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Capital

Campo Grande tem índice de câncer de mama 50% maior do que o nacional

Chloé Pinheiro | 04/10/2016 09:12
Mulheres da Rede Feminina de Combate ao Câncer em caminhada pelo centro no último sábado (01). (Foto: Divulgação)
Mulheres da Rede Feminina de Combate ao Câncer em caminhada pelo centro no último sábado (01). (Foto: Divulgação)

No último sábado (01), quem estava no Centro de Campo Grande pôde ver um grupo cor-de-rosa caminhando pelas ruas da cidade. A ação, organizada pela Rede Feminina de Combate ao câncer, marcou o início dos trabalhos do Outubro Rosa, iniciativa mundial que conscientiza a população sobre a importância de fazer exames e descobrir logo cedo o problema.

Na capital, essa conscientização é mais do que bem-vinda: é urgente. Cerca de 85 mulheres a cada 100 mil terão câncer de mama em Campo Grande. A taxa, bem superior à média nacional, que é de 56,2, é a terceira maior entre as capitais, perdendo apenas para Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Segundo os especialistas, a diferença é justificada por conta do acesso ao tratamento. “Como Campo Grande é uma referência, muitas pessoas de outros municípios mudam para cá quando descobrem a doença, e isso ajuda a aumentar a estatística”, conta Jefferson Baggio, diretor clínico do Hospital do Câncer Alfredo Abrão, que é referência no estado para o tratamento da doença.

Isso não quer dizer, entretanto, que as campo-grandenses estão livres do perigo. “A incidência aumentou aqui, assim como no mundo todo, especialmente por conta do estilo de vida, que influencia no desenvolvimento”, continua o oncologista.

“Diferente do que se pensa, só 10% dos casos é de origem genética, o resto é comportamental”, alerta Baggio. Entre os fatores de risco, estão o excesso de peso, o uso de contraceptivos orais e terapias de reposição hormonal.

Isso porque esses fatores mudam o nível de hormônios pelo corpo, e a maioria dos tumores de mama são hormônio-dependentes, ou seja, precisam de hormônios para se desenvolver. Logo, qualquer desequilíbrio que aumente as taxas dessas substâncias pode ser um gatilho para que o nódulo surja.

Como se trata de uma doença silenciosa, a dificuldade maior é flagrá-la logo no início. “Se ele é descoberto logo no início, o índice de cura chega a 90%”, completa. “Praticamente não existem sintomas no começo da doença, por isso insistimos que prevenir é a melhor maneira de fazer o diagnóstico precoce”, orienta o médico.

“Nos últimos cinco anos, melhoramos o diagnóstico precoce, mas ainda não é o ideal. Queremos chegar nos índices americanos e europeus”, almeja o médico.

Por isso mesmo, a campanha encabeçada pelo Hospital e pela Rede Feminina de Combate ao Câncer foca na prevenção. “A mulher deve a partir dos 30 fazer exame clínico com o médico todos os anos e mamografias a partir dos 50”, explica Baggio.

Durante o mês de outubro, a Rede fará 40 palestras em empresas para conscientizar funcionários e a Prefeitura, por sua vez, focará esforços nas Unidades Básicas de Saúde da capital, com rodas de conversa, ampliação do horário de realização de exames e atividades físicas direcionadas.

Vivendo para contar - É importante também conscientizar os próprios profissionais de saúde sobre a maneira de lidar com esse tipo de câncer. A professora Grassieli Ramalho Giraldelli, de 34 anos, demorou seis meses para descobrir que carregava em seu seio um tumor maligno.

“Por culpa de erros médicos, achei primeiro que fosse leite empedrado, já que amamentava meu primeiro filho quando notei os nódulos, então demorei para descobrir, já estava no grau 2”, conta Grassieli, que na época, morava em Três Lagoas e veio à Capital para fazer o tratamento.

Depois do diagnóstico, ela teve que ser operada para retirada do seio e fez sessões de quimioterapia, tudo isso grávida de seu segundo filho, João Vicente, de dois anos. Quando o bebê nasceu, chegou a hora da radioterapia, que durou por 25 sessões. Hoje, ela comemora com sabedoria a luta que venceu.

“Procuro levar uma vida equilibrada, meu próprio médico diz: vai viver, porque se me policio muito ficarei estressada e o próprio stress leva ao câncer”, conta. E o pequeno companheiro também vai muito bem, obrigada.

“Ele é uma criança muito saudável, inteligente, fala tudo”, se orgulha a mãe do pequeno, que fez companhia a ela ainda na barriga durante o tratamento. No segundo ano sem a doença, Grassieli agora faz consultas periódicas de seis em seis meses. “Não fico triste pelo que passou, olho pro meu filho e me sinto grata por ter tido uma segunda chance de viver”, completa.

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