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Capital

Em meio a alegrias e tristezas moradores da Portelinha se despendem da favela

Eduardo Penedo e Filipe Prado | 04/11/2014 19:53
A aposentada Maria Martins, 75 anos, disse que não conseguiu dormir pela ansiedade de mudar de casa. ( Foto: Marcelo Calazans)
A aposentada Maria Martins, 75 anos, disse que não conseguiu dormir pela ansiedade de mudar de casa. ( Foto: Marcelo Calazans)

Não é só felicidade e alivio que se vê nos rostos dos moradores da favela Portelinha, no Bairro Morada Verde, região norte da Capital, mas também há receio e incerteza. Das 200 famílias que vivem na comunidade, 73 possuem algum problema na documentação e não foram sorteadas no 1° e 2° lote de casas. Elas não querem deixar o local e afirmam não ter para onde ir.

No dia 31 de outubro, a Prefeitura de Campo Grande, em parceira com os governos estadual e Federal, contemplou as famílias que estavam em situação de vulnerabilidade com as chaves de suas casas novas, nos residências Ary Abussaf e Gregório Corrêa, na região norte da Capital.

No caso do carpinteiro João de Castro Sobrinho, 69 anos, a incerteza e o medo estão presentes já que ele não foi contemplado com uma casa e não sabe o que fazer. “Eu morava junto há nove anos com a minha mulher. Nos não éramos casados no papel, mas vivíamos juntos e todos os documentos estavam no nome dela, mas ela morreu ano passado e eu não passei nada para o meu nome”, explica.

Sobrinho comenta ainda que mora na comunidade há três anos e não tem para onde ir se for despejado de lá. ”Não tenho para onde ir. Não sei o que fazer. Quando as outras famílias saírem daqui vão cortar a energia e a água. Não sei o que fazer agora. Já me deram um documento para que eu saia em 24 horas, mas não tenho para onde ir”, lamenta o carpinteiro.

O servente de pedreiro, Uziel Fernandes Dutra, 33 anos, também não está muito feliz, pois não foi contemplado com uma casa, como alguns de seus vizinhos da favela. Ele conta que mora na comunidade há dois anos com a esposa e as duas filhas.

“Eu não fui contemplado. Eu não sei o motivo, pois meu cadastro esta tudo certinho. Eles (prefeitura) queriam me tirar da casa, mas não sai. Meu medo e ficar sem água e luz aqui. Não sei o que fazer”, explica Dutra.

Se para alguns moradores da comunidade a incerteza não os deixa dormir, para outros é a felicidade que os agita. É o caso da aposentada Maria Martins, 75 anos, que foi contemplada e está se mudando hoje para a casa nova. Ela conta que de tanta ansiedade não conseguiu dormir essa noite.

“Eu estou tão feliz que nem consegui dormir essa noite”, diz Maria. A aposentada comenta que mora na comunidade há quatro anos e que lá viveu muitas tristezas. “Agora com a casa nova até parece que nasci de novo”, comemora.

Para o montador de moveis, Laudeir Larrea dos Santos, 34 anos, a felicidade e o medo estão presentes. Feliz por ter sido contemplado no segundo sorteio de casas, mas receoso que cortem a energia e a água da comunidade antes que se mudem para a nova casa.

"Eu moro aqui há três anos com a minha esposa e minhas duas filhas. Eu estou muito feliz por ter ganhado a casa, mas tenho medo de que corte a energia e água ante que saímos daqui”, finaliza Laudeir.

Famílias que não foram contempladas temem por não ter mais moradia.(Foto: Marcelo Calazans)
Famílias que não foram contempladas temem por não ter mais moradia.(Foto: Marcelo Calazans)
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