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Capital

Ex-prefeito, servidores e ‘clã Amorim’ são indiciados por desviar dinheiro

PF concluiu investigação sobre obra do aterro sanitário e indiciou 12 pessoas

Anahi Zurutuza | 27/10/2016 07:29
Antigo lixão de Campo Grande, substituído pelo aterro sanitário (Foto: Arquivo)
Antigo lixão de Campo Grande, substituído pelo aterro sanitário (Foto: Arquivo)

O ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, PTB, o empresário João Amorim, a mulher e as filhas dele, o dono da Anfer Construções e Comércio Ltda., Antonio Fernando de Araújo Garcia, além de servidores da Prefeitura de Campo Grande são os acusados pela Polícia Federal de desviar dinheiro da obra do aterro sanitário de Campo Grande. Ao todo, são 12 pessoas indiciadas.

A PF encerrou inquérito no dia 21 deste mês e divulgou nesta terça-feira (25) que encaminhou o resultado da investigação para que a Procuradoria Regional da República tome as próximas providências. A reportagem teve acesso à lista de denunciados.

Nelsinho, “Amorim e companhia” e dois dos servidores municipais que estariam envolvidos no esquema ilegal para lucrar com a obra do aterro também são alvos da Operação Lama Asfáltica.

O ex-prefeito, o ex-secretário de Obras na gestão de Trad, João Antônio De Marco, e o ex-diretor da Central de Compras e Licitações, Bertholdo Figueiró Filho, já tiveram os bens bloqueados pela Justiça para garantir o ressarcimento dos cofres públicos. A medida foi uma das consequências da força-tarefa.

Além de De Marco e Figueiró, o engenheiro da prefeitura, Taner Logo Casal Batista, também foi indiciado.

João Amorim, que foi apontado como líder de esquema criminoso (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
João Amorim, que foi apontado como líder de esquema criminoso (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Elza Cristina após prestar depoimento no Gaeco em setembro de 2015 (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Elza Cristina após prestar depoimento no Gaeco em setembro de 2015 (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

‘Clã Amorim’ – João Alberto Krampe Amorim dos Santos é o dono da Proteco Construções, empresa que, segundo apurou a equipe da Lama Asfáltica, superfaturava obras para desviar recursos. Além dele, a mulher Tereza Cristina Pedrossian Cortada Amorim, o genro Luciano Portrich Dolzan, e as três filhas – Ana Paula, Ana Lucia e Renata – estão na lista da PF encaminhada ao MPF (Ministério Público Federal).

Elza Cristina Araújo dos Santos, braço direito do empreiteiro, também foi indiciada.

Em maio deste ano, na segunda fase da operação, batizada de Fazendas da Lama, a PF levou para a prisão Amorim, a sócia e as filhas. A força-tarefa apontou que parte do dinheiro desviado de obras executadas pela empreiteira de Amorim em Mato Grosso do Sul foi “lavado” na compra de 26 fazendas no Estado, daí o nome dado a esta etapa da operação.

Indiciamento – Quatro anos depois do início da operação do aterro sanitário, a Polícia Federal concluiu inquérito que investigava irregularidades na obra. Para a PF, os 12 indiciados praticaram crimes de corrupção, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

A contratação do consórcio CG Solurb também foi considerada ilegal pela PF.

Outro lado – Nelsinho disse à reportagem que ainda não tomou conhecimento sobre as acusações feitas pela PF, mas que não se preocupa. “Tenho a convicção que o juiz não vai receber denúncia nenhuma e quem julga não é a PF”.

As supostas irregularidades na construção do depósito de lixo já motivaram ação civil pública do MPF contra o ex-prefeito, a Anfer, empresários e secretários por improbidade administrativa justamente por direcionamento e fraude em licitação, superfaturamento e autorização ilegal de uso do aterro sanitário.

Contudo, no dia 2 de junho de 2016, a Terceira Turma do TRF-3, por unanimidade, julgou procedente um agravo de instrumento contra a decisão que recebeu a inicial. Ou seja, a Justiça decidiu pela extinção da denúncia.

“Além de ausente qualquer indício de dolo [intenção de praticar improbidade administrativa], não há indício de prejuízo ao erário”, destacou na época o relator do processo, o desembargador federal Nery Júnior.

“Eu já fui inocentado”, reforçou Nelsinho.

Benedicto Arthur de Figueiredo Neto, advogado de João Amorim e família, informou que a defesa não vai se manifestar sobre o assunto pois o inquérito tramita em sigilo. A reportagem não conseguiu contato com os outros citados.

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