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Capital

Em reunião, catadores reafirmam que não vão participar de cadastramento

Viviane Oliveira e Luciana Brazil | 15/11/2012 16:40
Dezenas de catadores do lixão se reuniram na tarde desta quinta-feira. (Foto: Pedro Peralta)
Dezenas de catadores do lixão se reuniram na tarde desta quinta-feira. (Foto: Pedro Peralta)

Dezenas de catadores do lixão se reuniram na tarde desta quinta-feira (15) com representantes do Consórcio Solurb CG, que venceu a licitação para gestão do lixo em Campo Grande, e com representantes da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) para definir a situação dos trabalhadores após o fechamento do local, que está previsto para a segunda quinzena de dezembro.

O impasse gira em torno do cadastramento, pois muitos relutam em fazê-lo, já que ainda não há uma garantia de emprego determinada pela empresa.

De acordo com o superintendente executivo da Solurb, Élcio Terra, a empresa já sugeriu oportunidades de emprego, mas os trabalhadores não aceitam sair do lixão. "A nossa responsabilidade não é com os catadores, mas estamos tendo uma imensa boa vontade de ajudá-los porque estamos trabalhando com pessoas e por isso queremos que eles continuem com o ganha pão deles".

No dia 21 de novembro começa a funcionar o aterro sanitário, no mesmo local do lixão, que até o Natal deverá ser fechado. A partir daí, não será mais permitida a entrada de catadores no local. Os trabalhadores poderão apenas atuar na UTR (Unidade de Tratamento de Resíduos) que já está sendo instalada em frente ao lixão, no bairro Dom Antônio.

O medo dos trabalhadores é ficar sem trabalho no período da desativação do lixão até a criação da UTR. “Para quem não quiser participar da cooperativa será oferecida a oportunidade de participar de outro serviços, receber cursos de capacitação de pintura e varredura, por exemplo,” afirmou Élcio.

Conforme a diretora do Departamento de Licenciamento e monitoramento ambiental da Semadur, Denise Name, quando  for fechado, o lixão passará por um processo de recuperação.

"Hoje já tem 55 pessoas trabalhando em uma cooperativa, porém o restante que ficou aqui teme não poder trabalhar quando a unidade estiver liberada”, disse.

Segundo Denise, os catadores ainda não entenderam os benefícios da cooperativa. "Eles não entenderam que vão ter benefícios com o emprego, como por exemplo, carteira assinada, férias, aposentadoria, auxilio doença”, destaca.

Se hoje não for definido nada com os catadores, amanhã haverá outra reunião. “Através do cadastramento nós vamos saber quem realmente trabalha no lixão para ser remanejado para a usina”, explica Élcio.

Catadora de lixo há 8 anos, Edna Chaves, 44 anos, disse que tira em torno de R$ 1 mil a 1,2 por mês. Moradora do Dom Antonio Barbosa e com quatro filhos para sustentar, a trabalhadora teme não ter para onde ir depois que o lixão for fechado. “A gente não tem garantia de nada”, reclama.

“O problema não é dinheiro, eu sei que os catadores que foram para a cooperativa estão tirando R$ 500 a cada 15 dias, o medo é que nem todo mundo seja aceito na usina de reciclagem”, finaliza Edna.

A prefeitura havia garantido que a usina estaria em funcionamento até a desativação do lixão, porém esse cronograma não pôde ser cumprido. A UTR só estará em funcionamento daqui três meses.

O investimento feito pela empresa no primeiro ano de gestão é de R$ 45 milhões, sendo que o lucro, em 25 anos, é estimado em R$ 1,3 bilhão.

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