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Capital

Após agressões seguidas, pai vai à Justiça para ficar longe do filho

Paula Vitorino | 01/06/2012 11:25

Rapaz é usuário de drogas, morava com os pais e durante brigas agredia o idoso

Como medida extrema, pai pediu afastamento do filho depois sofrer diversas agressões. (Foto: Paula Vitorino)
Como medida extrema, pai pediu afastamento do filho depois sofrer diversas agressões. (Foto: Paula Vitorino)

Histórico de brigas, agressões e ameaças de um filho para o próprio pai, de 65 anos, levaram a Justiça de Campo Grande a conceder decisão inusitada: medida protetiva em favor de um homem.

O rapaz, de 38 anos, foi afastado da residência dos pais e deve manter distância mínima de 300 metros do local e deles, sob pena de responder por desobediência e prisão preventiva por lesão corporal por violência doméstica.

“Foi o melhor, eu quis, pedi ao delegado a medida protetiva. É melhor o meu filho ficar longe da família agora do que acontecer uma tragédia como a gente vê nos noticiários. Não quero isso”, desabafa o pai.

Desde 2008 o pai registrava boletins de ocorrência por lesão corporal dolosa praticada pelo próprio filho. O rapaz é usuário de drogas e constantemente chegava em casa alterado, ameaçava os pais e a irmã de morte, e acabava agredindo o idoso.

No início do mês de abril, a família procurou a 4ª Delegacia de Polícia Civil relatando o histórico de agressões. O delegado Wilton Vilas Boas de Paula, explica que a decisão de pedir a medida protetiva, que habitualmente é aplicada em favor de mulheres vítimas de violência, foi a única alternativa encontrada para proteger o pai e acabar com o terror vivido pela família.

“O autor não estava mais em situação de flagrante, então não podia prender e como já tinha outros boletins de ocorrência pelo mesmo fato e a família estava desesperada, expliquei que entrar com a medida protetiva era uma alternativa para garantir a segurança da vítima”, diz.

Segundo a família, boletim de ocorrência já tinha sido registrado em outra delegacia durante o plantão do fim de semana anterior, o rapaz chegou a ser detido em flagrante, mas foi liberado logo após.

Como não existe na lei previsão de afastamento do agressor quando a vítima é um homem, o pedido da medida protetiva foi argumentado no Estatuto do Idoso, alegando que o pai estaria em situação de risco mediante o comportamento do filho.

A Vara da Infância, Juventude e do Idoso acatou o pedido e determinou o imediato afastamento do rapaz, considerando que “não é razoável aquele que coloca em risco a vida de seus genitores continuar tranqüilo morando na casa dos idosos”. O parecer do Ministério Público Estadual também foi favorável.

Para o delegado, a decisão é uma conquista para a segurança da família e previne outras agressões. No entanto, ele também frisa que mais do que ser afastado ou preso, o agressor usuário de drogas precisa de tratamento.

Família - Desde o dia 15 de maio o rapaz está afastado da residência dos pais, que respiram aliviados sem as constantes brigas, mas sofrem com a situação do filho.

“Tenho 65 anos e nunca pensei que ia ver uma coisa dessas e ainda mais com um filho meu. Ele é uma pessoa boa, mas as drogas mudam ele”, diz o pai.

A família não sabe quando o rapaz começou a usar drogas, mas imaginam que o vício tenha surgido ainda na adolescência.

“A gente nem sabia o que era droga, só descobrimos quando ele mesmo começou a falar que usava”, diz a mãe, de 65 anos.

Nos últimos anos as brigas e o vício aumentaram, terminando nas agressões ao pai. “Ele briga mais comigo, ameaçava nossa mãe de morte, mas quando ele vinha para cima o pai entrava na frente e acabava sendo agredido”, conta a irmã, de 29 anos.

O rapaz tem um filho, de 13 anos, que é criado pelos avós. O garoto presenciava todas as brigas e a família acredita que até para ele seja melhor ficar afastado do pai neste momento.

“Ele chegou a dizer para o pai ‘quem é você para pedir respeito para mim’”, conta.

O pai conta que por diversas vezes tentou ajudar o rapaz e a família sugeriu a internação, mas o autor se nega e diz não ser viciado, nem louco.

“Seria muito melhor para ele ser internado, ele precisa se livrar das drogas. Não queria ver ele preso”, diz o pai.

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