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Capital

Empresa mantém "rotina" apesar da morte de peixes que iam ao Aquário

Ricardo Campos Jr. | 24/06/2015 16:59
Galpões onde peixes estão sendo armazenados (Foto: Marcos Ermínio)
Galpões onde peixes estão sendo armazenados (Foto: Marcos Ermínio)

Mesmo após a morte de 80% dos peixes destinados ao Aquário do Pantanal, a empresa responsável pela quarentena dos animais não fez qualquer tipo de alteração no protocolo de tratamento dos animais para evitar mais perdas. A companhia se recusou a informar se houve mais mortes e mantém o processo de quarentena a sete chaves dentro dos galpões montados no Parque das Nações Indígenas.

O diretor da Anambi, Geraldo Augusto da Silva, deve encaminhar um relatório até a próxima segunda-feira para a Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato grosso do Sul). O documento deve conter números atualizados dos exemplares e detalhes dos cuidados.

“Nós temos um contrato de pesquisa com a Fundect e antes de divulgar os dados temos que apresentá-los para eles”, afirma o gestor.

O Campo Grande News esteve no local durante a tarde desta quarta-feira (24) e não havia biólogos no local, apenas funcionários que cuidam da parte técnica, como a manutenção dos filtros e sistema de aquecimento da água.

Segundo informações apuradas pela reportagem, não foram registradas novas mortes, mesmo com a mudança brusca de temperatura que, segundo relatório elaborado pela empresa, teria sido um dos motivos da perda de exemplares.

Falta expertise - Especialistas da área do aquarismo questionam os motivos que levaram a mortandade de mais de 10 mil peixes. O oceanólogo Hugo Gallo Neto, fundador do Aquário de Ubatuba (SP), que denunciou irregularidades ao MPE (Ministério Público Estadual) suspeita de falta de conhecimento dos responsáveis pelo projeto.

De acordo relatório da Anambi enviado à Fundação no começo de maio, dos exemplares mortos, 80% não resistiram à mudança brusca de temperatura; 10% ao transporte e o restante teria sofrido com doenças causadas por bactérias, fungos, vírus e deficiências nutricionais.

Gallo considerou o documento “muito pobre em informações sobre o sistema de suporte à vida”. Segundo o oceanólogo, o projeto de uma boa quarentena é algo que técnicos especialistas em aquários e sistemas de aquicultura podem desenvolver, “mas com conhecimento sobre as necessidades dos organismos aquáticos em relação aos parâmetros físico-químicos da água, comportamento, espaço, abrigos.”

Para o técnico agrícola e jornalista, Pedro Spindola, outro experiente especialista em peixes, a situação atual do Aquário do Pantanal “é caótica, digna de preocupação e merece providências urgentes, para que o prejuízo não seja maior do que já está ocorrendo”.

Ele acredita que se o Aquário fosse projetado pela iniciativa privada, os órgãos de fiscalização e controle ambiental jamais aprovariam. Ele considera que os peixes foram comprados antes do tempo e que foram confinados em grandes caixas d’água plásticas, com uma lotação superior ao recomendado, sendo alimentados com ração, “configurando-se uma prática absolutamente fora dos padrões técnicos mínimos recomendados”.

Inquérito - O MPE/MS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul), por meio da Promotora de Justiça Luz Marina Borges Maciel Pinheiro, titular da 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente da comarca de Campo Grande, abriu inquérito na semana passada para apurar irregularidades na construção do Aquário do Pantanal, como a morte de mais de 10 mil peixes que estavam na quarentena.

De acordo com o MPE/MS, o objetivo é apurar eventuais irregularidades envolvendo o licenciamento ambiental da obra, a captura, o manejo e a guarda das diversas espécies de peixes destinados à exposição no Aquário do Pantanal.

Laudo - Analistas ambientais do Cepta (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais), órgão integrante do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e com sede em Pirassununga (SP), vieram, nessa semana, a Campo Grande para avaliar a situação dos peixes em quarentena.

Conforme a assessoria de imprensa da Semade (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico), o laudo técnico deve ser entregue na próxima semana e nortear as medidas que serão adotadas pela pasta.

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