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Capital

Ciúmes, álcool e amantes podem ter motivado crime de PM contra esposa

Jorge Almoas | 24/03/2011 17:25

Ligações vão ajudar a entender motivo que levou vítima até ex-marido

Paulo Cesar ficou muito tenso durante os depoimentos no Fórum na tarde de hoje (Foto: João Garrigó)
Paulo Cesar ficou muito tenso durante os depoimentos no Fórum na tarde de hoje (Foto: João Garrigó)

A morte da agente de saúde Luciana Chaves Farias, de 35 anos, pode ter sido motivada pela combinação de excesso de bebida, ciúmes e possíveis casos extraconjugais. Na tarde desta quinta-feira foram ouvidas as testemunhas de acusação do caso onde o PM Paulo Cesar Lucas Batista é acusado de matar a esposa a tiros, em janeiro deste ano.

Um ponto a ser esclarecido com o auxílio do depoimento das testemunhas e do acusado seria o motivo que levou Luciana a sair de casa na madrugada do dia 30 de janeiro. Há informações de que a vítima teria recebido a ligação de uma amante de Paulo Cesar e teria ido tirar satisfação.

Outros relatos apontam que ela teria ido ao encontro do marido, de quem estava separada há cerca de 10 dias, para se reconciliar.

Depoimentos – Com expressão defensiva e mãos nervosas, que gesticulavam o tempo todo, Paulo Cesar acompanhou alguns dos depoimentos, incluindo o relato da sogra e da filha mais velha, de 15 anos. Apenas a cunhada pediu para que ele fosse retirado da sala antes de falar ao juiz Aluízio Pereira dos Santos.

O delegado Higo Arakaki, que atendeu a ocorrência no dia 30 de janeiro, contou atendeu o fato por volta das 4h30 da manhã. No entanto o crime teria sido cometido às 2h40.

Chegando à quitinete onde Paulo Cesar estava morando após se separar de Luciana a cerca de 10 dias da data do crime, o delegado se deparou com três pontos controversos, que refutam a hipótese levantada pelo réu de que o disparo da arma de fogo teria sido motivado por um possível arrombamento de um ladrão.

“O cartucho da pistola estava do lado de fora do quarto, a porta tinha sinais de arrombamento pelo lado de dentro e o sangue da vítima estava concentrado em uma única poça, a cerca de 5 metros do quarto”, detalhou Arakaki.

A perícia constatou que a porta – que possuía uma tranca do tipo ‘tramela’ – tinha sinais de arrombamento pelo lado de dentro. O sangue de Luciana estava apenas em uma poça, sem rastro.

O delegado disse ainda que Luciana tinha um hematoma na testa e dois buracos causados por arma de fogo. “A princípio, pensamos ser um buraco para entrada do projétil e o outro da saída. Mas há possibilidade de ter sido dois disparos”, comentou Arakaki.

Em pesquisas no sistema da polícia, foram constatados outros relatos de brigas entre Luciana e Paulo Cesar. Em um dos episódios, ambos estavam em um churrasco, quando de desentenderam, e o PM sacou a arma, atirou, mas não atingiu a esposa.

Contra – A mãe de Luciana, a professora Marilsa Pereira Chaves, também prestou depoimento hoje. Muito nervosa, ela contou que o relacionamento da filha com Paulo Cesar, que durou 16 anos, sempre foi atribulado, e que ela, por diversas vezes, implorou para que a filha terminasse a relação.

“Mas ela dizia: ‘Mãe, se eu terminar, eu morro’. Ele vivia ameaçando ela. Ele é arrogante, agressivo e falava que se ela separasse dele, ou se arrumasse alguém, ele ia matá-la”, disse Marilsa.

Quando consumiam bebida alcoólica, o que era frequente, as agressões eram constantes. Por conta da força física, Paulo Cesar batia com freqüência na mulher. Ela chegou a registrar boletim de ocorrência, mas se reconciliava e desistia do processo.

“Ela proibia as filhas de comentar comigo sobre as brigas. Mas os vizinhos sabiam, todo mundo sabia”, afirmou. Marilsa descreveu um fato quando Luciana teria ido até um supermercado onde Paulo Cesar trabalhava e o ameaçou. “Ela falou ‘Me mata então. Não é o bravão pra me ameaçar em casa. Então, me mata aqui’”.

No dia do crime, Marilsa falou com a filha três horas antes do crime. As filhas estavam na casa da avó e só ficaram sabendo do crime na manhã do dia 30.

Traição – Presente em quase todas as brigas, a filha do casal, Isabelly Aparecida Chaves Batista, de 15 anos, reforçou que o pai era um sujeito agressivo, e que vivia humilhando a mãe, além de agredi-la.

“Ele a chamava de gorda feia, dizia que pegava mulher muito melhor que ela. Ele é um estúpido e ela era muito ciumenta”.

Isabelly acredita que alguém tenha ligado no celular da mãe no dia do crime, atraindo-a para a casa onde morava Paulo Cesar. “Minha mãe não ia sair de casa naquela hora à toa. Eu acho que alguém ligou para ela”, declarou a jovem.

O juiz Aluízio Pereira dos Santos solicitou os números de celulares utilizados à época do crime por Luciana e Paulo Cesar. O rastreamento das ligações pode apontar o que atraiu a vítima para a casa do algoz.

A irmã de Luciana, Aline Aparecida Chaves, chorou muito antes do depoimento e pediu para que Paulo Cesar não ficasse na sala.

A justiça vai marcar a audiência para ouvir as testemunhas de defesa e o próprio Paulo Cesar. As filhas do casal – de 15, 13 e 11 anos – moram com a avó e fazem tratamento psicológico. Paulo Cesar está preso no Presídio de Trânsito.

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