ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 28º

Capital

Em meio à polêmica, Trad diz que retirar dinheiro de ônibus pode reduzir tarifa

Aline dos Santos e Viviane Oliveira | 18/06/2011 15:53

Mudança divide usuários do transporte coletivo

“Sem dinheiro, vão roubar o quê?”, afirma Trad ao defender mudança. (Foto: Marcelo Victor)
“Sem dinheiro, vão roubar o quê?”, afirma Trad ao defender mudança. (Foto: Marcelo Victor)

Prevista para começar em 26 de agosto, aniversário de Campo Grande, a exigência de que o acesso ao transporte coletivo ocorra somente com o uso do cartão eletrônico abriu polêmica e ganhou neste sábado mais um capítulo.

Favorável à medida, o prefeito Nelsinho Trad (PMDB) afirma que a retirada do dinheiro dos caixas dos veículos pode reduzir a tarifa do transporte coletivo. Para Trad, a mudança vai pôr fim aos assaltos aos ônibus. “Sem dinheiro, vão roubar o quê?”, justifica. Ele não acredita que os passageiros possam se tornar alvos dos ladrões.

De acordo com o diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal do Transporte e Trânsito), Rudel Trindade, a retirada do dinheiro pode influenciar de duas formas no valor da tarifa.

“Com a redução da mão de obra e redução do tempo de embarque. O que permitiria mais viagens com o mesmo ônibus”, afirma. Sem dinheiro nos caixas, os cobradores, que gradualmente foram retirados dos ônibus, perderiam a função.

O diretor da Agetran enfatiza que a tarifa é definida no início o ano e leva em consideração o cenário do momento. Portanto, qualquer alteração na tarifa seria aplicada somente em 2012.

Rudel afirma que vai levar a nova proposta para avaliação do prefeito. A reunião deve ser realizada na próxima semana. Ele explica que, caso vingue, a mudança deve ser aplicada de forma gradual, como no período noturno e em linhas que passem pelos terminais (onde há integração sem pagamento de nova passagem).

A proposta para a retirada do dinheiro dos caixas foi apresentada pelo sindicato dos trabalhadores do transporte coletivo. Só nos cinco primeiro meses deste ano, foram registrados 270 roubos, o que equivale a média de 54 por mês. A mudança tem aval do MPE (Ministério Público Estadual).

Segurança – Superintendente do Procon, Lamartine Ribeiro, explica que há duas análises sobre o tema levando em consideração o Código de Defesa do Consumidor.

“O primeiro é o princípio da segurança nas relações de consumo. O outro princípio diz que não se pode negar nenhum servçio mediante pronto pagamento. Há um conflito de princípios”, salienta.

Contudo, para o Procon deve prevalecer a segurança do consumidor. Neste caso, obtida com o fim da circulação de dinheiro nos caixas.

Divididos – A mudança também divide os usuários do transporte coletivo. O vendedor Wilson Ribeiro Lopes Júnior, de 39 anos, é contra. Ele tem receio de que os passageiros se tornem alvos dos ladrões.

“Isso não vai resolver os problemas de assaltos. Esses dias, um ladrão entrou no ônibus. Como o motorista não tinha dinheiro, ele levou celulares dos passageiros”, afirma.

Para o vendedor, nem todos os usuários precisam ter o cartão eletrônico. “Tem gente, como o meu pai, que só pega ônibus de vez em quando”.

Já coordenadora de telemarketing Mayara Malvezzi, de 23 anos, é favorável à exigência do cartão eletrônico no transporte coletivo.

Segundo ela, além de aumentar a segurança, a nova medida vai agilizar os embarques. “Nos horários de pico, os motoristas se atrapalham na hora de cobrar. É uma mudança positiva”, avalia.

Wilson é contra o fim da circulação de dinheiro nos caixas. (Foto: Simão Nogueira)
Wilson é contra o fim da circulação de dinheiro nos caixas. (Foto: Simão Nogueira)
Mayara é favorável à exigência do cartão eletrônico no transporte coletivo. (Foto: Simão Nogueira)
Mayara é favorável à exigência do cartão eletrônico no transporte coletivo. (Foto: Simão Nogueira)
Nos siga no Google Notícias