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Capital

Em protesto contra o SUS, médicos realizam atendimento modelo em UPA

Francisco Júnior e Paula Vitorino | 25/10/2011 10:55

De acordo o presidente do SinMed-MS, a intenção dos profissionais é mostrar para as autoridades como deve ser realizado o atendimento correto à população caso a remuneração fosse satisfatória

Médico voluntário adere a protesto e realiza atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) Coronel Antonino. (Foto: Simão Nogueira)
Médico voluntário adere a protesto e realiza atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) Coronel Antonino. (Foto: Simão Nogueira)

Em protesto contra a baixa remuneração paga pelo SUS (Sistema Único de Saúde), médicos de Campo Grande fazem na manhã desta terça-feira (25) um atendimento modelo na UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) do bairro Coronel Antonino.

De acordo o presidente do SinMed-MS (Sindicato dos Médicos), Marcos Leite, a intenção dos profissionais é mostrar para as autoridades como deve ser realizado o atendimento correto à população caso a remuneração paga fosse satisfatória.

Segundo ele, o protesto é realizado em 19 Estados, porém, só em Mato Grosso do Sul os médicos optaram por não paralisarem as atividades. “Sendo assim a população não é penalizada”, explica o médico sindicalista. Esta é terceira mobilização promovida pela categoria este ano.

Em dias normais, a unidade conta, por turno, com 4 clínicos gerais e 3 pediatras. Com o protesto, mais 4 médicos reforçam o atendimento no local nesta manhã. A intenção do sindicato era ampliar o quadro de médicos atendendo à população, porém a UPA não conta com salas suficientes.

A unidade é a que realizado o maior número de consultas diárias, cerca de 250.

Conforme o sindicalista, para uma UPA funcionar corretamente, o ideal seria cinco clínicos gerais e três pediatras por turno. “Seria o mínimo para uma UPA funcionar direito”, garante.

Para o sindicalista, o principal motivo para a defasagem no quadro de médicos do município é a baixa remuneração paga para os profissionais. Por conta disso, segundo ele, os profissionais optam pelo atendimento particular. “O salário de um médico do município hoje é de R$ 2,064 por 4 horas diárias. O médico acaba fazendo 40, 60 horas semanais para conseguir um salário bom. Em um consultório entre plano de saúde e consulta particular , ele consegue um salário de R$ 8 mil”, explicou.

Conforme o presidente do sindicato, tramita no congresso um projeto que determina o valor de R$ 7 mil o piso salarial do médico no atendimento feito pelo SUS.

Para a coordenadora das UPAs de Campo Grande, Gislaine Toleto, não é só o salário dos médicos que tem que melhorar, mas também a gestão do SUS e a formação dos profissionais. “Hoje saem muitos especialistas da faculdade e poucos clínicos gerais”, disse.

O pediatra Virgilio Gonçalves conta que atuou como médico pela prefeitura por 13 anos, mas devido à baixa remuneração preferiu pedir afastamento. “É um absurdo não tinha condições de atender pela prefeitura”, reclamou relatando que muito médicos preferem ir para o interior onde terão melhores salários e poderão construir carreira.

Segundo ele, ao invés de valorizar o profissional, a prioridade dos governos é ampliar as estruturas. “Hoje um médico na rede municipal tem estrutura adequada, mas não tem salário adequado, então não adianta nada”, disse.

A dona de casa Elisiane Moreira, 29 anos, aprovou a iniciativa dos médicos. Ela procurou atendimento na UPA na manhã desta terça-feira. “ O que prejudica o atendimento no UPA não é nem a má vontade do médico, mas sim a sobrecarga. Precisa e investimento e maior atenção do governo com esses médicos”, disse.

Para a massoterapeuta Maria Escrivano, 50 anos, o problema está na gestão do SUS. “ Se o SUS conseguisse gerir todo o recurso que recebe, seria o melhor plano de saúde que existe”.

O atendimento reforçado na UPA será realizado durante toda a manhã desta terça-feira.

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