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Capital

Espera de meses por casa termina e famílias da Cidade de Deus mudam para lotes

Paula Maciulevicius | 06/01/2012 20:11
“Eu fiquei feliz, porque é a minha casa. Aconteça o que acontecer, não vamos sair daqui”. (Foto: Simão Nogueira)
“Eu fiquei feliz, porque é a minha casa. Aconteça o que acontecer, não vamos sair daqui”. (Foto: Simão Nogueira)

Na Cidade de Deus no bairro Dom Antônio Barbosa, a mãe Andriela Rocha Gregório, 24 anos, personagem já apresentada em matérias do Campo Grande News pode trocar o desespero de não poder responder à filha o que a menina ganharia de presente de aniversário de 6 anos por uma boa notícia.

O ar de satisfação em dizer de boca cheia, enquanto erguia o barraco no terreno que agora pertence à família quase não cabia em Andriela. “Aqui ninguém vai chegar para tirar nós, com fé em Deus não minha filha”.

A frase saiu do coração de uma mãe que até ontem morava em um barraco em área invadida na Cidade de Deus, para uma criança de 6 anos, que viveu o medo de ver a casa desmoronada a qualquer momento por quase um ano.

Em dezembro do ano passado, Andriela abriu o barraco onde morava para o Campo Grande News e compartilhou o único desejo de Natal, que a chuva presenteasse a ceia da família com ausência.

O barraco continua o mesmo, pelo menos por um mês - prazo que ela tem para devolver as tábuas emprestadas de um vizinho - só que agora está em outro endereço. Com quadra e lote numerados e devidamente escritos na declaração da Emha que ela ostenta com tanto orgulho.

“Eu fiquei feliz, porque é a minha casa, está tudo pago. Aconteça o que acontecer, não vamos sair daqui”, diz sorrindo.

Ao menos 13 famílias estão no processo de mudança. Da área invadida para lotes legalizados. (Foto: Simão Nogueira)
Ao menos 13 famílias estão no processo de mudança. Da área invadida para lotes legalizados. (Foto: Simão Nogueira)

Andriela está entre as 13 famílias que trocaram a área invadida por lotes de 10x20 metros. O local ainda sem endereço fixo tem apenas como indicação a rua João Alves Pereira, que dá acesso ao terreno.

Ainda sem água e luz as casas erguidas pouco a pouco só vão ter instalação depois que a prefeitura oficializar os lotes, informação repassada pelos próprios moradores.

A maioria daquelas famílias tiram o sustento do lixão e dos benefícios de programas sociais do governo. O relato dos chefes de família, grande parte mulheres, é de que sair para trabalhar traz o risco de voltar e não encontrar nada em casa.

“Lá os vizinhos até cuidavam, mas aqui enquanto não fizermos casa mesmo, não dá. Precisa ter segurança, eles entram e roubam mesmo”, diz Andriela.

Na região onde dezenas de famílias que foram aos poucos se mudando para casas e terrenos da Emha estavam, ao menos 10 famílias já armaram casa. A Emha pretende entrar com pedido de reintegração de posse, para evitar novas invasões.

Nesta semana que se encerra a Cidade de Deus foi palco de mais uma desocupação, justamente de famílias não cadastradas em programas habitacionais que acabavam de levantar barracos.

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