Depois de “tampada” cratera do Jardim Carioca, água é o problema da vez
O “cannyon” da Avenida 7 deu lugar a rio, mal cheiro e incômodo na porta de casa, de novo
As constantes chuvas dos primeiros meses na Capital trouxeram transtornos que nem mesmo o tempo seco conseguiu arrumar na Avenida 7, do bairro Jardim Carioca. A trégua da chuva resultou no “fechamento” da cratera, mas as consequências ainda rondam e preocupam moradores.
Quando o problema parecia ter sido solucionado, surge a “velha” característica do bairro. “Tem que fazer reportagem disso aí mesmo. Essa água já tem 500 anos que está aí”, grita o motociclista que passava pela avenida, ao ver a equipe do Campo Grande News no local.
É a voz de quem não aguenta mais tantos problemas.
Segundo o motociclista Marcos Pereira da Cruz, 38 anos, água é o que mais tem pelo bairro e não é saindo das torneiras das casas, “brota” na Avenida mesmo. “Já faz uns 2 ou 3 anos, para um tempo, daí volta a chover e o vazamento começa”, relata.
Ele tenta explicar que o riacho formado no canteiro da Avenida 7 vem de uma mina de uma escola do bairro Nova Campo Grande. “O encanamento é pequeno e sempre entope, o pessoal vem, mas nunca consegue desentupir e deixa isso aí para nós”, conta.
Seo Aristides Pires de Farias, 59 anos, pintor, não consegue relembrar quando foi a última vez que viu o bairro com tantos problemas. Ele mesmo responde que não se lembra porque isso ainda não tinha acontecido.
“Eu moro aqui desde 92, nunca deu problema. No mês passado quando secou a água, arrumaram o buraco, mas só para arrumar buraco, não está bom não é? questiona sobre o trabalho da secretaria de obras.
O problema, na visão do “seo” Aristides ganhou uma dimensão maior ainda com a quantidade de água que desde do Nova Campo Grande pela via. “Nossa saúde está fraca. Essa água toda que está aí faz mal, é podre. Se você ver o tanto de pernilongo que apareceu, antes não tinha assim”, resume o morador.
Mar não está para peixe – A artesã Petrona Benites, 41 anos, busca o filho “Betinho” de apenas 2 anos, todos os dias, na creche localizada na Avenida. De bicicleta e tentando escapar da água ela mostra a preocupação de todas as mães da região.
“Toda população está sendo colocada em perigo, está em risco a vida das crianças, além da água, tem buracos grandes e se um pequeno cai? Vai esperar acontecer o pior para então tomarem providência?” pergunta.
O “absurdo” que Petrona relata sobre a água que corre o bairro expos ainda mais a situação em que os moradores convivem. “Betinho” apontou o dedo para o lago e disse: “Tem peixinho, tem peixinho ali”.
Circulando em meio à crianças e adultos que tentam achar uma explicação para o problema, a água continua correndo, parece nascer no meio do bairro Nova Campo Grande e corre até o final da 7, passando pelo Carioca.
O entregador Valdemar Rosa da Costa, 30 anos, resume a “saga”.
“Lá em cima do lado direito tem uma escola, a água toda vem de lá, tem a tubulação por baixo, a água toda devia passar pelo cano, mas tem parte que está tampada, entupida e acaba vindo para fora com força”, afirma.
Vizinhança é unânime em dizer que o problema sempre existiu e que se agrava no período de chuva. A questão é que Campo Grande já não registra chuva significativa há dias. A trégua é um tempo precioso para que a situação seja arrumada.
Mas na visão dos moradores, não é bem isso que acontece. “Essa água aí já está fazendo aniversário. Daqui a pouco vamos cortar um bolo”, brinca Valdemar.
Cilada – Seguindo pela Avenida, na travessia com a Rua 46, já no bairro Nova Campo Grande, uma cena já entrou para a rotina do vendedor José Fernandes dos Anjos, 44 anos. A buraqueira que a chuvarada formou atolou o caminhão três quartos pela “milésima” vez.
O morador conta que não tinha alternativa se não passar pela cilada. José relembra que já ficou muitos dias de “molho” em casa, enquanto a água da chuva castigava as ruas.
“Eles falam que vão consertar, vão consertar, que precisa esperar a chuva passar. Ainda não veio ninguém, acho que estão esperando passar a chuva do ano que vem”, comenta.
A solução para desatolar o veículo do vendedor é a mesma de todos os moradores, esperar por ajuda. Assim como no caso do caminhão, as ruas também precisam de uma “mãozinha”, que segundo José Fernandes “precisa vir o mais rápido possível”.