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Capital

Depois de perder filhos: culpa, choro e medo de crime ser apenas mais um

Aline dos Santos e Mariana Lopes | 03/09/2012 13:00

Relato de pais foi entrecortado por lágrimas e lembranças de seus meninos

Paulo e Rubens: irmãos na dor. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Paulo e Rubens: irmãos na dor. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Unidas pela amizade, as famílias dos universitários vítimas de roubo seguido de morte dividem hoje a mesma dor. Os pais de Breno Luigi Silvestrini de Araújo, de 18 anos, e Leonardo Batista Fernandes, de 19 anos, deram entrevista à imprensa. Já as mães preferiram o silêncio. Lilian Silvestrini, mãe de Breno, se despediu do filho com um relato de gratidão e dor postado no Facebook.

“Que a morte de meu filho e do Leonardo não seja em vão, peçam, incomodem as autoridades para que nenhuma mãe tenha que passar pela pior experiência da minha vida de ter que enterrar o meu amado Breninho, na flor dos seus dezoito anos”, escreveu.

Em coletiva à imprensa, num relato entrecortado por lágrimas, culpa e lembranças de seus meninos, Rubens Silvestrini e Paulo Fernandes falam do temor de o crime ser apenas mais um. “Daqui 30 dias vai cair no esquecimento. Daqui três, cinco anos, os bandidos vão estar soltos, na rua de novo e bem jovens para cometer outros crimes”, afirma Paulo, pai de Leonardo.

Por vezes emocionado, ele conta da angústia vivida na sexta-feira. O filho e o amigo desaparecidos. Enquanto a Pajero em que estavam foi localizada em Corumbá. “Tinha esperança de ter boas notícias. Já perdi meus pais, um irmão, mas perder um filho é a pior dor. Preferia ter perdido uma parte do meu corpo”, diz, em busca de comparação que pudesse transmitir aos ouvintes o tamanho do seu sofrimento.

Pai de Breno, Rubens conta que fica, até mesmo, uma sensação de culpa. “Por que não fiz isso, por que não fiz aquilo”, relata, sobre os dilemas que rondam a cabeça de um pai ao saber que nunca mais verá o filho.

Um alento veio na passeata de ontem, quando duas mil pessoas foram à avenida Afonso Pena para pedir um basta à violência. “Fiquei muito emocionado. Mas será que os jovens estão pensando nisso enquanto fumam, usam droga. Esses crimes fazem parte do tráfico”, questiona Rubens.

Os jovens foram rendidos após saírem do Bar 21, no bairro Miguel Couto. Os assaltantes pretendiam levar a Pajero para “virar” três quilos de cocaína na Bolívia.

Foram presos Dayane Aguirre Clarindo, de 24 anos, o marido dela, Rafael da Costa Silva, de 22 anos, Weverson Gonçalves Feitosa, de 22 anos e Raul Andrade Pinho, de 18 anos. O crime ainda envolveu um adolescente de 17 anos, irmão de Rafael, que dirigiu o carro que os bandidos utilizaram para chegar até as vítimas.

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