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Capital

Após limpeza no centro, preocupação é com parte histórica, avalia arquiteto

Paula Vitorino | 04/06/2012 11:10
Fachadas foram retiradas para Cidade Limpa. (Foto: Minamar Júnior)
Fachadas foram retiradas para Cidade Limpa. (Foto: Minamar Júnior)

Ver as fachadas dos comércios do Centro de Campo Grande limpas, embora muitas ainda estejam “peladas” por conta da fase de transição, é motivo de satisfação, mas também preocupação para o vice-presidente da Federação Nacional de Arquitetura, Ângelo Arruda.

“É um começo, o primeiro passo, mas agora é que precisa haver a preocupação da administração pública e da sociedade para recolocar fachadas e revitalizar esses prédios preservando a história”, diz.

A retirada das fachadas do comércio faz parte do projeto de lei Cidade Limpa, desenvolvido pela Prefeitura Municipal e que já entra na quarta e última etapa. O objetivo é a despoluição visual do comércio da Capital, com a retirada de toldos e a troca dos letreiros chamativos para modelos mais "limpos" e padronizados.

Em meio a expectativa para ver o resultado do projeto, o arquiteto ressalta que a reformulação veio tarde e, com as fachadas a mostra, sem os letreiros, constatar a má conservação de alguns prédios com características históricas é uma decepção.

“Passei por algumas das ruas centrais e fiquei um pouco decepcionado ao ver o estado do que estava por trás dos painéis. Achava que tinha mais detalhes com importância arquitetônica ainda conservados. Vi muito reboco e mudanças feitas atrás dos letreiros”, diz.

O arquiteto lembra que o projeto de revitalização do Centro é discutido há 30 anos e que agora, com o projeto finalmente sendo colocado em pratica, é preciso mais empenho do poder público e sociedade para não parar só na despoluição visual, mas principalmente, resgatar a história do Centro.

Ele defende que os prédios com detalhes de valor histórico recebam atenção especial. “Não adianta só mandar tirar a fachada, tem que haver uma orientação para o comerciante revitalizar da maneira correta, porque o proprietário tá preocupado em não levar multa e em vender só”, afirma.

Angelo cita o exemplo de conjuntos de prédios que estão alugados para diferentes lojas e, caso não recebam orientação especifica da Prefeitura, receberão pintura e acabamento diferentes, de acordo com a preferência de cada lojista, descaracterizando ainda mais as características históricas.

Para o processo de revitalização e preservação, ele aconselha que fotos e reconstituições feitas em pesquisas sejam utilizadas como base.

Faça sua parte - O arquiteto, que também é professor na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), também chama a atenção da sociedade para a importância da região. “É a história de todos nós que está ali, todos têm que cobrar”, diz.

Com o objetivo de unir forças, ele garante que irá propor a outros arquitetos e estudantes montar um grupo de voluntários para oferecer orientação aos membros da ACICG sobre quais prédios tem valor histórico e como revitalizar o espaço preservando as características, sem precisar ter gastos a mais.

Projeto - De acordo com o diretor de controle urbanístico da Semadur, Waldiney Costa da Silva, não consta no projeto Cidade Limpa determinação específica para prédios com interesses históricos, mas apenas para os locais que já são tombados como patrimônio histórico ou estão em processo de tombamento.

Segundo Valdiney, são seis prédios nessa situação dentro da área da 3ª etapa do Cidade Limpa, que teve o prazo encerrado no último dia 31.

"Os proprietários desses prédios precisam atender a legislação para qualquer tipo de reforma, mantendo as características originais. Mas no caso de prédios apenas com interesse histórico não existe legislação que obrigue os proprietários a manter os detalhes originais, eles tem liberdade para reformar o local da forma que quiserem", explica.

A 3ª etapa do Cidade Limpa compreende as ruas Mato Grosso, rua Rui Barbosa, avenida Afonso Pena e rua Calógeras. A 4ª etapa já começou e vai até o dia 30 de setembro, englobando a avenida Mato Grosso, rua Padre João Crippa, avenida Afonso Pena, rua Pedro Celestino, avenida Fernando Corrêa da Costa, rua Rosa Cruz, avenida Ernesto Geisel, Afonso Pena e Rui Barbosa.

Ao final, serão 2.060 mil comércios participantes do Cidade Limpa.

O proprietário que não cumprir os prazos e regras é notificado, recebendo prazo de 15 dias para se adequar. Caso contrário, recebe multa de R$ 5 mil, que em caso de reincidência tem acréscimo de R$ 1 mil para cada metro irregular.

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