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Capital

Com greves, movimento de pequenos comércios sofre queda de até 30%

Flávia Lima | 19/10/2015 15:19
Lojistas da principal rua do comércio do Aero Rancho estão sofrendo queda nas vendas. (Foto:Arquivo Campo Grande News/Marcos Ermínio)
Lojistas da principal rua do comércio do Aero Rancho estão sofrendo queda nas vendas. (Foto:Arquivo Campo Grande News/Marcos Ermínio)

Donos de pequenos etabelecimentos comerciais da Capital estão perdendo clientes devido a greve dos bancos, que entra em seu 12º dia nesta segunda-feira (19) e a paralisação dos peritos do INSS, que já passa de um mês. A situação é mais grave em bairros afastados da região central, onde os moradores, acostumados a pagar as compras à vista, são responsáveis por masi de 50% da clientela das lojas.

No Bairro Aero Rancho, os comerciantes que mantém lojas na Avenida Raquel de Queiroz, uma das principais da região, já sentem a queda no movimento. Dono de uma bicicletaria há 28 anos, Afonso José dos Santos não lembra de ter passado por um período tão difícil devido a greves. 

Sem mencionar valores, ele diz que seu prejuízo é maior do que outros estabelecimentos, já que não trabalha com cartões de débito e nem de crédito, por isso, depende apenas dos pagamentos à vista. "Como o pessoal está com dificuldade de sacar dinheiro, quando consegue prefere pagar contas e eu acabo esquecido", ressalta.

Para acompanhar o mercado, ele diz que planejava uma ampliação de sua oficina e a adesão aos cartões bancparios, mas com a greve e a crise financeira, decidiu aguardar por mais um tempo. "Meu movimento caiu 20%,  mas como tenho clientes antigos, espero que eles voltem", diz.

O cenário não é diferente nas lojas dos amigos que disputam os mesmos clientes. A queda em 30% de sua clientela fez a comerciante Tamires Cristina Arantes Pereira abrir sua loja de roupas e utilidades uma hora mais tarde. "Ficava sentada aqui sem fazer nada. Já reorganizei as mercadorias para chamar mais a atenção, mas não resolveu muito", diz.

Apesar de trabalhar com o sistema de cartões, ela revela que cerca de 80% de seus clientes optam pelo pagamento em dinheiro e com a dificuldade em realizar saques devido aos limites impostos pelas lotéricas e caixas eletrônicos, a entrada de capital estagnou em sua loja.

Além da greve dos bancários, a paralisação dos peritos do INSS e até dos funcionários da Solurb vem contribuindo com a queda de seus lucros. "Muitos clientes são aposentados ou estão afastados por invalidez, por isso dependem da perícia para ter os benefícios liberados", afirma.

Até o impasse no pagamento dos funcionários da concessionária responsável pela coleta de lixo na Capital tem influenciado em suas vendas. "Tenho amigas que o marido trabalha na Solurb e como nunca sabe quando vai receber, prefere não assumir compromissos".

Para ajudar os clientes e a saúde financeira de sua loja, Tamires até tentou implantar um crediário próprio, mas devido ao calotes, restringiu o benefício apenas a três clientes. "O pessoal prefere pagar as contas maiores e o meu boleto era sempre o último", afirma.

Pagando um aluguel de R$ 595,00 pelo salão que ocupa, ela se preocupa com a indefinição das greves. "Me preparava para ampliar o e spaço e oferecer mais conforto aos clientes, mas agora estou com medo", destaca.  

Situação semelhante é a do sapateiro Adalberto Fernandes, que há 15 anos tem comércio no bairro e há pouco tempo, além dos consertos, também passou a vender sapatos. Ele conta que 40% de seus clientes são aposentados que estão com dificuldade de receber os benefícios devido ao cancelamento das perícias. "Estou segurando as pontas com os consertos de calçados, porque minhas vendas sofreram queda já que o pessoal sente um clima de insegurança com essas greves", revela.

Quanto ao pagamento dos fornecedores, os comerciantes relatam que não vem encontrando dificuldades, pois preferem utilizar as transferências on line, além dos depósitos em envelopes. "Na sexta mesmo fiz um pagamento e foi compensado normalmente", diz o comerciante José Milton Junior, dono de uma loja de utilidades domésticas.

Dona de uma loja de doces, a comerciante Roseli de Freitas também não tem sentindo os efeitos da greve dos bancários, já que paga os fornecedores em dinheiro e à vista.

No entanto, os comerciantes que pagam seus prestadores de serviço e fornecedores através de boletos da Caixa Econômica Federal, vem encontrando dificuldade para pagar documentos com valores acima de R$ 700,00. "Hoje mesmo tenho uma fatura de R$ 1.924,00 e não sei como vou fazer", diz Adalberto Fernandes.  

Greves - Segundo o Sindicato dos Bancários de Campo Grande e região, a greve da categoria prossegue sem definição. Nenhum tipo de contraproposta foi apresentada semana passada pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos)   

Das 170 agências da Capital e municípios que compõem a base do sindicato, 143 estão fechadas. "Os banqueiros ainda não sinalizaram uma nova proposta. Pedimos um reajuste de 16%, sendo 5,6% de aumento real e 9,88% referentes à perda da inflação, além de mais contratações e segurança e os banqueiros ofereceu apenas um abono de 5,5%", enfatiza o presidente Edvaldo Barros.

Já a paralisação dos peritos completa mais de um mês sem definição. A categoria pede aumento salarial de 27%, além de 30 horas semanais de trabalho e reestruturação da carreira e fim da terceirização. Mais de 350 mil procedimentos deixaram de ser feitos em todo o país desde o início da greve, que começou em 4 de setembro. 

Adalberto Fernandes estava preocupado com a fatura que precisaria pagar nos bancos em greve. (Foto:Fernando Antunes)
Adalberto Fernandes estava preocupado com a fatura que precisaria pagar nos bancos em greve. (Foto:Fernando Antunes)
A comerciante Tamires Cristina chegou a cancelar o crediário próprio em sua loja. (Foto:Fernando Antunes)
A comerciante Tamires Cristina chegou a cancelar o crediário próprio em sua loja. (Foto:Fernando Antunes)
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