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Capital

Família paga táxi e roda 160km em busca de um asilo para idosa

Aliny Mary Dias | 02/11/2013 12:34
Maria Sueli espera solução para ter um lar provisório (Foto: Marcos Ermínio)
Maria Sueli espera solução para ter um lar provisório (Foto: Marcos Ermínio)

A falta de informação e o drama vivido por quem chega à terceira idade com a saúde fragilizada tiveram um novo capítulo na manhã deste sábado (1º) em Campo Grande. Tudo porque uma família de Maracaju viajou mais de 160 quilômetros em um táxi em busca de uma vaga em algum asilo ou casa de repouso para a idosa Maria Sueli, 72 anos.

O casal Del Rosário Gomes, 35, e Maria ângela de Oliveira, 38, vive em uma fazenda localizada há 40 quilômetros de Maracaju. Além da filha de 3 anos, a mãe de Maria, de 72 anos, também vive com o casal na zona rural da cidade.

Segundo os relatos do casal, a rotina da família sempre foi como a de outras que vivem em chácaras e fazendas do interior do Estado: simples. Tudo mudou há 20 dias quando a idosa sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e parte dos movimentos do corpo ficou comprometida.

Maria Sueli ficou dependente da filha e do genro o dia todo. Para se alimentar, tomar banho e ir ao banheiro, por exemplo, a idosa precisa estar acompanhada. Diante da situação, o casal que trabalha na cozinha de uma fazenda da cidade não teve outra alternativa a não ser encontrar um lar temporário até que Maria Sueli recupere parte dos movimentos.

“Não tem ninguém abandonando a minha sogra, nós estamos sofrendo com isso. Fizemos muitas dívidas no hospital e agora precisamos trabalhar. Queremos encontrar um lugar para ela ficar até que ela volte a ter os movimentos”, explica o genro Del Rosário.

Família se revolta com descaso da Prefeitura de Maracaju (Foto: Marcos Ermínio)
Família se revolta com descaso da Prefeitura de Maracaju (Foto: Marcos Ermínio)

Há uma semana, o casal decidiu que levaria Maria para um lar provisório. A primeira alternativa foi um asilo público de Maracaju, mas a informação repassada dava conta de que a vaga não apareceria tão cedo. “No asilo nos falaram que não tinha vaga e não tinha saída”, conta a filha Maria Ângela.

Desesperada, a família procurou uma assistente social de Maracaju, mas o despreparo da servidora foi um dos fatores que agravou a situação. “Ela só falou pra gente que não tinha onde colocar e falou que a gente teria que se virar”, conta Del.

Com dívidas e sem ter como parar de trabalhar para cuidar da idosa, a família pegou R$ 210 emprestados do dono da fazenda e veio para Campo Grande em um táxi. Com dores no corpo, Maria Sueli passou mal durante todo o trajeto.

O casal chegou em Campo Grande na noite de ontem (1º), dormiu na casa de um parente e começou a saga em busca de um asilo na manhã de hoje (2). No asilo São João Bosco, a informação repassada foi de que qualquer entrada de idoso só aconteceria na segunda-feira.

Com a hora marcada para voltar para Maracaju, o casal decidiu bater de porta em porta nas casas de repouso da capital. O único detalhe é que a família de Maracaju não fazia ideia do valor cobrado pelo serviço. “Nós só temos a aposentadoria dela para custear, chegamos aqui e encontramos lugares por R$ 2, R$ 3 e até R$ 5 mil. Estamos desesperados, não temos condições de pagar isso”, desabafa o genro.

Rosângela é proprietária de casa de repouso e decidiu ajudar família (Foto: Marcos Ermínio)
Rosângela é proprietária de casa de repouso e decidiu ajudar família (Foto: Marcos Ermínio)

A saga da família chegou até o lar comandado por Rosângela Calado, 33, que se revoltou com o descaso por parte da Prefeitura de Maracaju e decidiu dar um fim à peregrinação do casal.

Em contato com a Secretaria de Assistência Social da Capital, Thaís Helena, e depois com o Secretário de Governo de Maracaju, Frederico Felini, a situação, aparentemente, parece que terá um desfecho positivo.

“O secretário de Maracaju me disse que desconhecia a situação que vai providenciar um carro para buscar a família. Eu vou ficar com eles aqui até que essa situação seja resolvida, já que eles precisam voltar amanhã para Maracaju”, explica.

Enquanto aguarda uma definição por parte da prefeitura da cidade, o casal se emociona ao relembrar do drama vivido há 20 dias. “Nós só queremos que ela fique bem. Queremos que ela fique curada e que volte para a casa”, desabafa Maria Ângela.

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