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Capital

Berçário de mosquito, piscinas sem manutenção são pesadelo de vizinhos

Luana Rodrigues | 13/12/2015 12:29
Vizinha de piscina sem manutenção teve duas vezes doença que já matou milhares. (Foto: Marcos Ermínio)
Vizinha de piscina sem manutenção teve duas vezes doença que já matou milhares. (Foto: Marcos Ermínio)
Com criadouro ao lado de casa, Luiz Carlos Ortiz, 57 anos, convive com medo de ser picado por mosquito. (Foto: Marcos Ermínio)
Com criadouro ao lado de casa, Luiz Carlos Ortiz, 57 anos, convive com medo de ser picado por mosquito. (Foto: Marcos Ermínio)
Água verde e lixo demonstram descuido e falta de manutenção de piscina. (Foto: Marcos Ermínio)
Água verde e lixo demonstram descuido e falta de manutenção de piscina. (Foto: Marcos Ermínio)

Piscina é uma lagoa artificial para tomar banho e nadar, um reservatório de água, que é usado para fins recreativos, desportivos ou decorativos. Segundo o dicionário, essa é a definição de piscina, mas a palavra tem conquistado outro significado para muitos moradores nos últimos dias: criadouros do mosquito Aedes Aegypti. Para vizinhos de casas abandonadas e até habitadas - em que há piscinas cheias de água sem tratamento - o que era para ser lazer virou um pesadelo, em tempos de epidemia das doenças transmitidas pelo mosquito.

O autônomo Luiz Carlos Ortiz, 57 anos, vive essa realidade. Os sogros dele, idosos de 79 anos, são vizinhos de uma casa onde, segundo ele, há 12 anos a piscina não é limpa. "Durante todo esse tempo convivemos com o medo e o risco de pegar alguma doença, porque já tentei falar com o dono, com a Prefeitura e nunca nada foi feito", conta.

Pior é que a casa, localizada na Rua Eduardo Santos Pereira - Vila Célia, fica ao lado de uma escola para crianças de até 8 anos de idade. "São centenas de crianças sendo colocadas em risco. Já teve dias de jogarmos cloro na piscina por cima do muro, porque não aguentamos a sensação de impotência diante disso", explica Ortiz.

A esposa dele, Tânia Ortiz Bigatão, 54 anos, conta que nesses anos todos já teve dengue duas vezes e o medo é de ter a doença pela terceira vez. "Ligamos na Prefeitura para denunciar e disseram que em dez dias o problema estaria resolvido, estamos aguardando, mas se for igual nos anos anteriores, ninguém vai vir", acredita a mulher.

Outra vizinha dessa mesma casa, uma mulher de 58 anos que preferiu não se identificar, confirma a versão que há anos a casa não é limpa. Ela conta que quem mora na residência é um médico. "Vejo ele as vezes e já tentamos pedir para limpar, mas nunca conseguimos conversar com ele, está sempre de cara fechada", diz.

Quem olha a casa do lado de fora ou por cima do muro do vizinho, consegue ver nos fundos a sujeira ao redor e dentro da piscina, já com água verde. Na parte da frente, apesar do portão fechado, é possível ver por cima do muro que há dois carros na varanda, sendo que um deles está com os pneus murchos, aparentando estar sem uso, já o outro parece limpo e usado recentemente.

A equipe do Campo Grande News tentou falar com os moradores da residência, batendo no portão, mas ninguém atendeu.

Piscina está sem manutenção em casa disponível para aluguel. (Foto: Camillo Kettenhuber)
Piscina está sem manutenção em casa disponível para aluguel. (Foto: Camillo Kettenhuber)
Casa fechada onde está piscina sem manutenção. (Foto: Marcos Ermínio)
Casa fechada onde está piscina sem manutenção. (Foto: Marcos Ermínio)

Mesma situação - Em outra região de Campo Grande, na Rua Caturrita, bairro Recanto dos Pássaros, moradores também reclamam de uma piscina que está cheia de água, só que em uma casa vazia, disponível para aluguel.

"Atenção agentes da Prefeitura incumbidos do combate à dengue, Zica etc... aqui em Campo Grande, MS, em plena campanha contra o mosquito, no meio de uma epidemia nacional, ainda existem irresponsáveis", escreveu o delegado Camillo Kattenhuber, que é vizinho da residência, em uma postagem com fotos da piscina nas redes sociais.

No post, o delegado cobra que a Prefeitura tome uma atitude imediata e multe o proprietário do imóvel. "Casa vazia, para locação, piscina com água verde, abandonada e certamente com focos da dengue. Irresponsabilidade total", escreveu.

O Campo Grande News tentou falar com o Serviço do Controle de Vetores e Endemias da Prefeitura neste domingo(13), mas as ligações não foram atendidas.

Imóveis fechados - Na quarta-feira da semana passada, o juiz Aluizio Pereira dos Santos,diretor do Forum de Campo Grande, a pedido da prefeitura, autorizou os agentes de saúde a entrar nos imóveis abandonados, que estiverem fechados, para combater focos do mosquito Aedes aegypti.

Além de conceder alvará geral para inspeção dos imóveis, o juiz permite à Secretaria Municipal de Saúde,requisitar oficial de justiça e até acompanhamento policial(se preciso for), chaveiros (artífice que faz chaves)caso haja necessidade de abertura ou substituir das fechaduras. Após isso, a Prefeitura já teria entrado em pelo menos dez imóveis, cujos donos não haviam sido encontrados.

Epidemia - A Secretaria de Saúde considera que diante do crescimento das notificações, a cidade enfrenta um quadro de epidemia. Nos últimos 20 dias foram notificados 900 casos de dengue, o que significa, em média, 45 casos por dia.

O Campo Grande News apurou na manhã desta quinta-feira (10), só na UPA da Vila Almeida, a primeira unidade a receber a barraca hospitalar, foram 53 notificações nesta quarta-feira. (9).

Segundo a gerente da unidade, Marilurdes do Amaral Grião, na manhã desta quinta-feira os profissionais já computaram 16 casos suspeitos. “Como o exame é feito apenas no oitavo dia de sintomas, pode ser que esses números seja menores”, explica. Na UPA também foram notificados nesta quarta-feira quatro casos de Zika vírus e um de chikungunya.

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