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Capital

Depois de “tampada” cratera do Jardim Carioca, água é o problema da vez

Paula Maciulevicius | 21/05/2011 08:24

O “cannyon” da Avenida 7 deu lugar a rio, mal cheiro e incômodo na porta de casa, de novo

Com força água desce até o final da Avenida 7. Problemas não faltam pela região. (Foto: João Garrigó)
Com força água desce até o final da Avenida 7. Problemas não faltam pela região. (Foto: João Garrigó)
Mas buraco que ficava em frente de igreja já não existe.
Mas buraco que ficava em frente de igreja já não existe.

As constantes chuvas dos primeiros meses na Capital trouxeram transtornos que nem mesmo o tempo seco conseguiu arrumar na Avenida 7, do bairro Jardim Carioca. A trégua da chuva resultou no “fechamento” da cratera, mas as consequências ainda rondam e preocupam moradores.

Quando o problema parecia ter sido solucionado, surge a “velha” característica do bairro. “Tem que fazer reportagem disso aí mesmo. Essa água já tem 500 anos que está aí”, grita o motociclista que passava pela avenida, ao ver a equipe do Campo Grande News no local.

É a voz de quem não aguenta mais tantos problemas.

Segundo o motociclista Marcos Pereira da Cruz, 38 anos, água é o que mais tem pelo bairro e não é saindo das torneiras das casas, “brota” na Avenida mesmo. “Já faz uns 2 ou 3 anos, para um tempo, daí volta a chover e o vazamento começa”, relata.

Ele tenta explicar que o riacho formado no canteiro da Avenida 7 vem de uma mina de uma escola do bairro Nova Campo Grande. “O encanamento é pequeno e sempre entope, o pessoal vem, mas nunca consegue desentupir e deixa isso aí para nós”, conta.

Seo Aristides Pires de Farias, 59 anos, pintor, não consegue relembrar quando foi a última vez que viu o bairro com tantos problemas. Ele mesmo responde que não se lembra porque isso ainda não tinha acontecido.

“Eu moro aqui desde 92, nunca deu problema. No mês passado quando secou a água, arrumaram o buraco, mas só para arrumar buraco, não está bom não é? questiona sobre o trabalho da secretaria de obras.

O problema, na visão do “seo” Aristides ganhou uma dimensão maior ainda com a quantidade de água que desde do Nova Campo Grande pela via. “Nossa saúde está fraca. Essa água toda que está aí faz mal, é podre. Se você ver o tanto de pernilongo que apareceu, antes não tinha assim”, resume o morador.

Imaginação da criança, que aponta “peixinhos” em meio ao lago formado. (Foto: João Garrigó)
Imaginação da criança, que aponta “peixinhos” em meio ao lago formado. (Foto: João Garrigó)

Mar não está para peixe – A artesã Petrona Benites, 41 anos, busca o filho “Betinho” de apenas 2 anos, todos os dias, na creche localizada na Avenida. De bicicleta e tentando escapar da água ela mostra a preocupação de todas as mães da região.

“Toda população está sendo colocada em perigo, está em risco a vida das crianças, além da água, tem buracos grandes e se um pequeno cai? Vai esperar acontecer o pior para então tomarem providência?” pergunta.

O “absurdo” que Petrona relata sobre a água que corre o bairro expos ainda mais a situação em que os moradores convivem. “Betinho” apontou o dedo para o lago e disse: “Tem peixinho, tem peixinho ali”.

Circulando em meio à crianças e adultos que tentam achar uma explicação para o problema, a água continua correndo, parece nascer no meio do bairro Nova Campo Grande e corre até o final da 7, passando pelo Carioca.

O entregador Valdemar Rosa da Costa, 30 anos, resume a “saga”.

“Lá em cima do lado direito tem uma escola, a água toda vem de lá, tem a tubulação por baixo, a água toda devia passar pelo cano, mas tem parte que está tampada, entupida e acaba vindo para fora com força”, afirma.

Motociclista precisa dividir “rua” com buracos e caminhão atolado. Todo cuidado é pouco. (Foto: João Garrigó)
Motociclista precisa dividir “rua” com buracos e caminhão atolado. Todo cuidado é pouco. (Foto: João Garrigó)
Abundância de água no bairro, que não vem das torneiras e foge do controle dos moradores. (Foto: João Garrigó)
Abundância de água no bairro, que não vem das torneiras e foge do controle dos moradores. (Foto: João Garrigó)

Vizinhança é unânime em dizer que o problema sempre existiu e que se agrava no período de chuva. A questão é que Campo Grande já não registra chuva significativa há dias. A trégua é um tempo precioso para que a situação seja arrumada.

Mas na visão dos moradores, não é bem isso que acontece. “Essa água aí já está fazendo aniversário. Daqui a pouco vamos cortar um bolo”, brinca Valdemar.

Cilada – Seguindo pela Avenida, na travessia com a Rua 46, já no bairro Nova Campo Grande, uma cena já entrou para a rotina do vendedor José Fernandes dos Anjos, 44 anos. A buraqueira que a chuvarada formou atolou o caminhão três quartos pela “milésima” vez.

O morador conta que não tinha alternativa se não passar pela cilada. José relembra que já ficou muitos dias de “molho” em casa, enquanto a água da chuva castigava as ruas.

“Eles falam que vão consertar, vão consertar, que precisa esperar a chuva passar. Ainda não veio ninguém, acho que estão esperando passar a chuva do ano que vem”, comenta.

A solução para desatolar o veículo do vendedor é a mesma de todos os moradores, esperar por ajuda. Assim como no caso do caminhão, as ruas também precisam de uma “mãozinha”, que segundo José Fernandes “precisa vir o mais rápido possível”.

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