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Capital

Central diz que hospital era obrigado a receber idoso

Natalia Yahn | 22/02/2016 12:30

A internação do idoso Sebastião Nogueira da Silva, 62 anos, que morreu na madrugada de hoje (22) após aguardar 8 horas por uma vaga no HU (Hospital Universitário), de Campo Grande, estava autorizada pela Central de Regulação Estadual e era prioridade zero – quando deve acontecer, mesmo quando não existe vaga.

A SES (Secretaria de Estado de Saúde) confirmou que HU e HR (Hospital Regional) foram acionados para disponibilizarem a vaga. Mesmo assim o paciente aguardou das 16h30 de ontem (21) até a 0h40 dentro da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) móvel que ficou na porta do HU para então ser encaminhado para o HR. Ele morreu apenas 20 minutos após ser internado e chegou ao hospital escoltado pela Polícia Civil.

A condição de emergência do caso obrigava o HU a disponibilizar a vaga no CTI. Porém a SES explica que por conta da superlotação dos dois hospitais, que a espera dentro da unidade móvel teria sido necessária, por ser o único local com condições de abrigar o paciente durante a espera.

O HR tem 29 leitos de UTI adulto, hoje todos estão ocupados e não foi informado pela SES se outras pessoas aguardam por vagas. A Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), que administra o HU foi procurada pela reportagem para falar sobre o caso, mas até o fechamento desta reportagem não deu retorno sobre os questionamentos feitos.

Caso – O paciente foi transferido do hospital de Costa Rica, a 400 quilômetros da Capital, ontem (21) ao meio dia. E após enfrentar uma viagem de 4 horas e 30 minutos, aguardou por uma vaga para ser internado até 0h40, do lado de fora do HU. A vaga para internação no HR foi disponibilizada pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), após o HU se recusar a internar o paciente.

A secretaria de Saúde de Costa Rica, Adriana Tobal, afirma que o idoso tinha uma vaga reservada desde que deixou o município. "A todo momento eu estava em contato com a central de regulação de vagas, e ele só veio para Campo Grande porque tinha a vaga disponível. Chegando na Capital aconteceu toda essa confusão. A polícia quase deu voz de prisão para o médico do HU. Mas em seguida o Estado conseguiu esta vaga no HR. Porém ele faleceu logo após dar entrada".

O estado de saúde de Sebastião era grave e ele precisava de um leito no CTI (Centro de Terapia Intensiva). "Ele deu entrada ontem (21), às 8 horas com insuficiência respiratória e renal, foi estabilizado e entubado. Ele precisava ir para o CTI, e nós não temos em Costa Rica", afirmou Adriana.

O corpo de Sebastião vai retornar para o município, onde será velado na capela pública, ainda sem horário previsto para ter início. O sepultamento será no cemitério municipal, também sem horário definido para acontecer.

O delegado HoffmanD'ávilla, que atendeu a ocorrência, informou que a família procurou a delegacia por volta das 22h relatando que o idoso respirava com ajuda de aparelhos e estava dentro da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) móvel, do lado de fora da unidade esperando um leito.

Se a viatura fosse desligada ou o combustível acabasse, o idoso morreria, pois dependia do aparelho para continuar respirando. A vítima chegou a ter uma parada cardíaca dentro da ambulância e foi reanimada pelos socorristas. A autoridade policial, então, foi até o hospital para verificar a omissão de socorro e, em contato com o médico plantonista, foi informada de que não tinha vaga.

Segundo o delegado, o caso não configura como omissão de socorro, porque o idoso conseguiu atendimento. Porém, os familiares podem registrar boletim de ocorrência para que seja investigada a demora, que acabou resultando na morte do paciente. “Até porque a filha da vítima estava com uma guia de internação, documento que informava a liberação da vaga”, detalha Hoffman.

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