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Capital

Captação demora, família sofre e só alguns órgãos de menino são doados

Aline dos Santos | 13/04/2015 17:38

Um gesto de amor ao próximo em meio à dor extrema da perda do filho de 12 anos trouxe ainda mais sofrimento para uma família de Campo Grande. Cientes de que o adolescente estava com morte encefálica, decorrente da queda de uma cama beliche na madrugada de sexta-feira (dia 10), os pais permitiram a doação de órgãos.

A decisão foi informada ainda na sexta e ratificada no sábado (11). A cirurgia para retirada dos órgãos foi agendada para às 9h de domingo (dia 12), mas só foi concretizada às 22h30. O pano de fundo era uma família angustiada, em luto pela perda precoce, e uma equipe médica lutando para manter os órgãos “vivos”. Não foi autorizada pela família a divulgação do nome do adolescente.

“No sábado à noite, foi assinado o documento e passado para os pais que as equipes se organizariam e no domingo, às 9h, fariam a a cirurgia retirada do órgãos. Os pais chegaram e falaram que seria às 15h. Foram lá de novo e nada, nada, nada. Isso é absurdo, falam tanto em transplante”, afirma Renê Ocampo Alves, amigo da família e coronel do Exército.

Sem respostas de quando o procedimento seria feito e vendo a angústia da família, o coronel entrou em contato com conhecidos em busca de resposta. “Vi o sofrimento da família 24 horas por dia. E o risco de o sofrimento dar em nada”, conta.

Quando a captação enfim foi feita, foram retirados apenas três dos 12 órgãos que poderiam ser destinados a doadores. Foram doados córneas, rins e fígado.

“Deveria ter mais eficiência nessa busca. E aquela vida que se 'apagou'? Quanto tempo tem que esperar para isso? Só na última hora ficaram sabendo que os órgãos iam para Brasília, Pará e Ceará”, relata.

O fato de o coração ter ficado de fora das doações também chamou a atenção. “Era o coração de um menino supersaudável de 12 anos”, salienta. Conforme Renê Alves, a informação era de que o o receptor que estava na fila não poderia receber o órgão porque estava com pneumonia.

Mas ele questiona o motivo de não ter sido levado para o segundo, terceiro da fila de espera. Pois campanhas e reportagens alertam para a importância do gesto e o baixo número de doações ainda registrados no País.

A dor do adeus  – O menino de 12 anos sofreu uma queda da cama beliche e bateu fortemente a cabeça. A queda foi na madrugada do dia 10. Ele foi levado no Hospital Militar, onde passou por cirurgia. Contudo, o inchaço no cérebro não regrediu e o órgão não tinha a irrigação necessária, o que resultou em elevada pressão intracraniana.

Ainda na noite de sexta-feira o quadro apontava para a morte encefálica. Uma novo procedimento foi realizado no sábado, mas sem sucesso.

À espera da doação,o garoto foi mantido por aparelhos, situação que dava aos familiares esperança, ainda que enganosa, de que ele poderia sobreviver. O velório só pôde acontecer hoje e o adolescente foi sepultado às 16h em Campo Grande. Em outros endereços, a vida segue nos receptores dos órgão do menino.

O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde para falar sobre o motivo da demora na resposta da Central de Transplantes do estado no início da tarde, mas até a publicação desta reportagem, não houve retorno.

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