Em pontos críticos da cidade, moradores tentam amenizar alagamentos
Mesmo adaptando as casas para a chuva, moradores estão desacreditados de que a situação possa melhorar
As chuvas dos últimos dias deixaram em alerta moradores de alguns bairros de Campo Grande, considerados críticos por sofrerem constantes alagamentos. O medo dos períodos chuvosos no Verão levou muitas pessoas a apostarem em medidas e improviso para tentar conter a força da água, mas nem sempre é eficaz.
Na rua Tipuana, no bairro Coophatrabalho, onde a chuva do dia 17 de março derrubou os muros de três casas, praticamente todas tem algum tipo de contenção. Placas de alumínio nos portões, canos para escoar a água, calçadas acima do nível normal. Vale tudo na tentativa de amenizar os estragos.
A dona de casa Maria Elza Vera, 62 anos, mora no bairro há 26 anos, e conta que, por causa da chuva, levantou o muro da casa dela sete vezes, mas agora desistiu. “O que eu poderia fazer aqui, já fiz, mas nada resolve”, lamenta.
Quando a chuva cai forte e a água entra na casa, Maria Elza diz que a única coisa que resta a ela é abrir as portas de casa e ir para fora, enquanto espera a chuva passar. “Já perdi máquina, TV, sofá. Desisti de comprar as coisas, vai estragar de novo”, afirma.
A situação de risco quando o tempo fecha fez com que a maioria perdesse a esperança de que a situação possa melhorar. Em muitos lares, a chuva não atingiu apenas os móveis, também abalou o estado psicológico de muitos moradores.
“Perdi tudo”, “Vou comprar novo para que? A próxima chuva vai acabar com tudo de novo”, “É assim há anos, as autoridades não estão preocupadas com a gente”, “Quando começa a ameaçar chuva, fico desesperada”... Essas são as frases mais ouvidas dos moradores.
Na casa de Hercília Arce, 49 anos, no bairro Santo Antônio, as marcas das enxurradas chegam à metade da parede, mostrando até onde a água da chuva chegou. “Quando meus netos estão aqui, coloco eles em cima do beliche”, conta.
Exceto as crianças, todas da casa ficam no molhado, aguardando a chuva parar e a água escoar. “Já peguei hepatite por causa disso”, diz Maria Elza.
Outro ponto da cidade que é bem atingido pela chuva é o bairro Jockey Clube. Na rua das Hortensias, por exemplo, a moradora Jaqueline Tutija, 31 anos, levantou uma mureta na porta da sala, para evitar que água invada a casa, mas mesmo assim sofre com os alagamentos.
Rua – Em outra região da Capital, onde moradores também enfrentam problemas com as chuvas, os estragos estão nas casas e nas ruas. No bairro Maria Parecida Pedrossian, bueiros estão cheios e entupidos com barro, carregado pela água da chuva das ruas de terra.
Uma das ruas mais críticas é a Minerva, que apesar de ser pavimentada, está coberta por barro, sujeira e pedregulhos. “A gente paga IPTU, mas faz tempo que não vejo o asfalto daqui”, reclama a dona de casa Izabel Ciriaco, 57 anos.
Obras - De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, os problemas do bairro Santo Antônio serão resolvidos com a conclusão das obras de drenagem da Júlio de Castilho. Já no Coopahtrabalho, não há previsão para obras.
Sobre a região do Maria Aparecida Pedrossian, onde a principal reclamação dos moradores é a sujeira nas ruas arrastada pela chuva, a assessoria da Prefeitura orienta aos moradores ligarem no telefone 314-3675 e fazer a reclamação, tanto para a limpeza quanto em casa de insuficiência do serviço oferecido pelo órgão.
Nas obras do Plano Diretor de Drenagem estão programadas a construção de galerias e rede de drenagem a partir da Rua Spipe Calarge, na altura da Vila Carlota, descendo pela Progresso, Jardim Paulista, Jardim América, área de impacto do Córrego Cabaça, passando no Parque de Exposição e entrando no Jockey Clube e Marcos Roberto, cortados pelos córregos Cabaça e Areias.
Toda a água pluvial de forma mais regulada, com menor velocidade, será despejada no Anhanduizinho, na altura da Rua Ouro Negro.