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Capital

Caso que pode ter motivado morte de professor ainda estava em fase inicial

Renan Nucci | 17/03/2015 11:24
Delegada Marília de Brito Martins, da Deam, disse que caso de estupro estava no início das investigações. (Foto: Alcides Neto)
Delegada Marília de Brito Martins, da Deam, disse que caso de estupro estava no início das investigações. (Foto: Alcides Neto)
Miguel Said investiga o homicídio, pela 1ª DP. (Foto: Marcelo Calazans)
Miguel Said investiga o homicídio, pela 1ª DP. (Foto: Marcelo Calazans)

A denúncia de abuso pela qual respondia Bruno Soares da Silva Santos, executado na manhã de ontem (16) aos 29 anos, no Centro de Campo Grande, estava em fase inicial de investigação por parte da Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher). De acordo com a delegada Marília de Brito Martins, a Polícia ainda reunia provas e preparava a intimação da vítima de 32 anos.

Bruno foi assassinado pelo marido dela, Francimar Cândido Cardoso, 30 anos, antes mesmo de dar sua versão oficial sobre os fatos. O crime aconteceu por volta das 07h30, na escola de cursos técnicos onde o professor de informática trabalhava, localizada na Rua Maracaju, entre a 13 de Maio e a 14 de Julho. Antes, ele havia sido apontado como autor em dois casos de ato obsceno e um de importunação ofensiva ao pudor, os três em 2010.

Violência – O suposto abuso aconteceu dia 23 de fevereiro, não muito distante da escola. Segundo a mulher, na ocasião, o também personal trainer e colega de trabalho dela foi até o ponto de ônibus na Rua Maracaju, próximo à Avenida Calógeras, onde ela estava. Ele teria a agarrado à força e a levado a um corredor abandonado onde cometeu os abusos. Por razões que ainda estão sendo apuradas, a mulher registrou a ocorrência apenas em 6 de março, na Casa da Mulher Brasileira, no Jardim Imá.

“O registro foi feito recentemente e estávamos colhendo provas”, reforçou a delegada, lembrando que a morte do suspeito não põe fim às investigações. “Ainda há muitas diligências a serem feitas. Precisamos ouvir testemunhas e também a própria vítima, já que este caso pode ter sido o pivô da morte de Bruno, como vingança”, completou.

Outros casos – Em 2010, três pessoas registraram boletins de ocorrência contra Bruno, segundo dados fornecidos pela assessoria de imprensa da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

No primeiro caso, de ato obsceno, o registro informa que ele parou o automóvel, um GM Corsa preto de quatro portas, e pediu informações para uma jovem de 21 anos que aguardava no ponto de ônibus na Rua Presidente Café Filho, no Bairro Almeida Lima. Quando ela se aproximou, ele mostrou o órgão genital e disse palavras de baixo calão, indo embora em seguida.

Em junho, na região da Vila Planalto, na Avenida Júlio de Castilho, teria abordado uma moça também de 21 anos e a forçado a entrar em seu carro, tentando beijá-la à força. Ela conseguiu tirar a chave da ignição e fugir – caso registrado como importunação ofensiva ao pudor. Em outubro, voltou a mostrar seu órgão, desta vez para duas adolescentes que transitavam pela Júlio de Castilho, cruzamento com a Barão de Ladário, na Vila Sobrinho.

Ele não foi intimado ou preso porque os atos cometidos foram entendidos como “de menor potencial ofensivo”, alega a Polícia. A delegada explica que a importunação ofensiva ao pudor nem chega a ser crime. “É uma contravenção penal e por isso não leva a prisão. É feito um termo circunstanciado e o caso é encaminhado para o juizado especial”, explicou.

Homicídio – De acordo com o delegado Miguel Said, da 1ª Delegacia de Polícia da Capital, responsável pelas investigações, a principal hipótese é que, ao tomar conhecimento do possível estupro contra a esposa, Francimar tenha tramado uma vingança.

No crime, ele, que atua como técnico em automação bancária, usou um carro Volkswagen Gol alugado pela empresa onde trabalha – sem o consentimento de seus superiores - para levar a arma até à escola e matar Bruno. “O veículo foi apreendido na região do Aero Rancho e veremos qual a importância dele no inquérito, para depois devolvermos”, explicou.

Francimar chegou ao local e disse na recepção que queria se matricular em algum curso, mas que teria de ser com Bruno. Quando a vítima se apresentou, ele saiu, foi até o carro, pegou uma arma de cano longo e efetuou o disparo fatal. “Ainda não sei o calibre porque não recebi os laudos, mas acredito que seja uma arma de caça”, disse o delegado, afirmando que Francimar vai responder por homicídio qualificado por ter dificultado a defesa da vítima. Segundo advogado, o autor pode se apresentar nas próximas horas.

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