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Capital

Crianças pediam socorro diariamente e apanhavam por comer, relatam vizinhos

Vinícius Squinelo e Bruno Chaves | 19/12/2013 18:23
Dona de casa e família sofriam agressões todos os dias
Dona de casa e família sofriam agressões todos os dias

O caso do pedreiro que manteve a família por 22 anos em cárcere privado ainda é motivo de medo na rua Alogoinhas, no Jardim Aero Rancho, em Campo Grande. Vizinhos relatam os casos de horrores e os constantes espancamentos feitos por Ângelo da Guarda Borges, 58 anos.

A mulher de Ângelo e mãe de quatro meninos, Cira da Silva, 44, voltou à residência onde ficou presa por mais de duas décadas na tarde desta quinta-feira (19). Acompanhada de um investigador da Polícia Civil e do filho mais velho, de 15 anos, ela recolheu os pertences da família, para levá-los ao abrigo onde deve ficar nos próximos dois meses.

Os moradores da rua ainda temem falar para o caso, mas confessam que ouvia constantemente as violências praticadas por Ângelo. “Toda a vizinhança ouvia as crianças gritando e pedindo socorro, a mulher parecia não chora nem gritar porque era enforcada”, relatou a dona de casa Marilei Goelzeir, 28.

Segundo ela, as crianças, de 15, 13, 11 e 5 anos, viviam com fome, e só eram alimentadas com arroz. Quando eram vistas comendo outra coisa, mesmo as frutas do quintal da residência, eram brutalmente espancadas pelo pai.
“Teve um caso em que o pai comia um salgadinho e quando viu o mais novo comendo também, deu uma surra nele”, lembrou Marilei.

Quando o pai saía de casa para trabalhar, as crianças pulavam o muro e pediam de tudo na vizinhança, de comida a brinquedos. A mãe preparava a alimentação, e tinha que limpar tudo para Ângelo não ver, sob ameaça de sofrer mais agressões.

Socorro – Mesmo sabendo das violências diárias, os vizinhos alegam que tinham medo do pedreiro, por isso não chamavam a polícia, e esperavam “alguém salvar” a família.

“Ele era muito rude, ignorante e dava medo, uma vez subiu com a escada no muro de casa, e me ameaçou com um facão, falando que se cuidasse da vida dele, ele iria se resolver comigo”, contou uma vizinha de 57 anos, que por medo preferiu não se identificar.

A família recebeu convite do pai de Cira, o aposentado Adão Sabino da Silva, para morar com ele, mas ela ainda não se decidiu.

Investigação – Segundo a delegada Molina , que cuida do caso, que a mulher sofria horrores nas mãos do pedreiro. Apesar de ter uma renda de R$ 4 mil por mês, ele mantinha a família em condições subumanas.

Ele batia na esposa e nos filhos com cabo de vassoura e pedaços de pau. Também dava porradas nos familiares.
Em um caso, que chocou a delegada Rosely Molina, Ângelo bateu na esposa com um cabo de vassoura porque ela aceitou um pão da vizinha. O homem não permitia que a família recebesse doações ou presentes de vizinhos, amigos e parentes.

Em outro caso, ao flagrar o filho caçula assistindo televisão, ele pegou o menino e bateu a cabeça dele no aparelho de TV. Segundo a delegada, o pedreiro não gostava que os filhos ou a esposa visse televisão sem sua autorização.
Ângelo foi mais radical em outro episódio. Quando o guri estava com três anos, ele torceu e quebrou o braço da criança.

Para evitar vizinhos, curiosos e até o agente comunitário de saúde, ele colocou um espelho no portão, onde via quem batia palmas ou tentava entrar na casa.

Dos quatro meninos, segundo a delegada, dois, de 13 e 11 anos, estudavam. O mais velho e o mais novo não saiam de casa.

Ângelo negou todas as denúncias em depoimento.S obre as marcas de violência no corpo da mulher, ele atribuiu ao fato “dela ser epilética”. No entanto, a doença foi a defesa apresentada por ele.

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