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Capital

Audiência sobre morte de delegado é marcada por atraso e pedido de cancelamento

Bruno Chaves e Viviane Oliveira | 12/12/2013 13:46
Das 12 testemunhas arroladas, apenas oito compareceram ao Fórum da Capital (Foto: Marcos Ermínio)
Das 12 testemunhas arroladas, apenas oito compareceram ao Fórum da Capital (Foto: Marcos Ermínio)

A segunda rodada de audiências sobre a execução do delegado aposentado Paulo Magalhães, morto no dia 25 de junho em frente a escola onde a filha estudava, na Rua Alagoas, em Campo Grande, aconteceu nesta quinta-feira (12) e foi marcada por 45 minutos de atraso, pedido de cancelamento e falta de testemunhas. No próximo dia 18, os réus – o guarda municipal José Moreira Freires, 40 anos, e o segurança Antônio Benites Cristaldo, 37 – serão ouvidos pela Justiça.

Das 12 pessoas arroladas para prestarem depoimentos, apenas oito compareceram. Quatro testemunhas de acusação, três de defesa e uma declarante foram ouvidas pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum da Capital. As testemunhas faltantes foram arroladas pela defesa: três não foram e uma foi dispensada.

O advogado de defesa de Freires, Renê Siufi, questionou o juiz sobre a escuta ambiental que foi colocada na delegacia de polícia quando um dos presos estava lá. De acordo com Siufi, as escutas foram retiradas do processo. Ele pediu para que as gravações façam parte dos autos. Já o juiz foi contra o pedido e afirmou que os áudios não serão colocados nos autos porque a gravação foi da polícia e juntada no processo depois.

As quatro primeiras testemunhas ouvidas foram de acusação. O depoimento de uma mulher que morou com Rafael Leonardo dos Santos, 29, encontrado morto sem cabeça, braços e pernas próximo ao lixão, abriu a audiência. Rafael teria participado do assassinato de Paulo Magalhães dando cobertura a Freires e Benites.

Os investigadores da Polícia Civil Osmar Dorico de Souza e Eliezer Carneiro Torres deram continuidade nos depoimentos de acusação. O delegado do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), Alberto Vieira Rossi, foi o quarto responder os questionamentos da promotoria.

Felipe Guimarães Cristaldo, primo do Benites, foi ouvido como declarante. Inicialmente, ele era classificado como testemunha de acusação, mas como é parente do réu, o juiz entendeu o depoimento dele não poderia incriminar o primo. Uma pausa de 10 minutos na audiência ocorreu por causa de Felipe. O promotor Humberto Lapa Ferri acionou a testemunha de última hora em substituição a outra. Nesse meio tempo, Siufi pediu para que a audiência fosse cancelada.

Felipe foi arrolado como testemunha de acusação porque, na polícia, chegaram a questionar quem pagava o advogado de Benites. Felipe disse que não tinha contato com o primo, apesar do parentesco. Ele garantiu que só encontrava Benites em festas de família.

As outras testemunhas que prestaram depoimento foram de defesa. Cleber Rodrigo Araujo Barbosa, Altinor Siqueira Filho e Nilson Oliveira Cavaleiro eram conhecidos de Benites e moram no mesmo bairro que o réu, a Vila Popular.

Eles foram questionados pela promotoria se sabiam que Benites trabalhava no jogo do bicho, já que o réu é segurança. Perguntas sobre o veículo que o réu usava e sobre o padrão de vida dele também foram feitas.

O promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Marcos Roberto Dieltz, participou da segunda rodada de depoimentos. Ele foi impedido de participar da primeira porque o advogado de defesa alegou excesso de acusação. Mas, dessa vez, o juiz aceitou o participação dele nas oitivas.

Dieltz afirmou que o Jogo Bicho é uma das linhas de investigação e que “a audiência foi positiva e só confirma a investigação policial”. “O MPE é um órgão único e em tese como o crime pode ter sido cometido por uma organização criminosa o Estado também se juntou para colaborar com a investigação”, disse.

Ele não quis dizer nada sobre um possível mandante que encomendou a morte de Paulo Magalhães. “Essa é uma segunda parte da investigação. Seria imprudente adiantar algo sobre isso”, afirmou.

Para o advogado Siufi, ninguém, em nenhuma das duas audiências, esclareceu algo sobre o crime. “Não tem provas concretas”, disse. Siufi diz que as respostas são sempre “não participei”, “não sei” e “não estava lá”. “Estão sempre se esquivando”, opinou.

A última rodada de audiências sobre a execução de Paulo Magalhães será no dia 18 de dezembro quando os dois réus serão ouvidos. Além deles, testemunhas de defesa de Freires também prestarão depoimentos.

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