ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 20º

Capital

Em nova etapa de mudança, famílias saem de favela para o 'meio do nada'

Ricardo Campos Jr. | 15/03/2016 16:19
Morador começa a carpir lote onde construirá barraco em loteamento (Foto: Alan Nantes)
Morador começa a carpir lote onde construirá barraco em loteamento (Foto: Alan Nantes)
Moradores descarregam mudança (Foto: Alan Nantes)
Moradores descarregam mudança (Foto: Alan Nantes)

A Prefeitura começou nesta terça-feira (15) a remover mais moradores da favela Cidade de Deus. O destino, dessa vez, é o loteamento Bom Retiro, na região da Vila Nasser, norte da cidade, no limite do perímetro urbano de Campo Grande.

Das 84 famílias que devem ir para o local, 17 se mudaram nesta tarde. A felicidade de ter um terreno próprio contrasta com a falta de estrutura, a desorganização da transferência e a distância da nova moradia.

Funcionários do Proinc (Programa de Inclusão Profissional) ajudaram a desmanchar os barracos. Os pertences das pessoas que estavam de mudança foram colocados em caminhões contratados pelo município.

Os moradores embarcaram em três ônibus cedidos pelo Consórcio Guaicurus. O comboio foi escoltado pela Guarda Municipal. A movimentação chamava a atenção pelas ruas. De repente, o asfalto deu lugar à estrada de chão e no local onde parecia acabar a cidade os veículos estacionaram.

Pouco a pouco, as pessoas começavam a conhecer seus novos lares enquanto os funcionários da prefeitura começaram a montar as tendas para a distribuição dos terrenos. O local não estava pronto.

Senhas foram distribuídas e os moradores já sabiam a ordem dos lotes e os fretistas começaram a descarregar a mudança.

Para a manicure Letícia Magalhães, 31 anos, teria sido melhor se o município primeiro tivesse feito o mutirão para construir as casas e depois fizesse a transferência. “Eu não gostei porque não estava preparado e a situação é precária. Eu achei errado virmos para cá sem ter nada. Agora nós ficamos no relento, a ver navios”, afirma.

Ela preferia ter ido para o Vespasiano Martins, junto com os vizinhos levados na primeira fase de transferência. “Lá eu ficaria perto das minhas clientes. Aqui só tem mato”.

A divisão dos moradores da Cidade de Deus, segundo ela, foi feita por sorteio. Assim, teve que deixar para trás a mãe e a irmã, que irão para outra área. “Estou apostando agora nesse mutirão”, afirma.

Mudança dos moradores da favela Cidade de Deus (Foto: Alan Nantes)
Mudança dos moradores da favela Cidade de Deus (Foto: Alan Nantes)

Já o padeiro Thiago Siqueira Caxias, 20 anos, não trocaria o Bom Retiro. “No Vespasiano Martins alaga. Aqui não alagando, já é bom demais, tendo um negócio que é nosso, o resto a gente resolve”, diz otimista.

Ele já conhecia a região e sabia para onde iria. Apesar da certeza do espaço próprio, é difícil esconder os pontos negativos. “É meio difícil. A gente deixou amizade, família. Tem gente que deixou até emprego para vir para cá”, comenta.

Caxias também considerou o processo de mudança desorganizado. “Eu acho que deveria ter uma estrutura melhor para não ficar do jeito que está, Tinha que ser um negócio mais organizado”.

O mecânico Jorge Paredes, 51 anos, trabalha em uma oficina do Trevo Imbirussu, entroncamento das avenidas Bandeirantes, Marechal Deodoro, Manoel da Costa Lima e da Rua Brilhante. “Eu uso bicicleta, agora ficou bem difícil”.

“Achei a transferência desorganizada. Se tivesse como chegar e já cair dentro de um barraquinho, mas não tem nada aqui. Nós estamos desbravando”.

Ele espera que o município forneça materiais para a construção das moradias provisórias, já que do barraco dele na favela só conseguiu salvar quatro vigas de madeira. “O material não aguentou. Desmontei lá e só consegui manter os caibros. Espero pelo menos que tenha uma lona para eu jogar por cima”.

A aposentada Nailda dos Santos Araújo, 55 anos, está contente com a mudança. “Eu vou ter um lugar só meu. Aqui pelo menos eu posso fazer benfeitorias”. Porém, a distância e a falta de noção sobre os espaços públicos mais próximos são dificuldades a serem superadas.

“Eu gostei daqui, mas eu faço tratamento para o pulmão e tenho medo se eu precisar de socorro durante a noite. Aqui está mais para uma fazendinha”.

Cada lote tem rede elétrica e água encanada. Barracos serão erguidos para os moradores se abrigarem até que comece o mutirão para erguer as casas populares, moradias definitivas cujas obras terão a orientação de engenheiros e estagiários.

Confira a galeria de imagens:

  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
Nos siga no Google Notícias