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Capital

Especialistas vêem retrocesso em política pública e denunciam falta de leitos

Lidiane Kober | 22/06/2014 17:35

Na 16ª Semana Nacional Antidrogas, especialistas acusam retrocesso nas políticas públicas de combate ao uso de entorpecentes e denunciam a falta de leitos para internar dependentes, considerados perigosos à sociedade e a si. Em Campo Grande, por exemplo, a rede pública disponibiliza no máximo 12 leitos, enquanto especialistas estimam milhares de usuários.

“Hoje, há uma permissividade muito grande da sociedade. Praças públicas estão cheias de drogados e o consumo só vem aumentando. Entidades, estimam que 1% da população é usuária de crack e o consumo de maconha é duas, três ou até quatro vezes maior”, disse o psiquiatra Marcos Estevão Moura.

Presidente do Conselho Estadual Antidrogas, o promotor de Justiça Sergio Fernando Harfouche também avalia que “ uso se tornou quase que tolerável”, resultado de políticas públicas erradas. Para ele, tudo começou com o fim da carceragem dos dependentes químicos, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Entenderam que não adianta prender, que tem que tratar”, lembrou sobre a época da decisão. O problema, segundo o promotor, se agravou com o fim da possibilidade de a Justiça obrigar o tratamento. “Não se pode esperar que o usuário queira se tratar, ele é doente, tanto que a lei o isenta se cometer crime”, frisou.

Ao mesmo tempo, conforme Harfouche, o Conselho Federal de Psicologia fechou 90% dos leitos de tratamento, com a alegação de se tratar de “depósitos de loucos, com pessoas dopadas”. “Agora, estão querendo legalizar”, criticou. “Isso é um oportunismo nefasto, nojento”, completou.

Questionado sobre para quem as famílias devem pedir socorro, o promotor reconheceu a dificuldade de quem “não tem R$ 10 mil para pagar clínica particular”. “A família fica com o drogado dentro de casa e morre junto com ele. Só por Deus mesmo”, afirmou.

No meio da dificuldade, ele incentiva a sociedade a exigir políticas públicas eficazes. “A nossa briga é chamar a população para a reflexão”, finalizou.

Desde 1998 atuando no tratamento dependentes em clínica especializada, Marcos Estevão Moura defende mais investimento em educação. “Precisamos capacitar o professores para educar desde o maternal a fim de mostrar a droga, como mostro da catapora, do HIV, da coqueluche”, sugeriu.

Perfil - De acordo com ele, em Campo Grande a realidade é a mesma de outras cidades, com o uso principalmente de cocaína, pasta base, crack e maconha. O que mais leva a internação, segundo o psiquiatra não é a última, porém, ele a considera a mais preocupante.

“O que mais preocupa é a disseminação a maconha, situação agravada diante da possibilidade de legalização”, comentou. “Além de ser a porta de entrada do mundo do vício, ela diminui a produtividade, o intelecto. Basta ver uma pessoa que começou a fumar aos 18 anos, aos 40 ela continua com a mesma vida, sem crescimento nenhum”, completou.

Sobre as outras drogas, o psiquiatra alerta para o risco de entrar no mundo do crime. “Sem dinheiro para comprar o entorpecente, a pessoa termina se dirigindo aos crimes”, disse. Neste caso, ele vê risco à sociedade e ao próprio usuário, situação de internação.

Nesta hipótese, o dependente precisa de leito hospitalar para desintoxicar por pelo menos 30 dias. “Na Capital, temos 12 públicos e 30 particulares”, informou. Depois, o Marcos ainda destaca a necessidade de acompanhamento psicológico, outros ponto que o Poder Público deixa a desejar e muito.

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