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Capital

Esperança de ter um "canto" para morar motiva famílias a invadir área pública

Paula Vitorino | 08/06/2011 12:23

Reintegação de posse de terreno nas Moreninhas aconteceu nesta manhã

Com filho de 7 dias no colo, mãe lamenta desocupação. (Fotos: Simão Nogueira)
Com filho de 7 dias no colo, mãe lamenta desocupação. (Fotos: Simão Nogueira)
Móveis foram retirados de casa.
Móveis foram retirados de casa.

Sem destino certo, as cerca de 150 famílias retiradas da área pública no bairro Moreninhas 3 contam histórias diferentes, mas com o sonho de um “canto” para morar em comum. Há cerca de dois meses os moradores haviam ocupado o terreno, onde segundo eles, trabalhavam na horta há vários anos. Nesta manhã foi cumprido o mandado de reintegração de posse.

Com o filho de 7 dias no colo, Dayane de Lima, de 22 anos, ajudava a desmanchar a pequena casa de folha de madeirite e carregar os poucos móveis para o caminhão de mudança.

Ela, o marido e os dois filhos, de 6 anos e 7 dias, foram morar no terreno após uma esperança de ter uma casa própria, sem precisar dividir o espaço com outros familiares. A mãe da jovem, que já morava na área, foi uma das regularizadas pela Emha com o cadastro feito no local para 65 famílias, em março.

“Aí viemos morar no terreno ao lado da minha mãe, achamos que também íamos conseguir ser regularizados aqui”, diz.

No entanto, Dayane admite que já sabia do aviso da Emha sobre não aceitar moradores novos no terreno. Mas construir a casa no local foi a opção encontrada para ter um prédio próprio.

“Foi o que tínhamos. E agora só restaram dívidas do que nós compramos para construir aqui”, conta.

A jovem revela que um terreno na região não é comprado por menos de R$ 10 mil e a renda da família, sustentada pelo marido auxiliar de mecânico, não é suficiente para adquirir. “Aqui fomos construindo aos poucos. Íamos poder melhorar nossa casinha”, diz.

Para a jovem e os familiares, a desocupação nesta manhã foi uma surpresa. “Não esperava que iam já chegar assim. Ontem ouvimos o boato da reintegração de posse e hoje já chegaram com os caminhões”, relata.

As madeiras da casa e os objetos da família devem ser levados novamente para a casa da sogra, onde Dayane vivia provisoriamente desde que se casou.

Moradora chora sem ter para onde ir.
Moradora chora sem ter para onde ir.

A costureira Edelise Dias Lopes, de 30 anos, também viu a casa ser desmontada e, desesperada, chorou pedindo um “canto” para ficar.

“Vou ter que enfiar minhas coisas na casa da minha irmã. A gente só queria um canto para morar e o direito de ficar no terreno que trabalhávamos na horta, assim como as famílias cadastradas”, diz.

A revolta da moradora é o cadastramento de apenas 65 famílias do local, que já eram moradores antigos. Essas famílias puderam continuar no terreno e estão cadastradas para receber casas do programa da Emha.

Cadastro - Enquanto a retirada das famílias era feita, os nomes dos desalojadas foram cadastrados para citação judicial no processo de reintegração de posse, do juiz Ricardo Galbiati da 2ª Vara de Fazenda Pública. Com isso, os moradores que se sentirem com os direitos prejudicados poderão acionar a defensoria pública e entrar com ação judicial.

Os funcionários da Emha, que acompanharam a retirada das famílias, ainda orientaram os moradores a procurar o órgão para fazer o cadastramento e concorrer a uma das casas do programa público.

No terreno ocupado serão construídas 486 casas populares para atender a demanda da região. Segundo o presidente da Emha, Paulo Matos, serão investidos R$ 24 milhões na construção das casas, pavimentação asfáltica, implantação da rede de água, esgoto e energia, além de equipamentos urbanos como praças, creches e escola.

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