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Capital

Cansados de "conviver" com roubos, moradores cobram posto policial

Elverson Cardozo | 07/09/2013 08:49
Bairro que, para alguns tem fama de "perigoso", não tem posto policial. (Foto: Cleber Gellio)
Bairro que, para alguns tem fama de "perigoso", não tem posto policial. (Foto: Cleber Gellio)

Moradores e comerciantes do Jardim Itamaracá, em Campo Grande, reclamam da falta de segurança no bairro. Nos últimos meses, residências e empresas vêm sendo alvo de furtos e assaltos à mão armada.

A população protesta, pede um posto policial, e diz que o poder público tem feito pouca coisa para mudar a situação. A polícia, por outro lado, informa que a maioria dos casos não são comunicados e, por isso, não geram estatísticas. Também afirma que o flagrante não é única “arma” dos militares, que trabalham, acima de tudo, com ações preventivas e necessitam, portanto, da colaboração de todos.

Moradora do bairro, que pediu sigilo do nome, disse ao Campo Grande News que, na terça-feira (3) à tarde, criminosos tentaram invadir a residência dela e da vizinha ao lado.

O “serviço” só não foi concluído porque o alarme de uma das casas disparou e assustou os envolvidos. Não conseguiram levar nada, mas o prejuízo, para a proprietária, passou dos R$ 200,00.

“Eles quebraram o portão. Quando cheguei estava emperrado. Tive que mandar trocar a fechadura”, relatou. Ela mora no Itamaracá há seis meses. Saiu do centro, garantiu, porque apostou na expansão imobiliária da região, mas a falta de segurança tem se tornado um problema.

O cenário fica ainda mais crítico quando se leva em conta problemas como a iluminação pública precária nas áreas mais isoladas.

“Estamos correndo risco”, resumiu, ao comentar que, no bairro, não há uma base fixa da PM (Polícia Militar) e, quando há ocorrências, é preciso, além de esperar, aguardar a viatura que, muitas vezes, vem regiões próximas, com a Moreninha. “É necessário até para não afugentar os investidores que estão crescendo”, considerou.

Proprietária de um mercado, na avenida principal, Eunice Stutz, 54 anos, sabe que o relato é verdadeiro e, por isso, diz: “Não tem muita segurança. A gente confia mais em Deus”.

Proprietária de um mercado, Eunice Stutz já teve o estabelecimento assaltado duas vezes. (Foto: Cleber Gellio)
Proprietária de um mercado, Eunice Stutz já teve o estabelecimento assaltado duas vezes. (Foto: Cleber Gellio)
Moradora do bairro, a comerciante também ficou no prejuízo. Criminosos entraram na funilaria dele e roubaram o som de um carro. (Foto: Cleber Gellio)
Moradora do bairro, a comerciante também ficou no prejuízo. Criminosos entraram na funilaria dele e roubaram o som de um carro. (Foto: Cleber Gellio)

O estabelecimento dela já foi assaltado duas vezes. Felizmente, a situação não se repete há 2 anos, mas o medo continua. “A porta está aberta e não sabemos quem entra. A polícia passa de vez em quanto, mas demora”, relatou ao dizer, também, que o bairro, por ser grande, já merece um posto policial.

Outra comerciante, que prefere não se identificar, cobra providência. “Eu nem ando aqui à noite. Moro desde 96 e o Itamaracá é famoso por ser um bairro perigoso”, disse.

Ele é proprietária de uma funilaria que, há 15 dias, foi invadida. Ladrões retiraram e levaram um aparelho de som que estava no carro de um cliente. Resultado: A empresa teve de arcar com o prejuízo, que ficou em R$ 300,00.

Depois do roubo, a solução foi contratar um segurança particular, que faz plantão à noite. Somadas as diárias, o custo fica entre R$ 800,00 e R$ 900,00. É melhor que registrar boletim de ocorrência. O documento é emitido, explicou, mas a solução, dificilmente aparece. “Você perde seu tempo e ninguém resolve”, afirmou.

Mesmo discurso tem o proprietário de um mercado, Clizendo Nóbrega, 44 anos. “O brasileiro não registra BO porque perde tempo. Nós já registramos, mas nada foi feito. Parece que a polícia não tem um serviço de inteligência”, disse. O mercado que ele administra existe há 5 anos e já foi assaltado cinco vezes. Nem as câmeras do circuito interno de segurança espantam os marginais. “Em todas eles apareceram armados”, relembrou.

Em uma situação, a ousadia foi tanta que o ladrão saiu levando a gaveta do caixa. Em outra, durante um arrastão, o indivíduo apareceu pedindo dinheiro com uma sacolinha. “Tem cara que chega sem capacete. Eles não se preocupam se o local tem ou não câmera”.

Ocorrências dessa natureza, pelo visto, aumentam dia a dia, em toda a cidade, mas para Clizendo, a situação, no Itamaracá, é pior porque o bairro, como disse outros moradores, não tem uma base da polícia.

Câmeras do circuito interno de segurança não costuma assaltar criminosos. (Foto: Cleber Gellio)
Câmeras do circuito interno de segurança não costuma assaltar criminosos. (Foto: Cleber Gellio)

Adianta? - Subcomandante do 10º Batalhão de Polícia Militar, que atende a região do Itamaracá, o major Edilson José de Oliveira Ramos confirma que, de fato, no bairro não existe uma unidade fixa da PM, mas os militares, que vem de outras localidades, fazem a segurança em uma viatura e duas motos.

“Na verdade, nossas viaturas são dividas em pelotões. No 10º, por dia, a gente tem pelo menos 10 rodando, que atende de acordo com os chamados do Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança)”, explicou.

Major Edilson também confirma que, no bairro, entre os moradores, há reclamações relacionadas a roubos e furtos, mas, além do relato verbal, pouca gente, menos que 10% do total, ele estima, registram boletim de ocorrência, o que, na avaliação dele, é de extrema importância.

“O certo é registrar porque faz parte de nossas estatísticas. Se não faz isso, quando olhamos o sistema, notamos que lá está muito calmo”, elucidou. A polícia, completou, faz operações em cima de estatísticas. “A gente só provoca o poder público com registros”, concluiu.

Estatísticas oficiais - Dados do 10º BMP apontam que, do dia 1º de janeiro ao dia 1º de setembro deste ano, houve apenas quatro registros de furtos na região do Itamaracá. Duas pessoas foram presas.

O número de roubos que consta no sistema, neste mesmo período, é ainda menor: dois. Envolvidos em uma dessas ocorrências, cinco homens foram presos. Na outra, 2 adolescentes acabaram apreendidos.

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