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Capital

Escolas municipais voltam a racionar merenda e só servem arroz a alunos

Flávia Lima | 01/12/2015 14:24
Escola Padre Tomaz Guirardelli recebeu uma carga de frango, mas insuficiente para o mês todo.  (Foto:Fernando Antunes)
Escola Padre Tomaz Guirardelli recebeu uma carga de frango, mas insuficiente para o mês todo. (Foto:Fernando Antunes)

A reclamação de alguns fornecedores que alegaram preços defasados, provocou o atraso na entrega de mantimentos utilizados na merenda escolar das escolas da Reme (Rede Municipal de Educação) da Capital. Em alguns estabelecimentos, só está sendo servido arroz. Em outros, somente feijão e farofa. Pais reclamam que falta verdura e carne.

A explicação é da secretária de Educação, Leila Cardoso Machado, que garantiu que dentro de uma semana as entregas de mantimentos, especialmente carnes, será normalizado. Ocorre que alguns fornecedores reclamaram que os preços estavam defasados e exigiram um realinhamento, obrigando a prefeitura e fazer uma nova tomada de preços para autorizar a compra.

"O problema vem da gestão anterior, por isso tivemos que realizar todo o processo de compra de novo. Nós temos o controle do quanto foi entregue em cada unidade e assim que as mercadorias forem sendo entregues, vamos repassar as escolas", afirma Leila.

Segundo a secretária, devido as questões burocráticas, houve demora no recebimento de alguns ítens, por isso os estoques ficaram quase zerados, obrigando as escolas a oferecerem apenas um determinado tipo de alimento.

Foi o que aconteceu na escola municipal Padre Tomaz Ghirardelli, no Bairro Lageado. O cardápio, que há pelo menos dois meses se restringe ao arroz, motivou denúncia de uma leitora do Campo Grande News sobre a falta de mantimentos para a merenda da escola.

No entanto, após publicação da matéria nesta segunda-feira (30), a prefeitura enviou, na manhã desta terça-feira (1), uma caixa de frango congelado para a unidade, que atende 2,8 mil alunos em dois períodos.

No entanto, segundo uma funcionária que preferiu não se identificar, a quantidade será suficiente para atender a demanda apenas por alguns dias e deve acabar em menos de um mês. Como a carne foi entregue por volta das 9 horas, ela conta que não houve tempo hábil para acrescentar o ingrediente na merenda desta terça-feira e os alunos do período da tarde devem comer apenas arroz, assim como ocorreu de manhã.

Além do frango, foi entregue farinha de milho e arroz.  Segundo denúncia da leitora, os primeiros produtos que começaram a faltar na escola foram carne vermelha, frango, macarrão e leite, que passaram a ser substituídos por arroz, feijão e farinha de milho.

Porém, nos últimos dias era servido apenas arroz, já que os demais ingredientes também já havia acabado. A falta de opção tem feito os alunos a recusar a merenda servida. É o caso dos irmãos Larissa e Isabelle Moraes, de 13 e 7 anos, respectivamente e João Pedro Galvão, 10.

De acordo com a estudante Amanda Galvão, irmã das crianças, há dias em que é servido apenas feijão e farinha. Por conta da situação, as crianças não tem feito as refeições mais na escola. "Quando eu estudava aqui tinha carne todo dia. Nunca vi isso", diz Amanda.

O irmão João Pedro conta que alguns colegas ficam sem comer por conta do cardápio empobrecido. "Teve um dia que tinha só um bolo de farofa", reclama.

Na escola municipal Elizeu Ramirez Vieira, no Pênfigo, bairro também próximo ao Lageado, a situação é a mesma. De acordo com funcionárias da unidade, há pelo menos dois meses os mantimentos não são entregues com regularidade e por isso, apenas arroz e feijão são servidos.

Uma das funcionárias disse que nesta terça-feira a prefeitura também enviou uma carga de frango para a escola, mas afirma que será preciso racionar ao máximo o produto para que ele dure, pelo menos, uma semana. "A quantidade que recebemos dá só para dois dias", disse.

Na escola a merenda é servida a 900 alunos que estudam nos períodos matutino e vespertino. As refeições são oferecidas às 8 e 14 horas. Como o cardápio está defasado, as funcionárias contam que a maioria prefere levar o lanche de casa ou ficam sem comer, já que nem todos têm condições financeiras de providenciar a merenda caseira todos os dias.

"É uma situação triste, mas fazer o que?", questiona uma das servidoras. Segundo funcionárias ouvidas pelo Campo Grande News, muitas crianças do bairro que frequentam as duas escolas contam com essa alimentação, já que residem em uma das regiões mais carentes da Capital.

A secretária de Educação ressaltou que a Cecom (Central de Compras) já está providenciando os mantimentos, que já estão sendo entregues. "Temos uma logística, por isso acontece de alguma unidade demorar mais para receber, mas conforme os produtos forem chegando já vamos repassar", conclui.

Esta é a segunda crise

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