Após audiência, irmãs de jovem morto lamentam não poder fazer enterro
Rapaz foi espancado e depois esganado. Testemunhas dizem que cadáver foi jogado no lixão do Noroeste
Oito pessoas prestaram depoimento nesta quinta-feira à Justiça sobre o espancamento e morte de Aristides Cavallheiro Lopes, 19 anos, ocorridos no dia 12 de maio deste ano, no Jardim Noroeste, em Campo Grande. O corpo teria sido jogado no lixão, mas até hoje não foi localizado.
A audiência foi acompanhada por duas irmãs dele, as quais também falaram em juízo. Foi a primeira vez que elas ficaram frente a frente com quatro dos nove acusados de envolvimento no caso.
Para Gesilaine Cristina Lopes, 28 anos, e Marly Cavalheiro Lopes, 31 anos, não poder enterrar o irmão “é a pior parte”. “Por que ocultaram? Por que deixaram a família sem poder enterrar nosso irmão?”, questiona Gesilaine.
“O menino [Aristides] desapareceu. Nada do que ele tenha feito justifica isso [ocultação do corpo]”, diz Marly.
Elas e mais seis pessoas falaram à Justiça sobre os motivos da morte e quem nela estaria envolvido. Todos falaram que houve espancamento e depois a morte. O motivo, conforme o relato delas, seria dívidas que a vítima tinha.
Entre as pessoas estão um vizinho de um dos acusados que contou que ouviu Aristides ser agredido, a companheira de um dos réus que confirmou o espancamento e a esposa de outro acusado, a qual declarou que viu a vítima, o marido e outras pessoas em frente à sua casa no dia do crime.
O MPE (Ministério Público Estadual) irá agora analisar se as testemunhas de acusação que faltaram na audiência de hoje - seis- serão chamadas novamente. Depois disso, será marcada data para novas oitivas.
O caso- Conforme denúncia do MPE, estão envolvidos no crime nove adultos e um adolescente, o qual está apreendido, segundo a Polícia Civil.
Estão presos Wagner Albuquerque de Oliveira, 25 nos, Milton Bogado, 49 anos, e Wesley Mendes Bogado, 19 anos.
Já Gilberto Ferreira Carlos de Souza e Anderson Luciano de Souza Moraes, 36 anos, estão foragidos. O advogado deste último disse à Justiça que seu cliente pretende se apresentar. Gilberto é apontado como executor da morte.
Outros réus pelo crime: Tatiane Andrade da Silva, Marcelo Carlos de Souza e Reginaldo de Almeida Marcelino da Cruz, respondem ao processo em liberdade. Reginaldo pode ter a acusação suspensa caso o MPE concorde com a proposta da defesa e ele aceite condições impostas pela Justiça.
Segundo as irmãs de Aristides, ele era usuário de drogas e já fez alguns roubos. Elas disseram que quando souberam que o irmão não havia dormido em casa, passaram a procurar por ele no bairro e todos diziam que ele havia sido morto. “Inclusive crianças diziam que o corpo tinha sido jogado no lixão”, falou Mary.
De acordo com a Polícia Civil, Aristides foi espancado durante uma hora, depois morto esganado e o corpo colocado em um saco de lixo e jogado no lixão localizado no mesmo bairro.