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Capital

Bosque e centro comunitário viram ponto de uso de drogas à luz do dia

Paula Vitorino | 18/04/2012 07:55

Moradores do bairro Iraci Coelho são obrigados a conviver com boca de fumo em frente de casa

Bosque fica no fundo de escola estadual. (Fotos: Minamar Junior)
Bosque fica no fundo de escola estadual. (Fotos: Minamar Junior)
Jovem prepara cigarro de maconha.
Jovem prepara cigarro de maconha.

Sem pudor, em plena luz do dia, jovens usam drogas em meio a bosque e prédio abandonado do antigo centro comunitário do bairro Iraci Coelho, em Campo Grande. A área ocupa o mesmo terreno de uma escola estadual, além de ser rodeada de residências e comércios.

A reportagem do Campo Grande News esteve no local e flagrou jovens utilizando drogas na copa de uma das árvores, ao lado de residências, por volta do meio-dia. Um grupo de garotos, que aparentavam serem menores de idade, também foi flagrado no momento em “embolavam” um cigarro de maconha, em meio ao bosque. Ao perceber a presença da imprensa, os jovens dispersam.

Enquanto os usuários passeiam e utilizam drogas tranquilamente pelo local, os moradores perdem a privacidade e são obrigados a conviver com a sensação de insegurança e impunidade.

“Parece que cada dia está aumentando mais o número de usuários e eles não têm vergonha. É a qualquer hora do dia eles usando drogas”, diz o morador Fábio Antônio Ferreira, de 32 anos.

Além dos vizinhos, que tem como vista das janelas e portas de casa a boca de fumo, alunos da escola e moradores da região são obrigados a passar pelo mesmo local para cruzar e rua.

“A gente fica com medo de passar por aí, principalmente durante a noite”, diz um morador.

A funcionária da Escola Estadual Zélia Quevedo Chaves, Maria Andrade, de 51 anos, conta que o local é um antigo problema para a instituição. “Além do perigo para os alunos, às vezes temos problema porque alguns estudantes ao invés de ir para aula ficam escondidos no local”, diz.

Já o pai e morador Antônio Gomes, de 53 anos, diz que é constrangedor saber que a cena é presenciada diariamente por seus filhos. “Ficam o dia inteiro usando drogas ali, na frente dos nossos filhos, a qualquer hora do dia. É um absurdo”, alerta.

Utensílios utilizados para usar droga deixados dentro do casarão.
Utensílios utilizados para usar droga deixados dentro do casarão.
Paredes estão pichadas.
Paredes estão pichadas.

Casarão - Além da boca de fumo ao ar livre, o prédio abandonado do antigo centro comunitário do bairro virou ponto de esconderijo para os usuários, bandidos e moradores de rua. Segundo apurou a reportagem, o casarão está abandonado há cerca de 10 anos.

“Tem de tudo lá dentro. Camisinha, resto de droga, garrafa de bebida e tudo quanto é tipo de imundície”, diz o morador Walter Eugênio, de 34 anos.

A comerciante Rosa Marques, de 55 anos, diz que o medo é constante. “Esse casarão serve de esconderijo para bandido e ninguém faz nada”, denuncia.

Ela conta que clientes já foram assaltados em frente ao estabelecimento, que também já foi várias vezes alvo dos bandidos. A proprietária afirma que a maioria dos roubos e furtos foram praticados pelos usuários de drogas da área.

“É roubo que molecada faz. A gente sabe quem fez a maioria. Eles entram e aproveitam para roubar o que conseguem e dá pra comprar droga”, diz.

O vizinho Vicente Calarram, de 20 anos, ainda diz que o prédio serve de abriga para “festas” durante a noite. “Vivem fazendo bagunça aí dentro”, diz.

Local é utilizado como abrigo para moradores de rua.
Local é utilizado como abrigo para moradores de rua.
Casarão abandonado à direita. Casas foram cosntruídas em área à esquerda.
Casarão abandonado à direita. Casas foram cosntruídas em área à esquerda.

Invasão - O mesmo terreno ainda tem uma área que foi ocupada irregularmente por moradores. São cerca de 10 casas e dois comércios construídos no local.

Os moradores reclamam que a área era um campo de futebol, utilizado para recreação dos moradores do bairro, antes da ocupação. “Tomaram a única área de lazer que tínhamos para construir uma espécie de favela”, diz o morador Vanderlei Martinez, de 38 anos.

Segundo informações dos moradores do bairro, a área em que está o prédio abandonado e foi ocupada com moradias é pública, mas foi cedida para uso de uma cooperativa, que faliu e algumas lideranças aproveitaram para lotear e vender alguns espaços do terreno.

A União Municipal das Associações de Moradores de Campo Grande (UMAM) informou que o local está abandonado desde que o antigo presidente deixou o cargo, há cerca de 10 anos.

No entanto, a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal garantiu que nenhuma parte da área é pública e informou que está registrada no nome da massa falida da Cooperativa de Habitação.

Um dos primeiros moradores, Giovani Alves, de 48 anos, afirma que comprou o terreno por R$ 12 mil há cerca de 7 anos.

Já um morador do local há 4 anos, Vander Régis, de 41 anos, diz que foi morar na área depois de ser convidado. “Morava em uma casa no Aero Rancho, que agora ficou para as minhas filhas”, diz.

Os moradores da área afirmam que não estão ilegais e moram no local com o direito de usucapião.

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