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Capital

Cárcere durou 22 anos; aposentado se emociona ao ver netos pela 1ª vez

Edivaldo Bitencourt e Bruno Chaves | 19/12/2013 15:52
Aposentado se emocionou ao ver os netos pela primeira vez em fotografia (Foto: Marcos Ermínio)
Aposentado se emocionou ao ver os netos pela primeira vez em fotografia (Foto: Marcos Ermínio)

O aposentado Adão Sabino da Silva emocionou-se, há pouco, ao ver, pela primeira vez, a fotografia dos quatro netos, que eram agredidos e mantidos em cárcere privado na Capital. A mãe dos meninos, Cira da Silva, 44 anos, era mantida trancada dentro de casa pelo pedreiro Ângelo da Guarda Borges, 58, em cárcere privado há 22 anos, segundo o idoso.

Adão viu os netos na tarde desta quinta-feira ao prestar depoimento na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), no Centro da Capital. Ele contou que a família tentou, há 15 anos, quando a filha ficou grávida do primeiro filho, tirar Cira das garras do marido.

No entanto, na época, Cira preferiu continuar com o marido. “Ela falou que ele era um homem bom e eu era maluco e a abandonei”, comentou Adão, em depoimento à delegada Rosely Molina.

Depois, conforme o relato, ele nunca mais viu a filha nem os quatro netos, de 15, 13, 11 e 5 anos. Ele emocionou-se ao conhecê-los por meio de fotografia na tarde de hoje.

Para o aposentado, o desfecho de ontem, com a prisão do pedreiro e a libertação da família, foi o maior presente de Natal da sua vida. “Apesar do susto, foi um bom presente de Natal”, comentou.

Ele afirmou que pretende levar a filha e os quatro netos para sua casa no Bairro São Francisco. A família vivia em condições subumanas no Conjunto Aero Rancho. “Quero ver este homem atrás das grades, porque lugar de bandido é na cadeia”, afirmou.

A casa de Adão tem seis cômodos e ele pretende levar Cira e os filhos, no máximo, em uma semana para a casa. “Espero felicidade em 2014”, afirmou, a caminho do primeiro encontro com os netos e para conversar com a filha.

Barbaridade – A delegada comentou que a mulher sofria horrores nas mãos do pedreiro. Apesar de ter uma renda de R$ 4 mil por mês, ele mantinha a família em condições subumanas.

Ele batia na esposa e nos filhos com cabo de vassoura e pedaços de pau. Também dava porradas nos familiares.
Em um caso, que chocou a delegada Rosely Molina, Ângelo bateu na esposa com um cabo de vassoura porque ela aceitou um pão da vizinha. O homem não permitia que a família recebesse doações ou presentes de vizinhos, amigos e parentes.

Em outro caso, ao flagrar o filho caçula assistindo televisão, ele pegou o menino e bateu a cabeça dele no aparelho de TV. Segundo a delegada, o pedreiro não gostava que os filhos ou a esposa visse televisão sem sua autorização.

Ângelo foi mais radical em outro episódio. Quando o guri estava com três anos, ele torceu e quebrou o braço da criança. Para evitar vizinhos, curiosos e até o agente comunitário de saúde, ele colocou um espelho no portão, onde via quem batia palmas ou tentava entrar na casa.

Dos quatro meninos, segundo a delegada, dois, de 13 e 11 anos, estudavam. O mais velho e o mais novo não saiam de casa. Ângelo negou todas as denúncias em depoimento. Sobre as marcas de violência no corpo da mulher, ele atribuiu ao fato “dela ser epilética”. NO entanto, a doença foi a defesa apresentada por ele.

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