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Capital

Com previsão de frio recorde, dobra busca por vaga no Cetremi

Renan Nucci | 29/06/2014 16:52
Márcio Roberto está nas ruas há mais de 20 anos. (Foto: Pedro Peralta)
Márcio Roberto está nas ruas há mais de 20 anos. (Foto: Pedro Peralta)

A quantidade de pessoas que procuram abrigo no Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento ao Migrante), em Campo Grande, praticamente dobrou nas últimas 48 horas por causa do frio.

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a temperatura mínima registrada neste domingo (29) foi de 9°C, e a previsão para amanhã (30) é que caia até dois graus em um dos dias mais gelados do ano na cidade.

De acordo com a coordenadora do Cetremi, Cleide Rodrigues da Costa, o número de abrigados saltou de 73 para 133, entre sexta-feira e domingo.

“As baixas temperaturas estão fazendo a procura pelos nossos serviços aumentar”, reforçou, embrando que em dias normais, a instituição tem em média 90 vagas ocupadas.

A coordenadora afirma que o Centro mantém três carros transitando por diversas regiões do município, cada um com dois educadores e um motorista, em busca de migrantes e moradores de rua, 24 horas por dia.

“Em época de frio, a gente intensifica as ações e tenta recolher o máximo de pessoas possível, para que elas possam passar a noite bem aquecidas, em local seguro. Outras nos procuram por conta própria”, relatou. Além de abrigo, a entidade também fornece alimentação, assistência social e oportunidade de trabalho temporário junto às secretarias da administração indireta.

Antônio José da Costa perdeu tudo durante enchentes em Santa Catarina. (Foto: Pedro Peralta)
Antônio José da Costa perdeu tudo durante enchentes em Santa Catarina. (Foto: Pedro Peralta)

Dura realidade – Desabrigado há 20 anos Márcio Roberto, de 36 anos, conta que passou a última noite ao relento, e por isso sofreu com as baixas temperaturas. “Eu não cheguei a tempo de participar da triagem para conseguir uma vaga no Centro, e tive que ficar na rua. Dormi mal e passei muito frio, pois tive apenas um cobertor para me aquecer”, relatou.

Neste domingo, ele conseguiu uma cama, se alimentou e disse que está mais tranquilo, pois vai repousar em local adequado. Desempregado, está em busca de oportunidade no mercado de trabalho e sonha em mudar de vida, principalmente por causa da violência.

“Tenho conhecimento na área de construção civil e quero trabalhar. A rua é perigosa e sempre preciso dormir escondido em matas ou outros lugares difíceis de serem encontrados. Esta é a maneira que encontrei para me proteger e evitar o roubo das poucas coisas que tenho, ou que me agridam”, detalhou Roberto, pai de um adolescente de 17 anos que não vê desde que passou a viver na rua.

Em situação semelhante está Antônio José da Costa, de 55 anos, mais um dos vários migrantes que buscam apoio diariamente na Cetremi. Natural de Jaguapitã, interior do Paraná, o homem solteiro relata que duas enchentes destruíram todas as suas coisas. As tragédias ocorreram recentemente no município de Massaranduba, região de Blumenau, em Santa Catarina, onde ele trabalhava como ajudante geral.

Sem rumo, veio tentar a sorte em Mato Grosso do Sul. Antes de chegar a Capital, passou por São Gabriel do Oeste. Antonio tem dois irmãos em Portugal, mas há muito tempo perdeu contato com eles. “Estou em busca de emprego. Não tenho profissão definida, mas aceito qualquer oportunidade. Ainda não sei quanto tempo vou ficar abrigado aqui, por isso, preciso de um trabalho urgente”, completou.

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