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Capital

Conselho de Saúde alerta para caos nos postos devido a corte de plantões

Flávia Lima | 17/04/2015 18:05
Conselho Municipal de Saúde v~e dificuldade em fechar escalas em postos e UPAs. (Foto:Arquivo Campo Grande News/Marcelo Calazans)
Conselho Municipal de Saúde v~e dificuldade em fechar escalas em postos e UPAs. (Foto:Arquivo Campo Grande News/Marcelo Calazans)

Os membros do Conselho Municipal de Saúde de Campo Grande afirmam que as unidades de Saúde do município estão prestes a viver um cenário de caos que pode começar já neste feriado prolongado devido aos cortes promovidos pela prefeitura nos chamados “plantões eventuais”, realizados por médicos e profissionais da área de Enfermagem. Os cortes, anunciados em fevereiro, começaram a valer nesta quarta-feira, já que a categoria havia conseguido prorrogar a decisão na expectativa de chegar a um acordo com a gestão municipal.

Como não houve entendimento, a redução nos plantões começou a ser obrigatória esta semana. De acordo com as novas regras estabelecidas pela prefeitura, é permitido ao profissional de enfermagem, por exemplo, a realização de dez plantões mensais, enquanto que anteriormente cada profissional realizava até 18 plantões.

“Nossa preocupação é que com a nova escala vamos ter uma redução drástica de enfermeiros no feriado, além de que vai faltar pessoal para completar as escalas até o final do mês”, afirma a conselheira de Saúde, Giane França Alvarez, que representa os trabalhadores do setor de Enfermagem. Ela disse que muitos profissionais já ultrapassaram o número de plantões do mês. “Não podemos obrigar uma pessoa a trabalhar sem remuneração”, diz.

A falta de plantonistas gerou brigas entre pacientes e funcionários, como a ocorrida no posto do bairro Universitário, onde um homem agrediu um guarda municipal após reclamar da demora no atendimento. “O problema é que a pessoa está com dor e não quer ficar esperando muito tempo”, diz o diretor da Mesa Diretora do Conselho, Sebastião Júnior.

Outra preocupação do Conselho Municipal de Saúde é a falta de diálogo com os gestores municipais. Os integrantes reclamam que as decisões tomadas em conjunto nas reuniões não são cumpridas. “Eles (gestores) acabam fazendo o que querem e não sabemos o que é realmente prioridade para eles. Quanto vale uma vida”, questiona Sebastião. Ele lembra que uma lista com sugestão de cortes foi encaminhada à prefeitura há mais de um mês, mas nenhum item foi adotado pela administração.

Entre as sugestões está o corte dos altos salários pagos para cargos comissionados e cortes em setores como a equipe móvel psiquiátrica e na assessoria jurídica, além da descentralização de atendimento do Cempe (Centro Municipal Pediátrico), que faz cerca de seis mil atendimentos mensais a um custo de R$ 2,2 milhões. Já cada UPA atende , em média, 20 pacientes por mês. O investimento em mídia televisiva também foi criticado pelo Conselho.

“A maior demanda de atendimento está nos bairros. Como uma mãe vai pegar três ônibus com um filho doente para ir ao Centro da cidade conseguir atendimento no Cempe”, destaca Sebastião.
Segundo os conselheiros, a descentralização é prevista em normas do SUS e quando não é cumprida acaba prejudicando a população.

O superintendente de saúde, Virgílio Gonçalves, rebate as acusações de que a administração municipal não mantem diálogo com os conselheiros e afirma que uma planilha está sendo elaborada para remanejar pessoal ocioso para os plantões. “A população não será prejudicada de forma alguma. Estamos fazendo uma readequação de escalas pra suprir esses profissionais”, explica.

Ainda conforme Virgílio, a administração irá abrir exceção no caso de alguns profissionais que já extrapolaram os dez plantões para que as escalas sejam cumpridas. “Ainda estamos estudando em quais situações vamos aplicar essa decisão”, ressalta,

Na ocasião da implantação da nova escala de plantões, o superintendente explicou que as alterações são decorrentes de “excesso de plantões sem produtividade”, considerando atendimento médico de 15 a 30 pacientes por plantão. Ele ainda pontuou que profissionais da madrugada devem ser remanejados para reforçar equipes em horários de maior demanda durante o dia, bem como dar continuidade aos trabalhos durante intervalos de troca de turno. A meta da secretaria de Saúde é economizar R$ 5 milhões no setor.

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