Após morte de bebê, bombeiros alertam sobre uso de álcool em churrasqueiras
Em 2002, a comercialização do álcool líquido chegou a ser proibida, mas uma liminar autorizou o retorno do produto ao comércio
O bebê de 1 ano e seis meses que morreu na noite de ontem (12), na Santa Casa, após sofrer queimaduras de terceiro grau durante um churrasco em Campo Grande, trás à tona uma velha discussão: o uso de álcool combustível, etanol, para uso doméstico.
Em 2002, a comercialização do álcool líquido chegou a ser proibida, mas uma liminar autorizou o retorno do produto ao comércio. De acordo com a assessoria da Santa Casa, 70% das crianças que são atendidas na ala de queimados do hospital, são vítimas de queimaduras por álcool.
Os acidentes mais comuns com o álcool líquido estão relacionados ao acender churrasqueiras. O produto é muito volátil e ao jogar o líquido sobre o equipamento podem ocorrer respingos, provocando queimaduras graves em quem estiver manuseando e por perto.
Conforme o Capitão do Corpo de Bombeiros, Leandro Moura Marçola, há três tipos de chapa: a gás, as que utilizam carvão e as que usam álcool etílico.
“Orientamos para que ninguém use a chapa a álcool, porque é a mais perigosa”.
O Capitão recomenda que se o adulto for usar, mesmo sabendo dos riscos, manter as crianças a uma distância mínima de cinco metros e só colocar álcool quando o fogo estiver apagado”, disse.
Acidentes com álcool - Pedro Henrique do Carmo, 1 ano e meio, estava internado no hospital desde o dia do acidente, 7 de fevereiro. O acidente aconteceu na casa da família da vítima, que fica na Vila Planalto.
No local era realizada uma festa de aniversário. Um amigo da mãe da criança, ao tentar reacender o fogo da chapa utilizando álcool líquido acabou provocando uma explosão.
As chamas atingiram o bebê, a mãe dele e a irmã. Pedro Henrique sofreu queimaduras por todo o corpo. As vítimas foram socorridas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para a Santa Casa. O bebê morreu ontem, por volta das 11h40, em decorrência da gravidade dos ferimentos.
Em abril do ano passado, Thiago Jean Phillipe Teixeira de Souza, de 9 anos, morreu também vítima de queimaduras. Ele teve 60% do corpo queimado. O acidente aconteceu quando ele brincava com álcool e fósforo na calçada de casa, no bairro Coophamat. Ele estava na companhia da irmã.
O resultado da brincadeira foram chamas, que “correram” pelo caminho com álcool, derrubaram a garrafa e iriam atingir a menina, se Thiago não tivesse entrado na frente.
O menino teve o corpo todo queimado na tentativa desesperada de impedir que a irmã, de 2 anos, fosse consumida pelas chamas.
O irmão mais velho, Matheus Jean Teixeira de Souza, 11 anos, ainda tentou socorrer o menino, jogando água fria e chamando os bombeiros. A irmã ainda teve queimaduras na perna.