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Capital

Conquista de clientes em novos tempos ainda exige carisma e simpatia

Flávia Lima | 30/10/2015 12:56
José Aldo diz que segredo para completar 40 anos na profissão é amor ao público. (Foto:Marcos Ermínio)
José Aldo diz que segredo para completar 40 anos na profissão é amor ao público. (Foto:Marcos Ermínio)
Nelson Benitez diz que categoria tem muito a comemorar com regularização de profissão. (Foto:Divulgação)
Nelson Benitez diz que categoria tem muito a comemorar com regularização de profissão. (Foto:Divulgação)

Quem nunca comprou uma roupa ou sapato seduzido apenas pelo carisma e simpatia do vendedor? Mesmo o artigo estando além do orçamento, se o vendedor souber puxar a conversa na hora certa e perceber o ponto fraco do cliente, a venda está garantida.

Muitos chamam essa tática de “boa lábia”, mas na verdade, convencer um estranho a comprar o produto que você oferece é um dom. Por maior que seja o treinamento em técnicas de vendas, o profissional precisa ter amor e dedicação ao trabalho para enfrentar o mau humor de alguns clientes e até bancar o psicólogo quando o cliente resolve desabafar sobre suas mazelas enquanto experimenta o artigo.

Para comerciários experientes, com mais de 30 anos de contato com o público, a profissão, que tem seu dia comemorado nesta sexta-feira (30), não alterou sua essência, apesar do advento da tecnologia e da mudança no relacionamento entre patrões e empregados.

“Nada substitui o contato pessoal. É preciso ter prazer em realizar um bom atendimento. Ele é quem garante a boa venda tanto para o patrão, quanto para o próprio cliente, que sai satisfeito”, ensina o vice-presidente do Sindicato dos Comerciários da Capital, Nelson Benitez.

Atualmente com 40 mil comerciários na Capital, ele diz que a categoria teve muito a comemorar este ano, com a regulamentação da profissão. “Agora somos reconhecidos perante a população. Isso vai contribuir com nossa qualificação porque atender não só colocar qualquer pessoa em um balcão. É preciso preparo”, afirma.

Em relação aos salários, ele diz que cada região tem liberdade para negociar seu piso, mas nunca viu esse item como empecilho para crescer na profissão, que decidiu abraçar aos 14 anos, quando conquistou o primeiro emprego, em 1974, em uma loja de artigos esportivos da Capital.

“Fiz concursos e tentei mudar de área, mas minha paixão está nas vendas e no contato com o público. Quem é bom vendedor consegue ter boas comissões. Nunca tive problema com isso”, diz.

Hoje aposentado, ele confessa que sente saudades do balcão e quando a vontade de conquistar um cliente aperta, visita os amigos de profissão. Do alto de seus 35 anos de experiência com o público, ele afirma que a impessoalidade entre patrão e empregado é um dos pontos negativos da atual organização empresarial.

“Antes o chefe era como da família. Até as festas eram feitas nas lojas. Hoje o contato é direto com os gerentes, que não passam mais de dois anos em uma loja de grande rede”, lamenta.

Mudanças a parte, ele destaca que o talento para tornar ou manter a fidelidade de um cliente, deve ser lapidado no dia a dia, de forma constante. “Temos que criar vínculos. Apesar das vendas pela internet, essa aproximação com o vendedor é insubstituível”, ensina.

Paixão prematura - A mesma fórmula é aplicada há 40 anos pelo gerenciador de padarias, José Aldo Morell, que também se apaixonou pela profissão aos 12 anos, quando começou a trabalhar no restaurante de um supermercado em Campinas, interior paulista, onde nasceu.

“Desde os nove anos eu já queria trabalhar no comércio. Pedia para o dono de uma quitanda me contratar, mas por causa da minha idade ele recusava”, lembra.

Mas a inquietação e prazer em conversar com o público não o fizeram desistir até conseguir trabalho no setor de panificação de uma grande rede de supermercados. O começo foi difícil, já que não era comum cursos profissionalizantes e o jeito era espiar escondido o caderno de receitas do padeiro e observar atentamente o ofício.

“Naquele tempo quem ensinava costumava perder o emprego. A gente tinha que se virar”, conta. A dedicação o levou a trabalhar em uma grande rede de supermercados. Após sua saída da empresa, recebeu uma oferta de mudança para Campo Grande, onde ajudaria na implantação de lojas de outra grande rede.

Nessa época, chegou a comandar uma equipe de 45 pessoas, durante 17 anos. A saída repentina, há dois anos, não abalou Aldo, que buscou novos desafios. “Não sei ficar parado. Já aposentei, mas se ficar em casa sem fazer nada fico doente”, ressalta.

Há dez meses ele assumiu a gerência do setor de panificação de outra rede da Capital. Apesar de ainda ser uma empresa em expansão, José Aldo encara a missão com o mesmo profissionalismo e responsabilidade que aprendeu nas empresas maiores.

No entanto, o prazer em conquistar novos clientes enquanto ajuda a organizar as gôndolas de produtos, permanece o mesmo. "O segredo é saber ouvir e ter paciência. O comerciário tem um pouco de psicólogo", revela.

“A grande diferença é que aqui somos uma família. Me sinto em casa e o trabalho é mais prazeroso. Não importa o número de pessoas que você trabalha. O que importa é a humildade em ensinar. O trabalho precisa sair perfeito mesmo que você esteja sozinho”, diz.

Para o gerente, essa é a receita do sucesso para o comerciante e funcionários. Aldo lembra que essa semana um cliente o elogiou pela simpatia e por ter antecipado uma fornada de chipas. “Para muita gente isso não tem valor nenhum, só quem tem prazer em servir ao próximo, entende”, conclui.

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