensino superior a longa distância irão funcionar no local. (Foto Alcides Neto)
Somente cursinho pré-vestibular, cursos técnicos e ensino superior a longa distância irão funcionar no local. (Foto Alcides Neto)
Proprietário explica que problemas financeiros o obrigaram a fechar as salas do ensino regular. (Foto: Alcides Neto)
Proprietário explica que problemas financeiros o obrigaram a fechar as salas do ensino regular. (Foto: Alcides Neto)

Após 36 anos, o Colégio Latino Americano, um dos mais antigos estabelecimentos de Campo Grande, localizado na Rua 13 de Maio, no Centro, decidiu fechar as portas para o ensino regular a partir de fevereiro deste ano, por conta de problemas financeiros. No local só irá funcionar o cursinho pré-vestibular, cursos técnicos e ensino superior a longa distância.

A informação começou a ser repassada, "com muito pesar" no começo da semana, primeiramente aos pais dos alunos, pelo proprietário do colégio, João Samper, 63 anos. “Estamos recebendo os pais para que eles encaminhem os filhos para outras escolas, que fizeram convênio com o Latino Americano. Lutamos até o fim, mas a inadimplência e os altos juros impostos pela inflação nós fizeram tomar essa decisão”, explicou.

O dono do centro de ensino conta que importantes eventos aconteceram no local, que vai deixar um importante história para a cidade. “A escola foi palco de grande encontros. Um deles foi o primeira reunião entre integrantes do PT na cidade, que aconteceu aqui. Quem sentir saudades do Latino Americano pode visitar o museu localizado em nossa chácara”, comentou João.

A filha do proprietário, a psicóloga Tatiana Samper, 28, que tanto ajudou o pai a administrar a escola, conta que pessoas importantes estudaram no local. Entre elas, o cantor Mariano da dupla Munhoz e Mariano e a vice-governadora Rose Modesto (PSDB).

“Desembargadores, advogados, médicos, entre outros profissionais, estudaram por aqui. A dupla Munhoz e Mariano fez sua primeira apresentação em nosso palco. A professora Rose, atual vice-governadora, foi nossa bolsista, para você ter ideia”, destacou Tatiana.

Filha do proprietário, Tatiana disse que colégio cumpriu sua missão. (Foto: Alcides Neto)
Filha do proprietário, Tatiana disse que colégio cumpriu sua missão. (Foto: Alcides Neto)

Conforme a psicóloga, o Latino Americano foi pioneiro em desenvolver atividades pedagógicas com os estudantes, sem nenhuma ajuda filantrópica. “Um exemplo foi um CD que gravamos com músicas autorais de alunos que estudaram aqui. Com certeza essa será uma lembrança que vamos levar para o resto da vida. Acredito que o Latino cumpriu sua missão que é o de formar cidadãos para contribuir com o mercado de trabalho e com a sociedade em si”, apontou.

O professor de ensino médio Porto Vanderlei, 65, que trabalhou há 26 anos no colégio, vê a situação como trágica. “É uma tristeza para todos nós, porque o Latino Americano era uma tradição em Campo Grande. Com certeza quem está perdendo é a sociedade. O jeito seria buscar uma solução reestruturando a parte pedagógica e administrativa para continuarmos”, mencionou.

Brenda da Cunha Machado, 15, que estudou no colégio desde o berçário até o 1º ano do ensino médio, contou que depois da decisão, os colegas começaram a se matricular em outras escolas particulares como: Mace, Atenas e Colégio Auxiliadora. “Minha mãe ficou sabendo da notícia quando ligou no colégio para comprar as apostilas. Fiquei desesperada porque já estava acostumada a estudar lá. Eu e meus colegas estamos combinando de ir para a mesma escola e ficar na mesma turma”, exaltou.

A estudante falou que vai sentir falta do colégio. “Os professores tinham uma dedicação diferente com os alunos. Lá nós nos sentíamos a vontade e tínhamos uma liberdade,com responsabilidade, que nunca vamos ter em outro lugar. O colégio era muito festivo, tinha o Cerão, onde os alunos passavam a noite na escola fazendo diversas atividades e a Gincana Literária. Sentirei saudades de tudo isso”, finalizou.

Pátio da escola vazio causa comoção aos pais e alunos que passam pelo local para pegar a transferência. (Foto: Alcides Neto)
Pátio da escola vazio causa comoção aos pais e alunos que passam pelo local para pegar a transferência. (Foto: Alcides Neto)
Em contraste, quadra lotada de alunos durante atividade, quando escola estava aberta. (Foto: Arquivo Pessoal)
Em contraste, quadra lotada de alunos durante atividade, quando escola estava aberta. (Foto: Arquivo Pessoal)
Nos siga no Google Notícias