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Capital

Com greve, população evita postos e salas de espera ficam vazias

Alan Diógenes | 27/08/2015 18:04
Sabendo de paralisação, usuários esvaziam salas de espera nos postos. (Foto: Fernando Antunes)
Sabendo de paralisação, usuários esvaziam salas de espera nos postos. (Foto: Fernando Antunes)
Francisco sofre com pressão alta e diabetes e enfrenta maratona para conseguir atendimento. (Foto: Fernando Antunes)
Francisco sofre com pressão alta e diabetes e enfrenta maratona para conseguir atendimento. (Foto: Fernando Antunes)

Diferente da realidade constatada no início da greve dos médicos, há 13 dias na Capital, com filas de pacientes aguardando atendimento, agora o que se vê são salas de espera vazias na maioria dos postos de saúde. A população sabendo da paralisação deixou de ir às unidades e os usuários que ainda insistem no atendimento são orientados pelos enfermeiros a retornarem para casa.

É o caso do aposentado Francisco Amilton Fernando, 72 anos, que sofre de pressão alta e tem diabetes. Ele enfrenta uma maratona de dificuldades para ter uma consulta. “Moro no Bairro Aquário II e preciso pegar dois ônibus para chegar ao posto de saúde do Buriti. Lá não tem médico e me falaram para vir ao posto de saúde do Aero Rancho. Aqui também não consegui uma consulta”, explicou.

Segundo o aposentado, mais difícil do que conseguir uma consulta, é encontrar os medicamentos necessários para o tratamento das doenças. “Sempre estão em falta. Quando tem são aqueles medicamentos mais baratos para gripe e essas coisas. Os mais específicos são caros, não tem no SUS (Sistema Único de Saúde) e temos que comprar em farmácias particulares”, comentou.

Francisco, que trabalhou 30 anos em uma cerâmica na produção de pisos, ainda tem esperança de que a saúde em Campo Grande melhore. “Os políticos precisam investir 15% da arrecadação bruta do município em saúde, conforme está na Constituição Federal. Mas como diz aquele ditado, nada melhor que um dia após o outro, é desta forma que vivo”, destacou.

A dona de casa Vanuza Francisca da Silva Lima, 45, chegou ao CRS (Centro Regional de Saúde) do Bairro Aero Rancho, às 14h desta quinta-feira (27) com dores na bexiga. Segundo ela, um enfermeiro avisou que não haviam médicos no momento e que ela deveria retornar as 19h.

“Ele me disse que não adiantava mentir para eu não ficar esperando a toa, e que só atendem urgência e emergência, ou seja, seja esfaqueada ou infartando. Eu como ainda não está morrendo tenho que sentir dor lá em casa”, salientou Vanuza.

Marinalva chegou ao posto com alergia e foi atendida depois de seis horas. (Foto: Fernando Antunes)
Marinalva chegou ao posto com alergia e foi atendida depois de seis horas. (Foto: Fernando Antunes)
Enfermeiro orientou Vanuza a voltar para casa, porque não havia médicos no posto de saúde do Aero Rancho. (Foto: Fernando Antunes)
Enfermeiro orientou Vanuza a voltar para casa, porque não havia médicos no posto de saúde do Aero Rancho. (Foto: Fernando Antunes)

A dona de casa Marinalva Pereira de Oliveira, 34, foi ao posto de saúde do Bairro Guanandi, na terça-feira (25), com uma alergia espalhada por todo o corpo. “Fiquei seis horas esperando e vi pessoas melhores do que eu passar na frente”, mencionou.

A alergia não melhorou e ela teve que retornar ao posto hoje, desta vez em uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). “Estou com muita dor no corpo. A situação da saúde é grave e a gente tem que morrer na frente do posto para ser atendido. Hoje só me atenderam rápido porque vim com o Samu”, explicou.

Já a dona de casa Dayane Gonçalves Nery, 31, não conseguiu remédios para o marido acidentado no posto de saúde do Bairro Caiçara. Ela foi ao posto de saúde “tentar a sorte”. “Espero que aqui tenha, a esperança é a última que morre”, finalizou.

Os médicos reafirmaram que só voltam às atividades com a definição de uma data para o reajuste dos salários, o pagamento no 5º dia útil e a definição dos plantões por uma equipe formada por representantes do sindicato e da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). O novo secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, começou as negociações para acabar com a paralisação. Ele prometeu a levar a proposta dos médicos ao prefeito ainda hoje e dar a resposta nesta quinta-feira.

De acordo com o novo secretário de Saúde, a primeira designação de Bernal será atender às reivindicações dos médicos.

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