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Capital

Bernal contrata empresa privada e desespera aprovados em concurso

Bruno Chaves | 18/11/2013 16:25
Aprovados em concurso da Guarda Municipal, homens não foram nomeados e se desesperam com anúncio de contratação de empresa de segurança privada (Foto: Bruno Chaves)
Aprovados em concurso da Guarda Municipal, homens não foram nomeados e se desesperam com anúncio de contratação de empresa de segurança privada (Foto: Bruno Chaves)

Às vésperas de verem os sonhos morrerem, 77 aprovados e capacitados no Curso de Formação para atuarem na Guarda Municipal de Campo Grande estão desesperados com a chegada do dia 23 de dezembro de 2013, data em que o concurso público de 2009 perde a validade. A situação ficou pior porque o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), anunciou a contratação de uma empresa de segurança privada para cuidar de prédios da Segov (Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais) e da Fundac (Fundação Municipal de Cultura).

“Passamos por quatro anos por essa angústia e parece que não vamos trabalhar”, disse Herik Garcia, 27 anos, representante do grupo de remanescentes, sobre o tempo de preparação para a atuação na Guarda Municipal e sobre o fato de o município querer contratar uma empresa de segurança ao invés de convocar os aprovados no concurso.

Herik, que hoje trabalha com venda de extintores, relembrou a angústia dos “guardas” que foram aprovados em todas as etapas do concurso, realizaram o curso de formação de 45 dias, investiram dinheiro na carreira e até hoje não foram nomeados pela prefeitura.

“Todos foram aprovados no curso de formação de 2011. Fizemos formatura solene e até hoje não fomos nomeados. Muitos de nós pediram demissão do emprego com a expectativa de assumir o cargo, estamos desempregados e vivemos de bico”, revela.

Segundo ele, com a promessa de nomeação, “pessoas que tinham mais de 10 anos de emprego pediram demissão”. “Estamos passando por humilhação. Têm familiares e amigos que não acreditam que a gente passou no concurso até hoje”, lamenta.

Parte dos aprovados acompanhou discussão sobre os remanescentes da Guarda em audiência pública (Foto: Bruno Chaves)
Parte dos aprovados acompanhou discussão sobre os remanescentes da Guarda em audiência pública (Foto: Bruno Chaves)
Vereadores debaterem assunto e querem que prefeitura convoque, até o dia 23, aprovados em concurso (Foto: Bruno Chaves)
Vereadores debaterem assunto e querem que prefeitura convoque, até o dia 23, aprovados em concurso (Foto: Bruno Chaves)

Audiência Pública – O assunto foi discutido nesta segunda-feira (18) na Câmara Municipal de Campo Grande. A audiência pública foi proposta pelo vereador Ademar Vieira Junior, o Coringa (PSD).

De acordo com o parlamentar, a prefeitura alega impossibilidade financeira para convocar os aprovados. “Mas ela se contradiz. Se está com dificuldade em chamar os guardas, por que abriu processo para contratar uma empresa privada?”, questiona o vereador. “Isso é ilegal”, emenda.

Atualmente, o salário bruto de um guarda municipal gira em torno de R$ 1,6 mil. Com a contratação dos 77 aprovados no concurso e no Curso de Formação, a prefeitura teria um gasto mensal em torno de R$ 123 mil.

O advogado Paulo Belarmino Junior, participante da audiência, ainda lembrou que a Prefeitura de Campo Grande se comprometeu, por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado em 2007 com o MPE (Ministério Público Estadual) e o MPT (Ministério Público do Trabalho), em fechar um quadro de 2.888 guardas municipais. Atualmente, o efetivo da guarda é de 1.324 recrutas. Ou seja, a cidade possui um déficit de 1.564 profissionais.

“Nossa intenção é fazer com que a prefeitura convoque os concursados”, explica Belarmino.

Supervisor de segurança quer migrar para setor público e diz que concurso é um sonho (Foto: Bruno Chaves)
Supervisor de segurança quer migrar para setor público e diz que concurso é um sonho (Foto: Bruno Chaves)

Dúvidas – Enquanto os poderes decidem os rumos da segurança pública da cidade, os aprovados no concurso convivem com dúvidas e incertezas sobre a chance de assumirem as vagas que lhes são de direito.

“É uma frustração. Não sabemos se teremos a chance de nos dedicarmos ao serviço que escolhemos”, disse Jacques Teotônio da Silva, 40 anos, que trabalha há 20 na área de segurança privada. “Tenho um sonho de trabalhar na segurança pública e dar apoio às polícias de Campo Grande”, emenda.

Já o salgadeiro Cleison Ferreira da Silva, 31, relata as dificuldades enfrentadas com o tempo vivido às escuras. “Se eles fossem não fossem convocar os aprovados, por que fizeram o curso de formação?”, questiona.

Por confiar tanto na nomeação, prometida na formatura do curso, a maioria dos novos guardas abandou a iniciativa privada. “Eu mesmo pedi demissão de um emprego de dois anos e perdi uma boa rescisão”, lembra.

De 2011 para cá, Cleison lembra que nunca mais conseguiu emprego de carteira assinada. Atualmente ele trabalha como autônomo na produção de salgados de uma fábrica. “Minha esposa fala para eu desistir do concurso, mas eu quero assumir por orgulho e por merecimento”, garante.

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