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Capital

Com polêmicas e desencontros, manifestantes podem adiantar protesto

Elverson Cardozo | 19/06/2013 15:19
Manifestantes se reuniram em Campo Grande para definir estratégias do protesto. (Foto: Cleber Gellio)
Manifestantes se reuniram em Campo Grande para definir estratégias do protesto. (Foto: Cleber Gellio)

O dia definido para o protesto de apoio às manifestações nacionais, em Campo Grande, é amanhã (20), a partir das 17h, na Praça do Rádio Clube, mas os participantes tem se desentendido na internet e a passeata, devido a polêmicas e desencontros, pode ser antecipado para hoje (19).

Tudo começou por conta de uma reunião na manhã desta quarta-feira (19). Cinco jovens que organizam a manifestação participaram de um encontro com o comandante da PM (Polícia Militar), coronel Carlos Alberto David. Juntos, eles definiram o trajeto da passeata que promete reunir mais de 30 mil pessoas na Capital.

O itinerário acertado foi o seguinte: saindo da Praça do Rádio, o grupo pretende seguir pela Afonso Pena em direção à Avenida Ceará, chegam até a Ricardo Brandão, se concentram em frente à Câmara de Vereadores, voltam em direção ao Shopping Campo Grande e, depois, retornam ao ponto inicial.

O encontro foi um pedido dos organizadores que protocolaram ofício solicitando apoio da polícia e da Ciptran (Companhia Independente de Polícia de Trânsito) durante a passeata. Ambulâncias Corpo de Bombeiros, do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), agentes da Ciptran e da Agetran (Agência Municipal de Trânsito) vão acompanhar a multidão.

Além do trajeto, também ficou definido que dois trios elétricos serão posicionados no início e no fim da manifestação. 

Desencontro - Tudo, até então, estava acertado, mas os demais envolvidos, que confirmaram presença no evento, começaram a se desentender na rede. Na página do “I ato público de apoio a manifestação nacional” -, alguns se mostram descontes com os cinco jovens que participaram da reunião hoje com o comandante da PM.

Reunião hoje com o comandante da PM. (Foto: Cleber Gellio)
Reunião hoje com o comandante da PM. (Foto: Cleber Gellio)

Desde o início, os organizadores vêm anunciando que o movimento é apartidário e que, por isso, não será aceita a presença de qualquer grupo político na passeata, mas um dos cinco rapazes que participou do encontro hoje, o estudante de direito Ângelo Lorenzo, teria se filiado ao PMDB em maio deste ano.

Uma foto dele, no dia da filiação, já começa a circular nas redes sociais, inclusive, na página do protesto. As críticas foram imediatas. “Não me representa” se tornou uma das frases mais comuns entre os internautas, que já consideram o ato uma “palhaçada”.

“Essa é a verdade, desde o começo. Cabe a nós não nos deixar levar”, escreveu Ióron Mugart. “Já enrolei minha bandeira e risquei meu cartaz faz tempo”, contou Alinny Karen Bachi Rehbein Vilela.

Apesar dos descontentes, teve quem tentou achar um equilíbrio para a situação. Margareth Escobar defendeu: “Gente, olha o foco. Ser filiado a um partido não significa, obrigatoriamente, que seus ideais deixarão de existir. Tem muita gente boa aí lutando pelos direitos dos brasileiros. O que não podemos é vincular nosso movimento a nenhum partido. A luta é do povo, independente da opção política de cada um”.

William Esteves pensa de maneira semelhante. “Se eles forem como cidadãos, acredito que não tem problema. Isso é democracia”.

Ativistas devem sair às ruas ainda hoje. (Foto: Cleber Gellio)
Ativistas devem sair às ruas ainda hoje. (Foto: Cleber Gellio)

O trajeto definido com a polícia também é ponto de divergência. “[...] Esse negócio de falar com a PM antes da manifestação está cheirando a oportunismo. Pedir apoio de Ciptran e PM? Eles vão organizar as ruas e não vai sair manifesto nenhum. Tem que chegar a interditar a cidade, sem aviso prévio, senão, vai parecer que é um bando de gente que foi para lá só para gritar à toa e não vai fazer diferença nenhuma no andamento da rotina da cidade porque a PM e a Ciptran vão se programar, escreveu Rogério Paes Barbosa.

Os trios elétricos também geraram polêmica. O custo é alto, por isso, fica a pergunta: “Quem está bancando?” Além disso, o “recurso” do carro de som não teria sido utilizado em nenhuma outra manifestação pelo Brasil. Porque Campo Grande iria se dar a esse “luxo”?

A polêmica tem desanimado alguns participantes. Outros continuam a encorajar o movimento. Para Gabriel Shinji Kumm, a solução parece simples: “[...] Não vamos deixar [isso] diminuir o movimento. Se tiver bandeira de partido, a gente banda embora, assim como o trio elétrico ou qualquer outra coisa que a gente não [estiver] a favor”.

O vice-presidente do Fórum Municipal de Cultural, Vitor Hugo Samudio, também pediu força. “Não desistam, vamos todos sim, vamos dar um show de cidadania e democracia, essas coisas não vão rolar se não quisermos”.

Diante da situação, um dos organizadores apontados, Thiago Quadros, que não participou da reunião com o coronel Carlos Alberto David, se manifestou publicamente:

“Galera, é o seguinte, acordei com uma enxurrada de ligações e mensagens por inbox. [Quero] deixar bem claro que não estive em coletiva de imprensa, não sou filiado a partido, não sou de direita, não sei nada de trio de elétrico. Entrei nesse manifesto para abraçar uma causa e não, não é uma causa polícia. Meu nome esta nesse evento sim, pois estive aqui fazendo o possível pra divulgar e ajudar para o evento, mais nada, não sou líder de nada, ok?, escreveu, acrescentando que colaborou desde o início para o evento e que não tem nenhuma responsabilidade com o trio elétrico.

“O I ato de apoio ao manifesto nacional de Campo Grande não é meu, é nosso, é de todos. Se vocês não querem trio, não vai ter”, completou.

"Convite" para manifestação nesta quarta-feira. (Foto: Reprodução/Facebook)
"Convite" para manifestação nesta quarta-feira. (Foto: Reprodução/Facebook)

Nova manifestação ? – A explicação, pelo visto, não acalmou os ânimos. No mesmo grupo, alguns se preparam para uma nova mobilização nesta quarta-feira (19).

O jornalista Rudney Ramos Espíndola é um dos que está à frente da iniciativa.

“Vamos para rua hoje. Quem quiser que se junto. A partir das 17h, na Praça do Rádio. A avenida Castelão está tomada e aqui estamos esperando os políticos decidirem com o povo. Me respeita. Sou povo e tenho opinião própria em busca de um Brasil melhor”, escreveu.

Para alguns, terminou a união do movimento. Para outros, os apoiadores, a atitude foi coerente. É esperar para ver.

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