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Capital

Em atuação há 12 anos, Abrigo dos Bichos defende de cachorro a onça

Aline dos Santos | 13/09/2013 20:43

Fundado há 12 anos, o Abrigo dos Bichos não faz distinção, atua em prol de cachorro a onça, revelando maus-tratos, falta de políticas públicas e dando voz para quem não pode se defender.

Idealizadora da ONG (Organização Não Governamental), a médica veterinária Maria Lúcia Metello conta que o abrigo nasceu no dia 10 de setembro de 2001, fruto da vontade de fazer valer a Constituição Federal, que dita, no artigo 225, que cabe ao poder público e à coletividade defender e preservar o meio ambiente.

Em tantos anos, foram vários os casos chocantes do tamanho da maldade contra os animais. “Sou dura na queda. Mas chorei em duas situações”, relata Maria Lúcia, que comandou a entidade por 11 anos e, agora, é representante do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal.

Na primeira situação, um cachorro não resistiu ao abandono e a demora em denunciar. “Uma pessoa falou do caso de um cachorro abandonado, uma semana vendo o cachorrinho. Se tivesse tomado uma atitude antes”, rememora.
No segundo caso, o próprio dono entrou em contato, com a justificativa que o animal teria que passar por eutanásia.

Na clínica veterinária, a visão da cachorra provocou susto. “Parecia um trapo sujo. Tinha três anos e pesava uns três quilos, os dentes eram porosos”, conta, sob os efeitos da desnutrição que afligia o animal. A cachorra chegava a ter larvas nos olhos.

Depois de muito tratamento, o animal se recuperou e ganhou um novo lar. A ONG chegou a denunciar o primeiro dono, mas não houve condenação. “A lei é muito branda”, afirma Maria Lúcia, que também é advogada.

Segundo ela, a pena vai de três meses a um ano de cadeia, mas, por ser menos de quatro anos, pode ser substituída por pena restritiva de direito. A briga é para que a pena aumente de dois para seis anos.

No teor das denúncias, chega-se até informações de estupros contra os animais. Mas essas, nunca se conseguem provas.

Tirar do papel – Outra queda de braço é com o poder público. O primeiro capítulo veio em 2006. “Denunciei o Ministério da Saúde por não mandar o kit de diagnóstico para leishmaniose. Estavam matando cachorros sem exames”, afirma.

O tema do tratamento para os cães voltou a ganhar forte repercussão em Campo Grande no ano passado com o caso de Scooby. O cachorro ficou conhecido depois de ser amarrado em uma moto e arrastado do bairro Aero Rancho até o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) pelo dono. Foi diagnosticada leishmaniose, mas ele foi tratado e a Justiça deu aval para que o cão não retornasse ao CCZ.

A entidade também pressionou para criação de leis, mas por outro lado, depende da iniciativa do poder público para tira do papel os conselhos estadual e municipal do bem-estar animal. “Falta vontade política”, enfatiza Maria Lúcia.

Depósito de animais – Em doze anos, o Abrigo dos Bichos teve que mudar a linha de atuação. Em uma chácara, chegou a abrigar 60 cachorros e 60 gatos. Os animais chegavam por denúncias ou eram deixados amarrados nas imediações. 'Vimos que não era a solução. É como combater os focos, sem chegar na origem do incêndio", compara.

A função de salvas as vítimas de maus-tratos e dar-lhes novo lar continua, mas acompanha de uma política voltada para a defesa de todos as animais. As principais bandeiras são: guarda responsável, castração e adoção.

Onça, vaca e circo – Como diz no nome, a entidade defende os bichos. Há alguns anos, levantou o debate sobre o abate de uma onça, que avançava pelo perímetro urbano de Corumbá. Ela recorda que um cachorro do CCZ foi usado como isca para atrair o felino.

“É culpa da onça ou culpa nossa, que tomamos o espaço. A onça precisa de uma área vastíssima”, diz. Já as vacas foram encontradas “morrendo de fome e sede” em uma chácara de Dourados.

No currículo, a entidade também traz os esforços para que a apresentação de animais fossem banidas dos circos. Tanto a lei municipal quanto a estadual têm efetiva aplicação.

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