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Capital

Com o bairro tomado por buracos e crateras, moradores pedem remoção

Linha de ônibus teve de ser alterada por conta de buracos em via. Cratera com mais de 4 mestros ameaça casas e igreja no Jardim Carioca.

Paula Vitorino | 06/04/2011 15:10
Morador entrou dentro de buraco em frente a sua casa para comprovar profundidade.
Morador entrou dentro de buraco em frente a sua casa para comprovar profundidade.

A “lagoa” que se formou no início da Avenida 7, no Jardim Carioca, abre crateras e preocupa as cerca de 50 pessoas, entre crianças e adultos, que moram no terreno entre os buracos. A área ocupada é de comodato da Prefeitura Municipal.

“Nossa caso é de remoção. A gente não quer mais ficar correndo riscos. Aparece tudo quanto é tipo de animais peçonhentos, como cobras. Meu bebê vai nascer e a gente nessas condições”, diz Suelen Lopes Amarilho, de 26 anos.

As famílias afirmam que já foram cadastradas pela EMHA, mas aguardam há ao menos cinco anos uma casa.

Em dias de chuva, as famílias ficam isoladas na área, que é tomada pela enxurrada e depois deixa os buracos cheios d’água, um risco a quem passa.

A dona de casa Celimara Soares Domingues, de 39 anos, alerta para os perigos a que as crianças do local estão expostas.

“Aqui é cheio de criança, elas vivem brincando por aqui, perto da lagoa e do buraco. Meu neto de 2 anos quase morreu afogado nesse buraco no domingo (3)”, afirma.

Tanto a lagoa quanto o buraco estão cheios de água e não aparentam ter tanta profundidade.

As casas do local também estão sendo ameaçadas por uma árvore que fica dentro de uma das residências e está levantando a terra.

Cratera quase engoliu igreja no Jardim Carioca. (Fotos: João Garrigó)
Cratera quase engoliu igreja no Jardim Carioca. (Fotos: João Garrigó)
Caminhonete ficou atolada quando seguia para fazer entrega de cimento.
Caminhonete ficou atolada quando seguia para fazer entrega de cimento.

As ruas da região, do Nova Campo Grande ao Jardim Carioca, estão tomadas por buracos, que em alguns casos chegam a ser crateras com mais de 4 metros de profundidade.

Com uma frase, o caminhoneiro e morador do bairro Nova Campo Grande, Edson Moraes da Cruz, de 28 anos, define a situação da região. “Estamos ficando praticamente ilhados aqui”, afirma.

A dificuldade em transitar pelo local sem correr o risco de ficar atolado, já provocou a mudança da linha de ônibus e diariamente causa transtornos para a condução dos moradores, que tentam transitar seja de carro, bicicleta ou mesmo a pé.

Quem antes andava até a Rua 21 para pegar o ônibus da linha que atende as ruas do bairro, agora tem de andar mais duas quadras para chegar até a Avenida Amaro Castro Lima, que é asfaltada.

De acordo com os moradores, três ônibus já atolaram na via antes que a linha do ônibus fosse alterada para a Avenida.

Apesar da distância para o ponto ter aumentado apenas duas quadras, os riscos e prejuízos para os moradores que dependem do transporte coletivo são muitos.

“Na sexta-feira passada não deu pra ir à escola, ninguém conseguia passar pelas ruas cheias de água”, diz a estudante Ana Carolina Campos, de 14 anos. Ela mora há uma quadra do antigo ponto de ônibus.

Os pais da adolescente também temem pela segurança dos estudantes que utilizam o coletivo. “É uma escuridão isso daqui à noite. Agora o pessoal que estuda à noite ou chega do trabalho tem que andar pelo mato para chegar até a avenida”, ressalta o padrasto, Edson Moraes da Cruz, de 28 anos.

Cratera no Jardim Carioca ameaça igreja e casas.
Cratera no Jardim Carioca ameaça igreja e casas.

Buracos - Para saber qual é a Avenida 7, que corta os bairros Nova Campo Grande e Jardim Carioca, é só indicar: “é aquela rua dos buracos”. No início da via, uma erosão foi aberta bem próxima às casas e forma uma espécie de “lagoa” com cerca de um metro de profundidade, onde as crianças arriscam sua segurança brincando.

Já no final da avenida, no Jardim Carioca, uma cratera ameaça o prédio de uma igreja e de casas vizinhas.

De acordo com os moradores, os buracos começaram a surgir com as chuvas do início do ano, mas aumentaram rapidamente de tamanho com as enxurradas que atingiram a cidade no fim de março.

Uma mina que estourou nas proximidades do aeroporto também foi um dos principais agravantes para a situação dos buracos, segundo os moradores. A água escorre continuamente pela via, provocando erosões ao longo do trajeto.

“Dia e noite é água escorrendo. E se chove é muito água que jorra e nem precisa ser chuva forte”, ressalta o comerciante Aristides Pires de Farias, de 58 anos.

Ele lembra que a erosão no Jardim Carioca começou com um “pequeno buraco”, na área sem asfalto, depois do fim da avenida, próximo ao córrego Imbirussu.

Mas por conta das chuvas fortes dos dois últimos meses uma cratera foi aberta e chegou a derrubar parte do asfalto da avenida.

“Em três isso daí abriu muito. Já veio tudo quanto é imprensa aqui, mas os responsáveis, a Prefeitura, não apareceu ninguém. Precisam tomar alguma providência urgente, antes que o buraco chegue até as nossas casas”, alerta o comerciante.

A moradora em frente à cratera também cobra urgência nas providências.

“Falam que vão mexer nisso só depois que terminarem as obras do centro, mas se essa erosão atingir minha casa ninguém depois vai me dar um saco de cimento para arrumar, o prejuízo vai ser meu. Meu IPTU está todo pago, agora eu quero ver cumprirem suas obrigações”, exige.

 Com o bairro tomado por buracos e crateras, moradores pedem remoção

Sem acesso - Mas não é só o ônibus que tem dificuldade em trafegar pelas ruas. Os moradores relatam que serviços essenciais, como o de coleta do lixo, estão sendo prejudicados.

Nesta manhã, a reportagem do Campo Grande News flagrou um caminhonete F-350 atolada em uma das vias de acesso as residências de dentro do bairro. O veículo de uma loja de materiais de construção estava indo entregar cerca de 40 sacos de cimento a uma residência na esquina das ruas 39 e 31 quando teve o trajeto interrompido.

A caminhonete ficou ao menos 1 hora no local, tentando desatolar o veículo. As rodas traseiras quase que totalmente encobertas pela terra.

Já o caminhoneiro Edson afirma que “em algumas ruas é impossível dirigir”.

“Meu caminhão quase tombou nesse fim de semana em um buraco perto da minha casa. Não tem mais condições de passa carro por aqui”, frisa.

Para a moradora de um bairro vizinho, Elenice Galdino Areva, de 51 anos, o trajeto de bicicleta feito todos os dias para levar e buscar os filhos na escola do Nova Campo Grande está “uma dificuldade”.

“Eu tenho que vir pelas ruas de dentro, sem asfalto, para não ficar tão longe o trajeto, mas quase é difícil passar pela buraqueira. Quando chove então, aí não te condições”, conta.

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