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Capital

Após fogo, casal vive como se tivesse ganho Mega-Sena e divide doações

Flávia Lima | 20/04/2015 14:36
A família posa feliz em frente a nova casa ganha depois de mobilização de membros da igreja Sara Nossa Terra. (Foto:Alcides Neto)
A família posa feliz em frente a nova casa ganha depois de mobilização de membros da igreja Sara Nossa Terra. (Foto:Alcides Neto)

Desde a tarde de quinta-feira (16), a família do vigilante Severino Duarte, 65, vivencia a sensação de ter ganho na Mega-Sena. Após perder em um incêndio todos os pertences pessoais, inclusive a casa alugada que moravam no bairro Parque dos Laranjais, ele, a mulher Diana Guibo, 39 e os cinco filhos conheceram a solidariedade de amigos, vizinhos e de pessoas que eles nunca haviam tido contato.

Os donativos começaram a chegar após matéria do Campo Grande News e até a manhã desta segunda-feira (20) a família ainda recebia alimentos e telefonemas de pessoas oferecendo ajuda. Mas o melhor presente foi a casa em que a família já está instalada, no bairro Paulo Coelho Machado, fruto de um trabalho de mobilização de integrantes da igreja Sara Nossa Terra, segundo conta Severino, que já trabalhou na unidade da igreja que fica no bairro Carandá. “Fiz muitos amigos lá, mas não imaginei que fossem ajudar tanto”, afirma.

Ainda sem acreditar que não precisará mais se preocupar com aluguel, dona Diana fala sobre a mudança radical que a família passou nos últimos dias. “Não acreditava muito nesse negócio de ajudar, mas agora vejo que existe muita gente boa no mundo”, diz. O semblante de tristeza que Diana apresentava quando recebeu nossa equipe de reportagem na semana passada deu lugar a um imenso sorriso e a vontade de falar sobre cada minuto que viveu desde que começaram a chegar as doações.

São utensílios de cozinha, mantimentos, material escolar e móveis. Tudo está acomodado em caixas espalhadas pelo chão e armários. Uma das doações que mais sensibilizou a família, além da casa, foram cinco camas box para cada uma das crianças, que tem entre três e 15 anos, além da cama de casal. Pela primeira vez eles não irão dormir no chão”, conta Diana.

Antes do incêndio a família disputava espaço em uma cama de casal. Quem não cabia, dormia em colchões. A simplicidade da casa, que ainda não tem muros ou portão, mobilizou amigos a oferecer ajuda para formar um mutirão e cercar o terreno. Com os R$ 350,00 que gastava com aluguel, Severino já faz planos para ampliar a casa e acomodar melhor os objetos ganhos.

Tanta demonstração de solidariedade levou dona Diana a dividir o excesso com outras famílias igualmente necessitadas. Ela passou o fim-de-semana fazendo uma triagem de parte das roupas que foi encaminhada à mesma igreja que viabilizou a casa, para serem distribuídas em comunidades carentes.

Dona Diana mostra o quarto lotado de caixas de roupas. (Foto:Alcides Neto)
Dona Diana mostra o quarto lotado de caixas de roupas. (Foto:Alcides Neto)
Seu Severino mostra uma das camas box que vai tirar os filhos do chão. (Foto:Alcides Neto)
Seu Severino mostra uma das camas box que vai tirar os filhos do chão. (Foto:Alcides Neto)

Natal antecipado - “Agora estou feliz de verdade”, disse sem esconder o sorriso, Douglas Duarte, 12. Ele conta que ele e os irmãos mal dormiram com tantos “presentes” e quando perguntado sobre do que mais gostou, ele responde sem titubear: das bolachas e salgadinhos. “São coisas que eu nem sempre posso comprar. Até leite eles ficavam sem tomar porque a gente dava preferência para o menor, que é doente”, ressalta Severino.

Alimentação, aliás, é outro quesito que a família não terá com que se preocupar por pelo menos três meses. Só em uma caixa Douglas contou dez quilos de feijão, sem falar dos pacotes de pães, caixas de leite, arroz e até carne. Os cadernos novos também são um incentivo para as crianças recomeçarem os estudos. Apesar de deixar os amigos do outro lado da cidade, eles contam que estão animados com a nova vida, tanto que já fizeram amigos na vizinhança.

A alegria é tanta que Douglas até brinca dizendo que agora tem uma roupa nova para cada dia do ano. Mas o pai, Severino, não esquece o carinho, inclusive de muitas pessoas que pediram anonimato quando foram fazer as doações. “Só posso desejar que Deus dê a elas o dobro do que ganhei”, diz.

Entretida com a organização da casa, mas atenta a conversa, dona Diana resume a gratidão da família. “Foi muito melhor do que ganhar na Mega Sena porque o que ganhamos foi de coração”, finaliza.

Crianças ficaram felizes com os pacotes de bolachas e leite. (Foto:Alcides Neto)
Crianças ficaram felizes com os pacotes de bolachas e leite. (Foto:Alcides Neto)
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