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Capital

'Coreia' é mantido a 300 metros da imprensa durante reconstituição

Raio de 300 metros em torno de locais dos trabalhos de reprodução impediram acompanhamento da atividade; Policial rodoviário federal ficou maior parte do tempo 'escondido' dentro de viatura

Rafael Ribeiro | 11/01/2017 11:15
Polícia afastou jornalistas da reconstituição e deixou local sem dar entrevistas após a atividade (Foto: Fernando Antunes)
Polícia afastou jornalistas da reconstituição e deixou local sem dar entrevistas após a atividade (Foto: Fernando Antunes)
Moon, de colete à prova de bala, reiterou que agiu em legítima defesa (Foto: Marcos Ermínio)
Moon, de colete à prova de bala, reiterou que agiu em legítima defesa (Foto: Marcos Ermínio)

Oito ruas fechadas por cerca de três horas em plena manhã de dia útil na região central de Campo Grande mostram a preocupação da Polícia Civil em evitar a proximidade de jornalistas e populares ao policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, durante reconstituição do crime em que é acusado de matar a tiros o empresário Adriano Correia do Nascimento, 33. O trabalho foi feito nesta quarta-feira (11), na Avenida Ernesto Geisel.

O ponto mais próximo de observação dos trabalhos de investigadores, delegados e perícia ficava a cerca de 300 metros de distância. O suficiente apenas para observar Moon vestido com um colete à prova de balas gesticulando, além dos dois amigos de Nascimento que o acompanhavam e sobreviveram.

A distância e falta de informações sobre os trabalhos aconteceram mesmo após o Ministério Público Estadual pedir e conseguir a abertura de um inquérito pela Corregedoria da PM para investigar a conduta dos policiais militares que atenderam a ocorrência, acusados de peculato (desvio de conduta por abuso de confiança pública) e prevaricação (retardar ou não praticar funções por interesse próprio).


Os policiais investigados, aliás, sequer participaram da reprodução, assim como outras testemunhas. Também não recriada a parte derradeira do crime, quando Nascimento, já morto, bate sua Hilux branca em um poste.


Nenhum dos delegados que investiga o caso falou com a imprensa após a atividade, assim como os dois sobreviventes, que deixaram o local em uma viatura. Oficialmente, a Polícia Civil diz que voltará falar novamente somente em coletiva que será realizada na manhã do próximo dia 17. O laudo da reconstituição deverá ficar pronto em até dez dias. 


Devido à reconstituição da morte do empresário, dois trechos da avenida Ernesto Geisel, na região Central de Campo Grande, foram interditados por volta das 5h. Até às 8h20, horário do término dos trabalhos, houve congestionamento nas imediações da via.


Polêmica – Desde o início havia a preocupação de que as investigações pudessem beneficiar Moon, ex-policial civil em São Paulo. No dia dos fatos, mesmo confessando ter feito os disparos, em nenhum momento ele foi algemado, conversou durante todo o tempo com os PMs e ainda discutiu com uma das vítimas. Ainda trocou de roupa no 1º DP (Centro), onde o caso foi registrado, chegando no local devidamente fardado.


Depois, mesmo indiciado em flagrante pelo delegado plantonista, foi liberado menos de 24 horas depois ao ganhar o direito à liberdade provisória. O ato virou motivo de discórdia entre a Ordem dos Advogados do Brasil do Mato Grosso do Sul e a Justiça, com troca de desabafos por meio de notas oficiais.


‘Coreia’, como é conhecido, está preso desde o último dia 5 no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), quando a Justiça voltou atrás da decisão inicial e acatou pedido de prisão preventiva feito pelo MPE-MS. Sua defesa está sob responsabilidade de Renê Siufi, pago por meio de vaquinha entre colegas do PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Crime - Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá (a 419 km de Campo Grande), seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele atirou sete vezes contra a Hilux branca do empresário.

Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Um jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes.

O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo com a presença da PM. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF.

Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas.

Na reconstituição realizada nesta manhã, 'Coreia' repetiu a alegação inicial e ao lado das duas vítimas sobreviventes reiterou ter atirado ao ver que Nascimento tentou lhe atropelar. Pai e filho desmentiram a versão e endossaram que ele não se identificou como policial de forma pacífica em nenhum momento.

A Polícia Civil de Campo Grande investiga o caso como homicídio em inquérito. Ouve testemunhas e as duas vítimas sobreviventes, além de rastrear autores das filmagens e ligações para a Polícia Militar.

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